segunda-feira, 31 de maio de 2021

Maio e Desmaio

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Direitos trabalhistas foram escritos por medo do comunismo; mais uma prova que o comunismo acabou...

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Menores salários mínimos foram os da ditadura militar e dos governos FHC, estes mesmos que voltaram ao governo através do golpe.

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Gentleman é o beija-flor que beija uma a uma todas as flores do hibisco.

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Todo boato tem um fundo de inverdade.

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Ganha tempo quem filosofa e não perde tempo quem faz arte.

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A dor ensina a viver.

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Marca nova no mercado: Sabão em Pó Branca de Neves, lava a jato.

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O Brasil chegou ao fundo do poço, mas sempre tem quem cave ainda mais.

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Bolsonaro falou em "guerra química" da China, que situação "kaftaniana" dirá seu ex-sinistro da inducação.

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Se não tem o melhor não precisa escolher o pior.

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Não precisa sair do Facebook pra estar fora dele.

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Bolsonaro, fica a desdita pelo dito.

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Quando a polícia entra na favela a justiça sai e fica o terror de estado.

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Lembrar as mães sem estarmos solitários, assustados ou com saudades da infância é lembrar que elas são mães do mundo.

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- Tô frito!!! - falou o ovo.

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"A China é que precisa do Brasil", afirmou um ministro do Bolsonaro. Pior que ser arrogante é ser ignorante.

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Para verdadeira abolição da escravatura mais Zumbi, menos Princesa Isabel!

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Feito uma camisa de lampião a gás as brumas se preenchem com a aurora outonal irradiando misteriosa e fria luz.

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Não basta sobreviver, temos que nos manter humanos...

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A resistência rompe - quando muito usada -. mas pode ser trocada.

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Se vivo fosse, o Barão de Itararé diria: a internet é uma maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

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Quando um louco assume o poder quem vai pro hospício são os normais.

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A poesia é tudo...o resto é prosa! falou Walter Franco, em outras palavras, a poesia tá com tudo e não tá prosa...

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Estão chegando "Os Socialistas", fusão do PSB com o Flávio Dino, digo, com o PCdoB.

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Depois da multa no Maranhão, Bolsonaro vai mudar de novo o código de trânsito para transitar com a boiada.

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Ventania de louco dar tiro no vento...

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O poeta é um vidente, entrevê o que é evidente.

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"O que passou, passou" - por isso muita gente fica passada quando ultrapassada.

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"O que passou, passou" - portanto o que vale é a ultrapassagem, diria o Senna, contrariando o Rubinho, que fica passado.

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“Para quem não está contente comigo, tem Lula em 2022”, diz Bolsonaro. Finalmente, uma verdade sai da boca deste sujeito.

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Não confunda velho ditado com velho deitado. 

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"O controle da fala não é fácil, mas é uma brincadeira de crianças se comparado com o controle do pensamento." - Taloquei?!!

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O sol se escondeu em uma pintura de Goya e promete reaparecer numa de Velázquez.

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Enquanto a esquerda se divide, a direita divide o Bolsolão.

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Bolsonaro sangra o Brasil e bebe o sangue com seu bando de milicianos. #ForaBolsonaroGenocida

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Não desanime, não somos notáveis, mas somos muitos.

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Facebook, maio de 2021.

Charge: Carta Maior

Edu Cezimbra

Burros Falantes

 


BIBLIOBURRO

Professor Luis Soriano Borges percorre os povoados mais recônditos da Colômbia para ler livros para as crianças. A burra se chama Alfa e o burro Beto.


Porto Alegre, 31 de maio de 2021.

Imagem: Facebook

Design: Canva

Edu Cezimbra

domingo, 30 de maio de 2021

Luís e Maria Antonieta

 


Maria Antonieta, quando infanta, Tonha.

Luís, quando infante, Zinho.

Adianto que a história é irônica, mas real...

Quando Tonha brincava era de boneca e cozinha.

Já Zinho brincava de soldadinho de chumbo e guerra.

A vida dois dois era um conto de fadas, por assim dizer.

Depois de se conhecerem perderam as cabeças.

- Não tem pão, comam brioches - zombava Tonha.

- O povo francês não é regicida - contemporizava Zinho.

Enfim, o conto de fadas virou história...


Porto Alegre, 30 de maio de 2021.

Imagem:Hypeness, Google

Edu Cezimbra

sábado, 29 de maio de 2021

Mestres

 


Já fui estudante

 da escola regular

onde mero coadjuvante 

me ocupava em passar.


Depois virei estudioso

onde sou protagonista

no curso mais valioso

porque nele sou artista.


Aos mestres obrigado

Pelo tanto aprendido

Ficou o aprendizado

Do que me foi transmitido.


Porto Alegre, 29 de maio de 2021.

Imagem: O Contador de História, Eduardo Lima

Edu Cezimbra

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Escrevinhador

 



Há quem faça frases de efeito, outros com defeito.

Há quem faça conto, outros fazem desconto.

Há quem faça poesia, outros prosopopeias.

Há quem faça romance, outros drama.

Há quem faça literatura, outros cara dura.

Há quem se arrogue escritor, embora escrevinhador.

Escrevinha a dor quem a escreve em um diário...


Porto Alegre, 28 de maio  de 2021.

Imagem: Wordpress, Google

Edu Cezimbra

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Carmen Baiana

 

Não era da Bahia

Se vestia de baiana

E muito sincera assumia

Seu negócio era banana. 


Antes veio de Portugal

Para o Rio de Janeiro

E tornou-se a cantora

Com mais jeito brasileiro.


Aqui cantou samba

Depois  cha-cha-cha

Pro ianque poder dançar

Muito antes da Bossa Nova.


Carmen Miranda

Foi aos States

E voltou americanizada.

- Como se já não fosse!



Porto Alegre, 27 de maio de 2021.

Imagem: Wikipedia, Google

Edu Cezimbra

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Só Poetas


 

Nem tudo é poesia,

nem todos são poetas.


Nem toda poesia

é para todos.


Nem todo poeta

é tudo.


Poesia é tudo

Poetas são Poetas.


Porto Alegre, 26 de maio de 2021.

Imagem: Paul Gauguin, Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 25 de maio de 2021

Ouriço

 


Ouriço é um bichinho muito fofo.

Serve até de almofada para agulhas.

Por isso resolveu trabalhar por conta própria.

Sua ideia foi um serviço de pronta-entrega de agulhas para potenciais clientes da mata.

Pensou com seus espinhos:

- Aranhas tecem suas teias, logo vão precisar de agulhas para costurar.

Lembrou das libélulas, também conhecidas por exímias lavadeiras.

- Nesta faina de esfregar vão soltar os botões e vão precisar de agulhas.

Logo pensou nas formigas cortadeiras.

- Serão grandes freguesas!

Como bom empreendedor contratou caturritas para anunciar suas agulhas orgânicas e biodegradáveis.

O negócio ia bem até que a cachorrada farejou as entregas.

O estoque de espinhos foi gasto antes de chegar ao comprador...

Foi só por isso que o negócio não foi pra frente, mas ele ganhou nome: ouriço-cacheiro.

Moral da fábula: vão-se os espinhos ficam os ouriços.


Porto Alegre, 25 de maio de 2021.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Repetente

 


Era uma condenação: re-pe-ten-te.

Repetente era quem rodava, não passava de ano.

O ano passava, o repetente não...

O boletim escolar era digno de um colorado.

Depois de cair na vida de forma tão vergonhosa restava ao repetente resignar-se.

Repetia o ano, escolar, bem entendido...

O repetente tinha que aturar todo o currículo escolar já visto, de novo...ou pior, mais uma vez...

Embora, o repetente, que me lembre, não se incomodava com isso.

Já que não se interessava pelas aulas e lições de casa, que dirá estudar para as sabatinas, pouco se lhe dava rodar.

Para o repetente o ano escolar era uma repetição monótona...

Seria um equívoco generalizar, muito repetente não era burro, era rebelde.

Eu, confesso, embora não morresse de amores pelos bancos escolares, nunca rodei na escola, nem na faculdade.

A minha maior motivação era não passar por tudo aquilo mais uma vez...

Ao repetente havia a opção, muito popular, de não voltar à escola.

O que, convenhamos, era um atestado do quanto a escola era - e é -, repetitiva.


Porto Alegre, 24 de maio de 2021.

Imagem: Picasso, Pinterest

Edu Cezimbra

domingo, 23 de maio de 2021

Tempo Espaçoso

 


... e o espaço espalhou-se carregado pelo tempo espaçoso...


Porto Alegre, 23 de maio de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

sábado, 22 de maio de 2021

Negritude



 A moreninha

nega a nêga.


O moreninho

nega o nêgo.


Nêga é

Negra.


Nêgo é

Negro.


Negra é

Linda!


Negro é

Lindo!


Negro

Afirma 

Negritude! 


Porto Alegre, 22 de maio de 2021.

Imagem: Arjan Martins, Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Mães e Filhos

 


Turgueniev escreveu o clássico "Pais e Filhos".

Não me recordo de nenhum "Mães e Filhos"...

Salvo engano ninguém escreveu sobre tema tão...tão,,, mas tão comovente...

Talvez porque muito mais que um romance, escrever sobre mães e filhos seria escrever um tratado psicanálitico.

Freud explica...

Não sou psicanalista, então vamos ao que interessa.

É que o filho da mãe é sempre a cereja do bolo.

Toda mãe deseja, não, ordena que o filho seja o melhor, a azeitona do pastel.

Não à toa, as associações são sobre comida.

Que filho não deseja a comidinha da mamãe?

Mães e filhos nutrem-se uns aos outros.

Relação umbilical com duas vias.

Mães vivem para e dos filhos.

Sem os filhos as mães não existem.

Para os filhos as mães são as mulheres de toda a sua vida.

Os filhos carregam as mães em seus cromossomos Y, ou melhor, os fylhos..

E as filhas das mães? - já se pergunta a minha cara e rara leitora.

Ora, as filhas são as mães dos seus maridos, não são?...

* Livremente inspirado no filme "Promessas ao Amanhecer" sobre a vida do escritor francês Romain Gary.





Porto Alegre, 21 de maio de 2021.

Imagem:Google 

Edu Cezimbra

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Peço a palavra

                                                   
 

Da Poesia

Peço a palavra

Para dela fazer

Meu dia


Sem Poesia

O dia fica

Prosaico  como

Se baldio


Porto Alegre, 20 de maio de 2021.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Mulheres que correm com os homens?

 



O que diria um homem bastante acostumado a conviver com muitas mulheres em grupos de estudos e trabalhos? Absoluta fez esta questão a Eduardo Cezimbra, ambientalista e dentista homeopata.
Resultado: Eduardo gerou esse belíssimo mosaico de referências e lições a serviço da revolução integradora e silenciosa que mulheres e homens interessados na cura planetária estão realizando. Ricardo Martins, editor de ABSOLUTA.
 

“As mulheres eram respeitadas e veneradas e Deus era Deusa.” 

Escrevo este artigo com a memória repleta de experiências pessoais.
Passam pela minha frente centenas de rostos de mulheres. Rostos – e corpos – de mulheres de todas as etnias – e almas, mentes e espíritos – manifestadas na diversidade de sistemas de crença.
Mulheres com quem junto participei de campanhas sindicais e político-partidárias, mulheres dos cursos de terapias, mulheres da formação holística. Estas, numa proporção de 5 mulheres para cada homem na minha turma!
Aquelas, ainda minoritárias, mas atuantes em grupos como o Luta Maria! no vale do Rio dos Sinos, marcando posição – e como marcavam – em cima, alertando para as atitudes e piadas machistas dos sindicalistas e militantes partidários. Muitas vezes, atitudes e comentários inconscientes do seu caráter machista e preconceituoso por parte de nós, homens…
Eram diretas, fortes, às vezes agressivas, mas muito me ajudaram a ir rompendo com este sistema milenar de crença patriarcal.
Trago a inesquecível lembrança do seminário Integração Feminino e Masculino, com May East e Craig Gibsone, de Findhorn e da Rede Global de Ecovilas, na formação holística… Ouvir os gritos ancestrais das mulheres e dos homens é impactante!
Os homens com seus uivos e guinchos.
Os das mulheres, os gritos das dores do parto da humanidade, de arrepiar e assustar a maioria dos homens presentes, que mergulharam na vivência aterradora do ataque das Amazonas ou das mulheres dionisíacas, destroçando os homens, seus maridos, que zombavam do Deus de aspecto afeminado e bonachão… Eu, sinceramente, não me assustei, talvez por já ter passado pela militância política feminista do Luta Maria!.

Publicado originalmente em Ecologia dos Saberes (clique aqui para ler mais)


Porto Alegre, 19 de maio de 2021.

Imagem: Vania Pierozan

Edu Cezimbra

terça-feira, 18 de maio de 2021

O Outro Lado da Ponte

 


Toda ponte tem dois lados, todos sabem.

Exceto a ponte que eu cruzava para ir à escola.

- Onde é que tu mora?

- No "outro lada da ponte" - respondia, assim como todos os que moravam nas vilas mais pobres da cidade.

Seria engraçado, não fosse triste. 

Havia a cidade e o outro lado, separado pela ponte.

Até parece que havia só um lado na ponte.

Desconheço se há outras cidades que tem o "outro lado da ponte" como separação, ao invés de ligação.

Pontes, afinal, tem esta elevada função...

Dá a impressão que a ponte era levadiça e havia um fosso entre o castelo e o povo.

Povo eram as vilas miseráveis onde se amontoavam os refugiados do campo.

Tinha o "Povo da Lata" que não tinha traficantes de maconha como pode estar pensando o meu caro e raro leitor.

Era paupérrimo o "outro lado da ´ponte", mas também havia povo na cidade, entre eles o "Povo Novo".

Enfim, havia muito povo na periferia da cidade, que com ou sem ponte, estava no "outro lado da ponte"...

Parecia a "Ponte para o Futuro" do Temer.

Felizmente, graças aos governos que o antecederam o "outro lado da ponte" virou cidade.

O escritor Cyro Martins nem reconheceria o lugar descrito em seu livro "Estrada Nova".

Aproximavam-se de Alegrete. Faltava a Ricardo a necessária coragem para fazer a pergunta que naturalmente lhe ocorreu: "E o que lhe resta depois de tantas testavilhadas? Isto, entretanto, seria como que faltar ao respeito a um homem já com tantas ofensas à sua seriedade. Mas seu Fábio  adivinhou-lhe o pensamento, não tardando  em rematar a conversa.

- E agora - fez um gesto desguaritado, de mãos espalmadas - só me resta a "aldeia" do Batista ou o "povinho da lata" do Alegrete.

O trem encabeçou na ponte do Ibirapuitã, apitando. Rancherio, poeira, pobreza. 


Porto Alegre, 18 de maio de 2021.

Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra 

Ao Infinito

 


Definitivo infinito

Indefinido ao fim

Posto que sem fim.

Ouve o grito

Parto recôndito

Ao mundo sinal

Eco do absurdo.


Porto Alegre, 17 de maio de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

domingo, 16 de maio de 2021

Adeus às Armas

 


- O que é a morte para um cristão? - brinca um soldado, para riso de outros.

Será que na iminência da guerra todos esperam ansiosos por ela?

Não. A piada é apenas uma maneira de encará-la "esportivamente"...

A guerra no filme "Adeus às Armas", baseado no romance homônimo de Ernest Hemingway traz mais a questão da vida diante da morte.

A guerra para quem está na retarguada tratando dos feridos não é a mesma para quem está na linha de frente.

- Se ninguém atacasse, a guerra acabaria - reflete o cirurgião do serviço médico.

Seria, enfim, o tão aguardado "Adeus às Armas"...

Porém, enquanto houver armas não será um adeus, mas um "até breve às armas".

Quem conhece a história da I e da II Guerra Mundial sabe bem.

Vem daí esses chamados belicosos expressos nos hinos nacionais, entre eles o famoso "às armas, cidadãos"".

Pensando bem, talvez seja a inevitabilidade das guerras que nos faz sonhar com um utópico "adeus às armas".


Porto Alegre, 16 de maio de 2021.

Imagem: cartaz do filme, Google

Edu Cezimbra

sábado, 15 de maio de 2021

Cardeais

 


O arcebispo da Cantuária canta árias;

o das Canárias é um canário,

e o do Pampa é um cardeal.


Porto Alegre, 15 de maio de 2021.

Imagem: Aldemir Martins, Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Arte e Filosofia



 Ganha tempo quem filosofa e não perde tempo quem faz arte.


Porto Alegre, 14 de maio de 2021.

Imagem: Lincoln Agnew, Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 13 de maio de 2021

A Brisa e a Nuvem

 


A brisa assoprou no ouvido da nuvem:

- Tu és muito volúvel, sempre ao sabor dos ventos.

A nuvem respondeu de pronto:

- E tu és muito fracote, não passas de um sopro.

- Tu és muito leviana, nunca sabes aonde vais.

A nuvem não se deu por vencida.

- Eu sou a que leva chuva por onde quer que passe.

A brisa cantou vantagem.

- Eu sou a que traz o perfume das flores da primavera.

- Agradeça a mim, que é quem fertiliza a terra para que floresçam as plantas.

- Sem mim tudo ficaria parado, na maior tristeza.

Um vento soprou forte e a brisa e a nuvem terminaram a disputa de beleza.

Moral da fábula: quem muito se gaba se dá ares de importância mas passa em brancas nuvens.


Porto Alegre,  13 de maio de 2021.

Imagem:

Edu Cezimbra

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Águas da Vida

 


Deixo-me arrastar

pelas águas caudalosas

do rio do vir-a-ser.


Deixo-me flutuar

nas águas salgadas

do mar de lágrimas.


Deixo-me afogar

nas águas passadas

da minha saudade.


Deixo-me saciar

nas águas doces

da fonte da poesia.



Porto Alegre, 12 de maio de 2021.

Imagem: escultura de M. Cholakowsla, Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 11 de maio de 2021

Debate pra lamentar

 


- Vagabundo!

- Ocê me respeite, que não sou seu pai!

- Lá vem esse fedelho se colocando - pensou ofendido.

- Você é um... um... um vagabundo!!!

- E ocê é um fdp!!!

- Agora vocês baixaram o nível - interveio o presidente.

O debate virulento foi interrompido devido aos xingamentos contagiantes.

Não fosse a suspensão da reunião ambos os contendores partiriam para os fatos da via por todos já sabidos.

Pra isso serve uma CPI...


Porto Alegre, 11 de maio de 2021.

Imagem: charge de J. Bosco, Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Caça às Bruxas

 


Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.

Cervantes


Caçador de bruxas

Bruxo de Fé

Portador da luz

Lucífer

Demônio real

Veste clerical

Disfarçado de

Inquisidor

Quando invocado

Mostra-se

Criador de

Bruxas


* Livremente inspirado no filme "Silenciadas".


Porto Alegre, 10 de maio de 2021.

Imagem: cena do filme, Google

Edu Cezimbra

domingo, 9 de maio de 2021

Quando o Papa virou Presidente

 


Um Deus preside a Nação!

- Ó, que heresia! - dirão juristas, cientistas e filósofos.

- Amém! - dirão pastores e crentes.

Pasme, mas o Estado tem muito de eclesial, sim.

Tem até quem fale palavrão: "Eclesiasticismo do Estado".

Há toda uma hierarquia que mantém o Estado acima de tudo.

E isso não tem a ver com slogans, não Senhor!

Por isso, dizer que o Estado é laico é bem relativo.

Seria como dizer que a Igreja é leiga, percebe?

Então - como quase todos sabem -, o Estado Moderno teve que buscar formas constitucionais de controlar o poder absoluto do Papa, digo, do Presidente.

Porém, até mesmo a Igreja tem eleição para Papa, bem verdade que é indireta, um colégio eleitoral composto por cardeais que elege um deles.

O Papa só sai do trono quando morre e, logo após, convocam o colégio dos cardeais.

Muita fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina até finalmente sair uma fumaça branca anunciando "habemus Papa"!.

Tem estado tão, mas tão eclesiástico que já tem presidente exclamando: - só Deus me tira do trono!

É por isso que tem tanta gente aguardando o anúncio: "Habemus Presidente!"...


Porto Alegre, 9 de maio de 2021.

Imagem: Coroação de Napoleão, Google

Edu Cezimbra

sábado, 8 de maio de 2021

Roda da Vida

 

Boi na canga

sem rodeios

puxa o carro.

Roda viva


Moça bonita

com floreios

dança ciranda.

Roda saia


Água mansa

sem volteios

move moinho.

Roda d'água


Boi na canga

Moça bonita

Água mansa

Roda da Vida


Porto Alegre, 8 de maio de 2021.

Imagem: Airton Marinho, Pinterest

Edu Cezimbra

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Feito Torto Pra Ficar Direito

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O documentário “Feito Torto Pra Ficar Direito” foi feito, entre outros,  a partir dos depoimentos de mestres da carpintaria naval tradicional brasileira espalhados por todo o Brasil, especialmente no Nordeste e Norte brasileiros, como este do início do trailer: “a arte de fazer torto…porque você começa um barco, só a quilha é reta – a espinha dorsal é reta – daí não tem mais não…”

Com imagens de rara beleza e poesia evoca a paisagem que durante séculos foi cartão-postal de praias de mar e de rios brasileiros com embarcações multicoloridas com suas velas triangulares.

Para a Ecologia dos Saberes é um documentário que contribui muito na elucidação de seu arcabouço conceitual porque demonstra como os conhecimentos tradicionais e populares contribuem para o aprimoramento da engenharia naval, que incorpora muito de suas soluções práticas na construção de modernos veleiros, como conta Amyr Klink,  participante do documentário. Como ele diz: “embarcação é uma coisa interessante, é uma máquina que não perdoa erros”…

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E foi através de séculos de tentativas e erros que se criou esta autêntica indústria naval brasileira combinando as embarcações portuguesas com o formato das canoas indígenas e trazendo técnicas inusitadas de construção de velas e mastros que remontam ao oriente.

Ressalto aqui o depoimento de um estudioso do tema sob o aspecto da cultura: “a cultura é aquilo que define o modo de vida de toda uma comunidade, ao longo de um período significativo e, nesse aspecto, o conceito de cultura atinge o seu clímax.”

O anticlímax da cultura brasileira aparece no documentário na constatação que este modo de vida vai se acabando por várias razões, entre elas. a prioridade para o transporte rodoviário, a extinção das madeiras de construção de barcos pelo agronegócio exportador e pela falta de novos aprendizes para a continuação deste saber tradicional.

A população ribeirinha sofre impotente a perda de suas condições de vida, como mostra o documentário, quando a praia que servia de ancoradouro natural das embarcações é aterrada para a construção de uma grande avenida, sobrando aos barcos o acostamento. Também sofre quando o Rio São Francisco, assoreado, perde as condições de navegabilidade e grande número de seus peixes desaparecem.

Ecologia dos Saberes parabeniza ao diretor Bhig Villas Boas e equipe, bem como ao IPHAN pelo apoio a este valioso registro do patrimônio cultural brasileiro.

Publicado originalmente no Ecologia dos Saberes.



Porto Alegre, 7 de maio de 2021.

Imagens: divulgação

Edu Cezimbra 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

De volta aos livros

 

Houve um momento em minha pouca vida que fechei os livros.

Foi quando mudei da minha cidade natal para outra a fim de concluir o ensino médio.

Já que eu queria mudar era preciso mudar os hábitos, entre eles, o da leitura assídua.

Associava ao hábito da leitura muito da minhas dificuldades de relacionamentos.

Andava todo empertigado pelas ruas da cidade aparentando uma segurança que não tinha.

Não funcionou...

Segui sendo o adolescente tímido e inseguro como só sabem ser alguns púberes.

Felizmente não demorou muito para eu voltar aos livros, ou melhor, às letras.

Afinal, havia aulas de literatura no cursinho pré-vestibular ministradas pelo poeta Prado Veppo, um médico  apaixonado pela Literatura.

O dedicado professor notou as redações do aluno e tentou entabular uma conversação, frustrada pela minha insuperável timidez adolescente.

Então, de volta aos livros!

Minha questão existencial poderia ser resumida numa paráfrase de Shakespeare: livro-me ou não livro-me...


Porto Alegre, 6 de maio de 2021.

Imagem: Editora UFSM, Google

Edu Cezimbra