Imagine uma pequena
vila afastada das grandes cidades.
Uma ruazinha com
algumas casas , talvez um armazém, uma igreja e a escolinha para
seus poucos alunos.
Habitantes são
poucos, em torno de sessenta pessoas divididas em poucas famílias.
Verás que há
sempre uma liderança na vila, principalmente religiosa, mais que
política.
Uma vila, seja onde
estiver, é sempre um lugar fechado para estranhos ou para as
novidades.
Não que não haja
interessados nelas, jovens, especialmente, querem saber mais do mundo…
Agora, imagine que a
vila é assombrada por estranhas criaturas que regularmente vem aterrorizar os crédulos moradores.
E, pior, os mais
antigos alertam aos jovens para que não se afastem dos limites da
vila e teremos um filme de suspense que te deixa magnetizado do
início ao fim.
Assim é “A Vila”
do mesmo diretor do clássico de suspense “O Sexto Sentido”.
A vila do filme é
uma potente metáfora sobre as muitas vilas que existem espalhadas
por todo canto do planeta.
Comunidades
conservadoras tendem a manter seus jovens, mulheres e crianças, reféns de um modo de vida repressivo.
Na vila do filme, a
vida é a do século XIX, sem eletricidade e outros confortos da
sociedade industrial.
Evidentemente, todos
se submetem a este rigoroso estilo de vida puritano, inclusive os
homens.
Quem já morou ou
mora em um lugar pequeno sabe bem como se dão estas relações.
Como no exército
antiguidade é posto. Então se alguém nasceu na vila se acha com
mais direitos adquiridos do que alguém que mora há apenas dez anos,
por exemplo.
Como os grupos já
estão cristalizados é muito difícil para alguém que chega se
integrar à comunidade.
O que leva estes
grupos a se tornarem grupos em disputa com ressentimentos antigos
prestes a eclodir em conflitos surdos não resolvidos.
O que vemos é que
lugares assim são presas fáceis de aproveitadores que lucram com a
pouca coesão social.
O que o filme “A
Vila” nos alerta é que por mais que resistamos ao desconhecido, mais
cedo ou mais tarde, ele vai aparecer como algo muito mais tenebroso
que os monstros que assombram a vila.
O que derrota a
resistência dos antigos não é o novo, mas a incapacidade de
enfrentá-lo, por querer fugir dele.
Mais que tudo é a
pretensão de “coronéis” e seus jagunços, ou seus simulacros, de impedir o acesso a
direitos básicos e a uma educação e cultura abertas e inclusivas.
Porto Alegre, 19 de junho de 2018.
Imagens: cenas do filme "A Vila"
Edu Cezimbra
Nenhum comentário:
Postar um comentário