Camarão sempre se considerou um bichinho enjoado.
Todo jantar chique lá estava ele apresentado na forma de coquetel, salada ou molho.
No fundo do mar só queria conversa com a Lagosta, a Ostra e o Linguado.
Afinal, não iria se misturar com essa "arraia-miúda"...
Numa dessas boca-livres ficou mal-falado.
Todos os frutos do mar cochichavam entre si: - o Camarão virou comunista.
- O Camarão ficou ainda mais vermelho, mas boca-de-siri, pediu o siri para o polvo.
O Polvo, para demonstrar todo o seu alvoroço, moveu todos os tentáculos.
- Camarão vermelho, vá lá, agora Lula como prato principal já é demais!
- Temos que acabar com essa polarização! - sentenciou a Traíra, tentando se aproveitar da situação.
O oportunismo da Traíra pegou muito mal, os frutos do mar se indignaram e queriam partir para as vias de fato.
O que parecia ser o começo de mais uma tragédia no fundo mar foi solucionado pela Lula.
- O que é isso, companheiro? Vamos todos fazer uma "paella", mas sem a Traíra, que não é fruto do mar, nem flor que se cheire.
E completou o cardápio como um chefe reconhecido: - e a sobremesa vai ser picolé de chuchu!
Moral da fábula: quando acaba a conciliação vem a reconciliação de classes.
Porto Alegre, 9 de janeiro de 2022.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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