Quando Ideia era
nova andava com as próprias pernas. Tinha vitalidade, vigor para
alcançar seus objetivos. Sabia questionar, enfim.
Com o passar dos
anos foi se adaptando. Pegava caronas com o Método, com a Disciplina
e com a Política.
Dessa última virou
assessora e recebeu um novo nome: Ideologia. Digamos, um nome
artístico, para atuar em área que exigia muita arte, ou melhor,
artimanha.
De tanto ser usada
em discursos e campanhas eleitorais foi cansando a Ideia. Como era
ainda muito respeitável e impunha sua categoria sem discussão foi
logo auxiliada em seu percurso por vários assessórios e utensílios.
Primeiro,
presentearam Dona Ideia, com uma bengala repleta de conceitos na qual
ela buscava apoio sempre que era balançada.
Depois foi a vez de
um corrimão que a levava sempre para as mesmas salas abafadas onde
Dona Ideia tornava-se rarefeita.
Já decrépita foi
entregue a especialistas que a colocaram em uma cadeira de rodas e a
empurravam goela abaixo de estudantes e pesquisadores ávidos por
novas ideias.
Atualmente, Dona
Ideia encontrou um fiel enfermeiro que presta toda assistência para
a inválida. Chama-se Marco Teórico e não permite a entrada de
novas ideias no recinto...
Porto Alegre, 25 de julho de2018.
Imagem: Giorgio de Chirico, Pinterest
Edu Cezimbra
Nenhum comentário:
Postar um comentário