Outro dia, assisti um filme espanhol sobre um guerrilheiro que fica surdo após uma explosão.
O nome do filme é justamente este: "Surdo".
Depois, fiquei pensando do que tratava o filme.
Embora possa ser visto como um "faroeste", o filme provoca reflexões existenciais.
A surdez do personagem principal parece extensiva aos outros personagens.
Quase um "ensaio sobre a surdez" escrito pelo Saramago.
Para mim, o que foi "gritante" no filme foi a baixa audição das pessoas envolvidas umas com as outras.
A surdez não é apenas causada por uma explosão de dinamite mas, também, pelo medo, pelo desespero e pela guerra civil.
Não há chance de diálogo onde impera o ódio e a vingança.
O que ocorre é uma carnificina entre compatriotas.
É preciso ter ouvidos moucos para os alertas da razão.
Um ensaio sobre a surdez teria como uma epígrafe irônica a frase de "Seu Zé", personagem de José Dumont no filme "Árido Movie": "aprendi a pensar com os ouvidos".
Porto Alegre, 6 de setembro de 2021.
Imagem: cartaz do filme, Google
Edu Cezimbra
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