Um homem vira
cachorro de outro. Anda de quatro, late, usa coleira, bota a cabeça
para ganhar afagos do dono. Pode parecer uma fantasia sexual mas
aconteceu em um campo de concentração nazista.
Quando seu “dono”,
um oficial da SS se mata, na derrota alemã, o “cachorro” adoece e começa a beber.
Enlouquecido por estas memórias traumáticas de humilhação,
desespero e ódio é internado em um sanatório em Israel.
Ali faz de “cadela”
uma bela enfermeira que se apaixona pela loucura do paciente, uma relação sadomasoquista onde a vítima se transforma no algoz mostrando que o carrasco permanece vivo.
Eis que surge um
novo “cachorro” no drama, desta vez um menino com um bloqueio
total das suas faculdades humanas como caminhar ereto, falar e até
comer com as mãos. Um estado animal em que apenas late e rosna
ameaçador.
Desse encontro surge
uma outra relação, desta vez de completa identificação do homem
com o menino e ocorre uma cura para ambos.
Essa história real
é contada no filme “Adam, Memórias de uma Guerra”, estrelado por
Jeff Goldblun, Willem Dafoe e Aylet Zurer, entre outros, dirigido por Paul Schrader.
Vale
assistir para
confrontar até que ponto podemos suportar tanta infâmia e
degradação a custa da sanidade mental e o quanto é vital buscarmos
superação através de nossas memórias de humanidade e empatia.
Porto Alegre, 2 de maio de 2018.
Imagem: cartazes do filme
Edu Cezimbra
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