“Febre do Rato”,
filme de Cláudio Assis, que também dirigiu “Amarelo Manga” e
“Baixio das Bestas”, entre tantos outros, conta a história de
um poeta.
Esse poderia ser o
cartão de apresentação de Zizo, o “Poeta”, personagem interpretado
pelo ator Irandhir Santos: poeta, anarquista, pichador e artesão mas, sobretudo, agitador.
Filme em
preto-e-branco, rodado em Recife, denuncia todas as poluições que
assolam as cidades brasileiras.
O esforço do Poeta
em manter-se à margem (literal e figurativamente) da cidade
estabelecida é demonstrado nas intervenções quixotescas nas ruas,
pontes e rios que banham Recife.
O que mantém acesa
a febre poética da personagem são seus amigos da periferia
recifense que o inspiram com suas relações “pecaminosas” para a
moral burguesa.
O “Poeta”
imprime artesanalmente um fanzine de poesia chamado “Febre do Rato”,
nome auto-explicativo. Sim, é preciso manter-se febril para percorrer as
mazelas de uma cidade tão poluída, desigual e desumana.
O “Grito dos
Excluídos” poético é o clímax do filme. Um manifesto contra a
repressão (todas as repressões) que culmina em uma tragédia
brasileira muito conhecida e pouco falada por ser da periferia.
Por esta e outras
gosto muito do cinema pernambucano. Neste “Febre do Rato” faz a
denúncia de todas as poluições e repressões sem perder a ternura
e a poesia jamais...
Porto Alegre, 28 de junho de 2018.
Imagens: cartaz e cena do filme
Edu Cezimbra
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