Um antigo filme
inglês, "Pelo Rei, Pela Pátria", mostra a suposta deserção de um soldado.
Atordoado com o
canhoneio o soldado abandona a trincheira de sua companhia e saí a
vagar na retaguarda.
Vinte e quatro horas
depois é reconduzido preso à sua unidade de combate sob a acusação
de deserção.
Inobstante o esforço
do oficial que o defende, que percebe a sua inocência, é
considerado culpado pela corte marcial que o julgou.
O “comandante
supremo” ratifica a sentença de morte com um lacônico “ para
manter o moral da tropa” durante a próxima ofensiva que redundará
na morte em vão de milhares de jovens soldados.
“O moral da tropa”
é fielmente registrado na bebedeira que os camaradas do condenado à morte tomam com ele, enquanto o consolam dizendo: "todos vamos morrer
aqui e apodrecer neste lamaçal”…
O soldado é dopado
e fuzilado. Morre com um “tiro de misericórdia” desferido pelo
próprio advogado de defesa.
O telegrama à
família informa que o soldado morreu em combate…
Poupa-se a família
e o que fica subentendido é que o estado não assume nem a sentença
de morte e muito menos os grotescos erros militares que condenaram
milhões de jovens à morte nas trincheiras da Primeira Guerra
Mundial.
O “moral da tropa”
é portanto o “moral da história”, se é que há moral nesta
história.
Como disse ao seu superior o oficial
que se empenhou em defender o soldado: “somos
todos assassinos”, em outras palavras, digo eu, ninguém é inocente quando de uma pena de morte...
Porto Alegre, 4 de junho de 2018.
Imagens: cena e cartas do filme
Edu Cezimbra
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