A gurizada da zona aprendeu com os mais velhos que a pavimentação da rua onde brincavam era "o calçamento".
Foi o acontecimento do ano para a piazada.
As obras para o calçamento da rua onde moravam eram feitas com muitas mãos.
Não faltava mão de obra para ir calçando as pedras de arenito, lado a lado, sob a "supervisão" das crianças.
Os montes de areia e de paralelepípedos eram perfeitos para os brinquedos de rua.
Esperavam "bem-comportados", sentados nos degraus do bolicho o final de mais um dia de serviço para tomarem conta do material à disposição.
No outro dia, vinha a bronca do chefe do pessoal reclamando da areia e das pedras espalhadas durante a brincadeiras.
De fato, para guris de cidade do interior, aquela areia toda era a nossa praia.
Os paralelepípedos, felizmente, eram grandes e pesados para as mãos pequenas, mas, mesmo assim, os castelos de pedra se erguiam ao pôr do sol.
Depois de finalizadas as obras de calçamento da rua viam-se donas de casa felizes com a ausência da "polvadeira" e do "barral" em dias de chuva.
Os bolicheiros, açougueiros e outros comerciantes também se regozijavam pois seus negócios, agora com a rua calçada, eram mais prestigiados.
Uma lástima que estes calçamentos foram depois cobertos por asfalto, escondendo tantas histórias e impermeabilizando as ruas para as águas da chuva e das memórias da infância...
O calçamento, agora, só me aparece em sonho, como o de ontem, em que ajudava com minha companheira atual a calçar a calçada da rua da minha infância!
Porto Alegre, 4 de março de 2022.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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