sábado, 25 de maio de 2019

O Bicho Papão e o Bode Expiatório



No país do Bicho Papão a coisa estava feia. O país passava por uma profunda depressão e havia pouca comida...

O Bicho Papão ouviu sua barriga roncar de fome, mais uma vez. Botou o focinho peludo para fora de sua caverna e sentiu uma catinga forte no ar.

- Chuif...chuif... isso é catinga do Bode Expiatório - salivou o Bicho Papão.

Diante dessa possível refeição tão desejada resolveu arriscar e saiu sorrateiramente de seu esconderijo.

Fazia dias que não comia ninguém, o que lhe deixava louco de fome e diminuía seus cuidados. 

Ocorre que o Bicho Papão tinha motivos de sobra para se sentir prisioneiro em seu próprio país.

Havia, de fato, uma forte comoção contra ele, alimentada pelo mito de que ele comia criancinhas.

Os "cidadãos de bem" estavam armados até os dentes e dispostos a uma caça às bruxas.

- Que ironia da história - pensou ele - logo eu que ajudo as criancinhas a dormirem mais cedo, povo ingrato!

Por isso, as precauções do Bicho Papão em sair de sua caverna...

A catinga do Bode Expiatório ficava cada vez mais forte a cada passo do Bicho Papão.

Quando se deu conta estava diante dele mesmo, preso em uma jaula.

- O que aconteceu, como vim parar aqui?!!

- Ah, esqueci que antes de prender o Bode Expiatório é preciso torná-lo um Bicho Papão - concluiu ele, atônito e consternado.

Moral da Fábula: em tempos de vacas magras sempre criam um bicho papão para servir de bode expiatório.

Porto Alegre , 25 de maio de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra



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