Um cavalo puro-sangue passeava com seu altivo cavaleiro em uma estrada rural.
Ao chegarem a uma estalagem, o cavalo foi obrigado a ficar com um burro na estrebaria.
O cavalo relinchou alto em protesto contra o que considerou uma companhia que não estava à altura de sua posição social.
- Mantenha distância, sua besta de carga, como ousas frequentar o mesmo lugar de um cavalo de alta linhagem como eu?!
O humilde burro pediu vênia por lembrar que chegara antes na estrebaria, mas emendou:
- Como diz o velho ditado: os incomodados que se retirem...e o portão é serventia da estrebaria...
- Como te atreves a dirigir-me palavras tão vulgares, sua alimária repulsiva?!
O burro que já espera a reação do cavalo mexeu as orelhas, divertido, e retrucou:
- Alimária, que seja, mas não esqueças que estamos na mesma estrebaria...
- E daí, o que isso tem a ver?! - coiceou o cavalo, furioso.
- Só para constar, meu caro, sou um burro velho e conheço muitos cavalos de raça.
Ora, isso não te dá o direito de ser tão desrespeitoso para comigo!
O burro velho encerrou a discussão, zurrando:
- Tu não gostas de mim mas a sua mãe gosta, e a propósito, recomendaçãos a ela e à sua meia-irmã!
Moral da fábula: em uma democracia racial todos tem os mesmos direitos.
Porto Alegre, 17 de janeiro de 2022.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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