Estou
relendo Jung, o que significa ler como se a primeira vez, e eis que
me deparo com essa sentença lapidar: "quando o amor não
existe, o poder ocupa o vazio".
Um
poeta diria que com o punhal do poder se mata o amor.
Um
dramaturgo escreveria uma peça ambientada em um palácio real.
Um
roteirista de cinema desenvolveria uma trama envolvendo um casamento por interesse com uma milionária.
Na
homeopatia existe um remédio chamado Lycopodium cujo sintoma "amor
ao poder" ( UR - Único Remédio) indica a pessoa que faz
qualquer coisa para atingir o poder.
O
que é digno de curar neste caso é a falta de amor-próprio , o
sentimento de menos valia.
O
"amor ao poder" é uma premissa inconfessável de muitos
relacionamentos e, principalmente, de relações sociais e políticas.
A
satisfação perversa de poder mandar e desmandar nos outros é um leitmotiv para
muitos crimes contra a pessoa e, mais, contra a humanidade.
Como
sei que tenho leitores anarquistas vou atendê-los em suas
convicções: o estado é, de fato, uma instituição poderosa pelo seu autoritarismo e monopólio da violência.
Podemos
dizer que as razões de estado superam o estado das razões quando
trata de defender os poderosos.
Outro
dia, li em uma revista de história, que os povos vizinhos ao poderoso
estado inca recusavam terminantemente a instituição de estado por
conhecerem seus efeitos nefastos para quem estava nele ou
próximo.
Estes
povos “primitivos” tem uma noção muito desenvolvida que o “Bem
Viver” não ocorrerá sem alguns princípios básicos todos
baseados no que sintetizo na expressão “poder do amor”.
Um
leitor versado em “ciência política" vai dizer que isso é
idealismo utópico. Não é.
Felizmente
começam a aparecer as experiências de nações que incorporam em
suas constituições estes princípios baseados na solidariedade e
reciprocidade.
Como
disse o sábio “Pepe” Mujica: é preciso experimentar para
sabermos que algo pode dar certo… porque o que temos de exemplos
que estão dando errado deveria servir de alerta para ousarmos mudar de
vida.
Porto Alegre, 14 de junho de 2018.
Imagem: Tarsila do Amaral
Edu Cezimbra
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