As balzaquianas são
mulheres maduras, personagens do escritor francês Honoré de Balzac.
Palavra derivada do
nome do próprio escritor (como é fácil perceber) que se tornou
conotativa.
Quero aqui estender
o significado da palavra. Balzaquianas serão mais que personagens de
Balzac.
Balzac foi um mestre
em descrever, a partir da cena parisiense, emoções universais.
Entre elas, desejos febris inúteis ambições, das quais não procuramos cura, no dizer de Paul
Brüton.
Ao ler esta conversa
entre o quarentão ambicioso Vautrin e o jovem estudante sonhador Eugéne, no
romance “Tio Goriot”, não pude deixar de associar com a
atualidade brasileira:
“Faço o inventário dos seus desejos a fim de lhe formular uma pergunta. E essa pergunta, ei-la: temos uma fome de lobo, os nossos dentinhos são incisivos, como faremos para encher a panela? Em primeiro lugar, há que empinar o código; não é divertido e não se aprende nada, mas é preciso. Seja. Tornamo-nos advogado para chegar a Presidente de um Tribunal, mandar para o degredo pobres-diabos, que valem mais do que nós, com a marca de ferro em brasa no ombro, a fim de provar aos ricos que podem dormir tranquilamente. Não é agradável, e além disso demora muito. De entrada, dois anos em Paris, a olhar para a papa-fina de que somos gulosos, sem poder tocar-lhe. É fatigante, desejar sempre sem nunca poder satisfazer o desejo.”
Pois
é, caro e raro leitor, depois de Balzac há pouco a acrescentar sobre
as "balzaquianas" inúteis ambições e desejos febris dos juízes brasileiros, é ou não é?
Porto Alegre, 24 de agosto de 2018.
Imagem Google: Rastignac e Vautrin, Albert Lynch
Edu Cezimbra
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