O menino do interior nunca vira o mar.
Ao subir a duna alta deparou com aquela imensidão estrondosa.
Já ouvira o rumor do mar sem ter ideia da sua dimensão oceânica.
Foi mesmo impressionante...
Ficou parado, esperando a mãe chegar.
- Manhê, como é grande o mar!
- Sim, meu filho, o mar é grande e salgado pelas tantas lágrimas derramadas pelos homens, mulheres e crianças que se afogaram nele.
O menino estremeceu.
- Como assim, mãe?!1 - perguntou assustado.
- É que foram muitos os que morreram no mar, por isso não vai no fundo.
Quando o menino entrou no mar pela primeira vez foi com medo, não do mar, mas com o medo da mãe.
Quando saiu do mar já não era o mesmo. Saiu velho como o homem, porque o mar tem história, e quem nele entra não volta mais o mesmo...
Porto Alegre, 5 de janeiro de 2022.
Imagem: Carol Carmichael, Pinterest
Edu Cezimbra
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