Campeiro andava muito solitário, mais abandonado que tapera de Campanha.
Soube que na cidade as chinas andavam mais liberadas que bombacha de gaúcho.
Tomou banho de açude, botou água de cheiro, colocou sua pilcha de desfile (de 20 de setembro), encilhou o pingo estradeiro e se bandeou pro povoeiro.
Chegando lá, foi logo pro CTG, pois soube que agora era moda as prendas frequentarem o galpão crioulo.
Foi logo botando reparo nas chinocas e se enrabichou por uma morena de toda crina.
Meio encabulado, sem jeito, tentou puxar assunto.
- Buenas, chinoca, tu tá mais bonita que laranja de amostra...
A "chinoca" era moça de fino trato, mas não gostou do elogio do guasca.
- Olha o respeito, bacudo, laranja de amostra é tua vó!
Campeiro ainda arriscou mais um elogio, insistindo no erro.
- A guria é fogosa que nem potranca xucra!
- Potranca xucra é a tua mãe! - xingou Urbana, não fazendo jus ao nome.
Campeiro ficou mais perdido que cusco em tiroteio e foi dando meia-volta, não sem antes pedir desculpas, ao seu modo.
- Desculpa o mau par, Dona...
- Volta pro potreiro, seu grosso! - esculachou Urbana.
Foi assim que o campeiro aprendeu que entre o campo e a cidade não existe urbanidade...
Porto Alegre, 20 de agosto de 2023.
Imagem: Molina Campos
Edu Cezimbra
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