Os dois eram do mesmo circo e eram muito amigos.
O anão se chamava Ananias e o gigante Gilson, mas era mesmo "o Gigante".
Todos os colegas do circo chamavam o anão pelo nome porque havia outros anões e anãs na troupe.
Como bons amigos desabafam suas tristezas e frustrações bem como seus desejos mais íntimos um com o outro.
- Ah, Ananias, que bom seria se eu não tivesse crescido tanto assim - suspirava o Gigante.
- Sim, Gilsão, já eu queria ter crescido uns 20 cm mais... já pensou se pudéssemos ter feito uma troca genética?! - gracejou Ananias.
- Puxa vida, não tinha pensado nisso! - exclamou Gigante - levando a sério o gracejo do amigo anão.
- Nem pensar, Gilsão! Foi só um chiste meu - explicou, pacientemente, Ananias.
- Não custa sonhar! quem sabe um dia...
- Gilsão, aqui entre nós, isso de crescer sem parar é coisa de economista, que só pensa naquilo!
- Naquilo, o quê?
- No PIB, Gilsão, no PIB...
- Sendo assim, tu é um PIBinho - brincou o Gigante, aproveitando a deixa.
- Que seja, mas tu é um PIBão e não é feliz com ele... - devolveu o anão Ananias.
Não restou alternativa para Gigante, a não ser concordar com o anão e, ainda, arrematar a conversa:
- Mas que seria uma felicidade interna bruta se eu tivesse um decrescimento, ah, isso seria!
Porto Alegre, 27 de dezembro de 2021.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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