terça-feira, 8 de maio de 2018

O marido de Domitila


A amante de D. Pedro I era casada e o seu marido, embora pouco citado nos livros de história do Brasil, também teve seus contatos com o sanguíneo e voluntarioso imperador.

Certa ocasião, levou uma surra das próprias mãos do imperador por ter quebrado seu acordo de permanecer calado sobre o escabroso caso da mulher com sua alteza.

Nessa época de muitos conflitos entre brasileiros e portugueses, os brasileiros eram apelidados de “cabras” pelos portugueses, no que se aproveitavam os moradores do vilarejo onde foi morar o marido de Domitila:

- Lá vai o cabra de cornos reais todo manso para seu cargo imperial.

Era sabido por todos que o imperador tratava de assuntos reais na cama de Domitila, que enriqueceu intermediando favores com o "alto dignitário" brasileiro.

- Pedroca, o sogrão quer vender suas lavras a uns ingleses e necessita de sua aprovação, meu “Demonão”…

- Está feito, “meu amor, minha Titila”.

- Então vem, meu “Fogo Foguinho” para junto do “amor do seu coração”…

Até o ciumento ex-marido requereu a intermediação carnal de Domitila com o imperador, pois queria promoção a Sargento-Mor, na pacata vila onde vivia às custas do erário real.

A mulher de “boa conduta” já pulara a cerca anteriormente e o honroso título foi o motivo para um divórcio relâmpago concedido pelas autoridades eclesiais por intervenção direta do imperador contra um marido acusado de maus-tratos.

Poucos anos depois, o imperador que “libertou” o Brasil e se dizia independente de Portugal traiu a jovem nação e voltou correndo para a metrópole para reinar como D. Pedro IV.

O marido de Domitila é pouco conhecido na história mas parece ser uma figura simbólica do homem brasileiro, acomodado aos privilégios, ou com medo de apanhar: os "Felícios"...

Já a figura simbólica da mulher brasileira não seria a Domitila dominadora, mas a infeliz imperatriz brasileira, Dona Leopoldina, que segundo alguns morreu devido aos maus-tratos de D. Pedro I.

- Mas e a Domitila?! pergunta-se meu raro e atento leitor… olha, estou para dizer que as Domitilas arquetípicas são algumas figuras de "beleza medíocre" que negociam golpes nas altas cortes do país...


P.S.: Os "apelidos afetuosos" não são obra desse blogueiro metido a escritor mas estão registradas nas cartas de amor entre os dois lúbricos amantes recuperadas pelo jornalista Laurentino Gomes em seu livro “1822”, que conta a história da “independência” do Brasil.

Porto Alegre, 8 de maio de 2018.
Imagem: Google
Edu Cezimbra

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