"Bom garfo", eis uma expressão que não se aplicava ao guri baixinho e franzino.
"Formigão" sim. Atacava com regularidade o baleiro e as caixas de bombom e chocolate do bolicho do pai.
Lógico que não tinha fome.
Era um "mau garfo"...
Chegava ao ponto de jogar a comida do seu prato na "lavagem" dos porcos.
Gostava de beterraba cozida da salada porque era doce.
Leite só condensado.
Refeição pra ele era o chocolate.
Não era um "bom garfo" até que o pai vendeu o bolicho e o adolescente foi estudar em outra cidade.
Não sabe se a privação dos doces ou a explosão hormonal, o fato foi que de um dia pro outro começou a ter uma "fome canina".
Não havia feijão e arroz que chegasse.
A dona da pensão onde comia tinha que servir tigelas e mais tigelas de feijão e arroz para saciar a fome do seu, agora, esfomeado mensalista.
O guri magrinho engordou, prestou o serviço militar obrigatório e pegou corpo.
Só não perdeu o gosto para o chocolate que come com relativa moderação...
Porto Alegre, 9 de março de 2022.
Imagem:Pinterest
.Edu Cezimbra
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