quarta-feira, 18 de julho de 2018

Monstros domésticos


O anúncio de “Domestica-se monstros” chamou minha atenção por inusitado, naquela manhã úmida e sombria.

Segui a seta indicativa, curioso. Afinal, não é todo dia que se encontra alguém dedicado a esta, digamos, arte, ou se quiserem, ofício…

Ouvi, ao longe, urros medonhos que sinalizavam a monstruosidade da criatura em processo de domesticação.

Um grupo de camponeses portando ancinhos observava, de uma distância segura, as manobras dos domesticadores.

- Que monstro estão domesticando? - perguntei a um senhor de longas barbas brancas.

- Meu caro senhor - respondeu cortesmente ele - acharam um terrível dragão naquela caverna e a domesticadora está convencendo-o a sair para fora da caverna.

- E como ela, uma frágil dama, consegue acalmar esse monstro devorador de homens?! - indaguei atônito.

- Ah, meu filho, é que esse dragão é fêmea!


Moral da fábula: “De perto, o monstro não é tão feio quanto pintam.”

Porto Alegre, 18 de julho de 2018.
Imagem: Artsy Magazine
Edu Cezimbra

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