sexta-feira, 2 de março de 2018

Guerra e Paz



Assisti "Guerra e Paz", filme de 1956, dirigido por King Vidor, baseado no romance homônimo de Leon Tolstói e arrisco uns breves comentários sobre esse clássico. 

Dê uma olhada mais atenta no sugestivo cartaz do filme. A mocinha em trajes de gala, pairando diáfana sobre o exército francês é a condessa Natasha, interpretada por Audrey Hepburn.

Os dois galãs, ao fundo, no cartaz, são Mel Ferrer e Henry Fonda, que interpretam os nobres russos André e Pierre, respectivamente.

O meu raro e atento leitor percebeu que a mocinha, em um vestido de baile branco, paira sobre as tropas de Napoleão em retirada e, ao mesmo tempo, ofusca os dois personagens masculinos que mal aparecem no cartaz?

Para quem não assistiu o filme esse cartaz é um "spoiler", então vamos a ele...

Evidentemente, a trama do filme gira em torno desse triângulo amoroso, bem platônico, aliás.

A guerra e a paz são simultâneas, por incrível que pareça.

Enquanto a guerra acontece nas estepes russas, os salões de baile e a ópera de São Petersburgo estão lotados pela aristocracia russa que se diverte indiferente aos horrores da guerra.

No entanto, há mais guerra do que paz, sendo esta mais uma trégua entendiante para os aristocráticos oficiais do exército russo.

A exceção é o jovem Pierre (Henry Fonda), pacifista por natureza, que não se alista nas fileiras do czar.

Não sem escândalo, entre as famílias aristocráticas, pois a defesa da "Mãe Rússia" é a defesa dos privilégios da aristocracia.

Essa defesa é feita com manda o instinto de sobrevivência da nobreza militar: bater em retirada fazendo terra arrasada (que se mostrou acertada no final)... 

Após a derrota em Borondino, o comandante russo ordena a retirada do exército e a evacuação de uma Moscou incendiada pelos próprios russos (ainda não entrou em cena o ator principal dessa guerra: o General Inverno).

"Guerra e Paz" é um épico com tons idílicos, um romance também, na sentido figurado do termo, com uma outra dualidade óbvia: amor e ódio, como fica explícito no cartaz do filme de 1956. 

Repare que esse filme ambientado na Rússia ganhou Oscar e Globo de Ouro - em pleno "macartismo"-, então, não espere muitas cenas com mujiques e o povo russo.

Exceção a um camponês que fica amigo de Pierre, durante o seu aprisionamento pelos franceses em Moscou e que lhe diz, fatalista:


"Onde há leis, há injustiça."
Bom filme! 





Porto Alegre, 2 de março de 2018.

Imagem: cartaz de "Guerra e Paz"

Edu Cezimbra

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