sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Veríssimas do Cezimbra

 


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Conjugando o verbo por vir: eu vô, tu vó, vós somos, nós vós.

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Esses cabotinos que ficam o tempo todo tuitando fake news não trabalham, não?

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Com a substituição do petróleo por energias limpas o "novo pré-sal" é a Floresta Amazônica, se esta não for substituída por pasto.

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Aqui jaz um 'um performer'. Essa foi a sua melhor 'performance'.

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André Mendonça quer mudar nome do STF para SJF: Supremo do Juízo Final (mote do Sensacionalista).

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"Não perguntarmos é como morrer", disse o músico argentino Juan Falú:

- Pergunto, logo existo?

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Só reclama da fome quem não come.

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E lá se vai célere a lebre da manhã esperando não ser alcançada pela vagorosa tartaruga da tarde.

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Allegro, ma non tonto.

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Allegro ma non trôpego.

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O (não) lugar do Brasil no mundo drummondiano de poético virou profético pelo desgoverno Bolsonaro.

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"Há algo de suspeito no Reino da Dinamarca", quem cometeria este ato falho?

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A vida é costela dura amaciada no brasedo do tempo.

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Já posso dizer que tenho idade pra contar!

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Não basta voltar atrás de um caminho errado, urge fazer outro caminho.

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Entre tapas e beijos não mete a colher pra acabar na Delegacia da Mulher.

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"Moro compara eleição a funeral em que brasileiro escolherá a cor do caixão" - falou o coveiro.

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Regina Duarte barrada no baile da Globo. Por que, se a viúva Porcina também é viúva da ditadura?!

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Feito tietes nuvens rechonchudas e coradas cercam o Rei Sol em busca de uma selfie.

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No Brasil, pós-bolsonarismo, não vai ter conciliação - vai ter reconciliação de classes.

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A cultura "aborígene" caracteriza-se pela forte união de todos os seres. Quem são os "primitivos", afinal?

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Quando o céu reflete o sol aparecem nuvens laranja, morango, manga e maçã. (Mote da Rosa Amma, minha netinha)

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Assisti "Não Olhe Para Cima", filme catástrofe, onde a ficção supera a fake news, recomendo.

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Em horário nobre, aves que aqui gorgeiam anunciam a noite estrelada.

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Clima de deserto

Noite de ventania

Arrepio do dia

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O Ano Novo, como toda criança, aperta as cigarras anunciando sua chegada. Feliz Ano Novo!

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Ano Novo foi o ano 1, 2022 é um ano muito velho, por tanto Feliz Ano Velho!


Facebook, dezembro de 2021.

Imagem: Canini, Exposição Caríssimo Verissimo

Edu Cezimbra

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Matéria de Vida e Morte

 


Na vida e na morte

Toda matéria

É dura e crua.


Na vida 

A matéria é

Crua.


Na morte

A matéria é

Dura.


A vida é dura

Porque 

A morte é crua.



Porto Alegre, 30 de dezembro de 2021.

Imagem: cena de "Morte e Vida Severina", Google

Edu Cezimbra

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Antígona Desobediente

 


Antígona, acima dos homens, representa nossa humanidade.

Uma mulhar, uma irmã, busca a diginidade a qualquer custo.

Polinices, seu irmão, morreu lutando na tentativa de recuperar seu trono tebano usurpado por Creonte.

Creonte, o temido rei de Tebas, acusa Polinices de trair a pátria e segundo sua lei impede o sepultamento ritual..

Eis a vingança cruel, insepulto vagará pelo inferno sem o descanso eterno..

Antígona lembra a Creonte que acima da lei do homem existe a lei dos deuses do Olimpo.

Mais que uma questão jurídica ou teológica o que a tragédia de Sófocles  traz em sua essência é a dignidade inata de todo ser humano.

Antígona não se submete à lei do homem, apelando para a lei divina, mas o que não é dito, por interdito, é que é uma mulher que se insurge e desobedece.

Ismênia, sua irmã, nega-se a participar do sepultamento do irmão por se submeter ao patriarcado grego.

Antígona está só mas não desanima  e prossegue, contra tudo e todos, decidida a enterrar ritualmente seu irmão.

Portanto, quando se falar de desobediência civil, recordando nomes masculinos como Thoreau, Gandhi, Luther King e Mandela é justo honrar Antígona, enterrada viva, por enterrar seu irmão.


Porto Alegre, 29 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

   

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

É Nóis Sim

 


Não

Eu não

Porque

Ele não


Sim

Tu sim

Porque

É Nóis sim


Porto Alegre, 28 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O Anão e o Gigante

 

Os dois eram do mesmo circo e eram muito amigos.

O anão se chamava Ananias e o gigante Gilson, mas era mesmo "o Gigante".

Todos os colegas do circo chamavam o anão pelo nome porque havia outros anões e anãs na troupe.

Como bons amigos desabafam suas tristezas e frustrações bem como seus desejos mais íntimos um com o outro.

- Ah, Ananias, que bom seria se eu não tivesse crescido tanto assim - suspirava o Gigante.

- Sim, Gilsão, já eu queria ter crescido uns 20 cm mais... já pensou se pudéssemos ter feito uma troca genética?! - gracejou Ananias.

- Puxa vida, não tinha pensado nisso! - exclamou  Gigante - levando a sério o gracejo do amigo anão.

- Nem pensar, Gilsão! Foi só um chiste meu - explicou, pacientemente, Ananias.

- Não custa sonhar! quem sabe um dia...

- Gilsão, aqui entre nós, isso de  crescer sem parar é coisa de economista, que só pensa naquilo!

- Naquilo, o quê?

- No PIB, Gilsão, no PIB...

- Sendo assim, tu é um PIBinho - brincou o Gigante, aproveitando a deixa.

- Que seja, mas tu é um PIBão e não é feliz com ele... - devolveu o anão Ananias.

Não restou alternativa para Gigante, a não ser concordar com o anão e, ainda, arrematar a conversa:

- Mas que seria uma felicidade interna bruta se eu tivesse um decrescimento, ah, isso seria!


Porto Alegre, 27 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

domingo, 26 de dezembro de 2021

Bem Virá

 


Vinho de onde

Vinho

Venha de onde

Venha.


Vinho do Porto

Longe

Donde o distante

Próximo.


Venha a mim

Amigo

De onde vires

Vinho.


Verás aqui

Agora

Quem bem

Virá.


Porto Alegre, 26 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

Chave da Noite

 

O poente é chave que a Terra gira para o dia virar noite.

Porto Alegre, 26 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

sábado, 25 de dezembro de 2021

Perdão

 


"Perdão é um atributo da matéria viva", escreveu Clarice Lispector.

Digo eu - na esteira de Clarice -, que a vingança é atributo da matéria morta.

A matéria viva de que trata a escritora é animal, selvagem e instintiva.

Eis o ponto crucial de seu texto.

Não há sentimento de vingança da natureza, embora nós chamemos de selvagens os que nela vivem.

A matéria viva perdoa a si mesma por instinto, jamais vai ao ponto de exterminar outra espécie porque tudo sabe.

A vingança, esta não se baseia na vida, pelo contrário, não possui o sentimento de piedade, não tem coração, é rígida e fria.

Por isso, deixo aqui o meu clamor por perdão, pois estou vivo e sei que preciso dele para prosseguir com  vida.

Mais do que penas precisamos de pena.

Quem não estuda a matéria viva do perdão não passa de ano...


Porto Alegre, 25 de dezembro de 2021.

Imagem: Regina Silveira, Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Um Sonho de Natal

 

O menino foi dormir sem ceia de Natal.

Deitou cedo na esperança de receber a visita do Papai Noel.

Um caminhão todo enfeitado e iluminado passou por sua rua de cascalho carregando o Papai Noel sem trenó.

A noite foi de tormenta, com muitos raios e trovões.

O menino caiu da cama e despertou ouvindo uma sineta na porta de seu quarto.

A chuva torrencial, os raios e os trovões eram o pano de fundo para a figura toda encharcada do Papai Noel.

Entre choro e gritos despertou toda a família.

- O Papai Noel tá lá fora, todo molhado, deixa entrar o pobrezinho!

Seus pais lhe acalmaram e mostraram que não tinha nenhum Papai Noel e que sua cama não estava virada.

Por não ter árvore de Natal, ao olhar embaixo da cama descobriu seus humildes presentes.

Foi o que lhe bastou para esquecer que dormira sem a ceia de Natal.

Até hoje o menino não esqueceu a figura do Papai Noel sacudindo a sineta, todo molhado, pedindo para entrar na sua casa de pobre.

Assim, o Natal é um dia em que os sonhos de criança são recordados para sempre... 


Porto Alegre, 24 de dezembro de 2021.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Falsa Paz

 



Pomba  de brinquedo

Falsa paz

Depois da guerra 

Mecânica da morte

Brincadeira de criança

Para velhos ricos

Sem coração.




Porto Alegre, 22 de dezembro de 2021.

Imagem: Pavel Kuczybsky, Facebook

Edu Cezimbra

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A Capivara e a Onça

 


Um filhote de onça perdeu sua mãe em um incêndio no Pantanal e foi adotado por uma família de capivaras.

A oncinha fazia tudo que as capivaras faziam tentando ser aceita pelo bando.

Certo dia uma grande onça apareceu caçando capivara.

Imediatamente, as capivaras pularam para a  segurança da água e nadaram para longe da frustrada onça.

A onça coçou a cabeça com uma das garras afiadas e pensou:

Estranho, mas poderia jurar que vi uma onça nadando com as capivaras se não soubesse que capivara não nada com onça...

Moral da fábula: no Brasil até capivara vira amiga da onça. 


Porto Alegre, 21 de dezembro de 2021.

Imagem:Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

domingo, 19 de dezembro de 2021

Frases de Calendário

 



1. Seja Maia, Judaico, Chinês ou Gregoriano o calendário dura um ano.

2. Folhinha, nome popular do calendário,  propaganda de ano inteiro.

3. As datas no calendário contam os dias, semanas, meses e o ano sem dó nem piedade.

4. Mesmo de graça calendário sem foto não tem graça nenhuma.

5. Folhas caem no outono, folhinhas no fim do ano.

6. Calendário de Ano Novo são datas sem história mas com feriados.

7. Quando sopra o vento da mudança o calendário voa.

8. As calendas gregas não tem calendário.

9. Rasga  calendário, só não rasga coração.

10. Risque o calendário, só não risque meu nome do seu caderno.

11. A Histório é um calendário só de feriados.

12.Sai o calendário, a garota fica.


Porto Alegre, 19 de dezembro de 2021.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

sábado, 18 de dezembro de 2021

Na Natureza Selvagem

 


A natureza quando respeitada é sempre selvagem mesmo quando doméstica.

Explico. Doméstica porque em casa, sem ser domesticada, selvagem por sua plenitude.

Sabe disso quem tem o privilégio de morar no mato...

A exemplo de quem mora em um sítio ou passa as férias em uma pousada na Praia do Rosa - bom,  aí já é mais caro.

Outro lugar assim é ter uma casa com um terreno extenso na encosta de um morro com um limite de área construída.

Além do mato, bem perto, uma nesga de Guaíba refulge ao nascer e ao por-do-sol.

Outro privilégio é escrever esta crônica ao ar livre, no escritório do mato, ouvindo Cássia Eller acompanhada de uma orquestra de sabiás, caturritas e cigarras.

Nunca perdendo de vista o céu, entre as copas de árvores frondosas servindo de leques gigantes a nos abanar.

De repente, uma tesourinha voa atrás de um gavião carancho afastando-o do ninho!

E, muito importante, sem esquecer de retirar as folhas secas da calha...


Porto Alegre, 18 de deaembro de 2021.

Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Tapas e Beijos

 

Se queres dar uns tapas

Vá pra Espanha

Tapas são refeição rápida

Bem deliciosos.



Se queres ganhar uns beijus

Vá pra Bahia

Beijus são doces de côco

Bem saborosos.


Mas se for entre

Tapas e beijos

Vais parar mesmo 

Na casa de detenção.


Porto Alegre, 17 de dezembro de 2021.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Desgoverno


Melhor já ir procurando outro emprego.



Porto Alegre, 16 de dezembro de 2021.

Imagem: Albert Dubout, Pinterest

Edu Cezimbra

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

A Felicidade Não Se Compra

 


Esta semana li a introdução do livro de Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, "Povo, Poder e Lucro" onde defende um "capitalismo progressista" para superar "uma era de descontentamento".

Comentei com minha companheira que a proposta de Stiglitz para os EUA é a que os governos de esquerda aplicam na América Latina, pela excessão de não proporem o controle político da economia globalizada.

Ainda ontem, assisti um filme em preto e branco, antigo mesmo, sem pretensões a filme de arte, mas com a de contar uma boa história de Natal.

No desenrolar de "A Felicidade Não Se Compra" fui me dando conta que o filme contava a história de um "capitalista progressista" preocupado em apoiar a melhoria das condições de vida de todos os seus concidadãos.

O filme hollywoodiano, da década de 40, conta a história de um banqueiro que empresta dinheiro aos pais de família para que estes pudessem garantir um futuro melhor a seus filhos.

Ao que o banqueiro ambicioso  e cruel retrucava "não são meus filhos", dando a entender que pouco se lixava com o infortúnio das pobres crianças e de seus infelizes pais.

O drama do filme é sobre o personagem preocupado com o bem-estar e a felicidade dos seus semelhantes que se vê em dificuldades financeiras e pensa em suicídio até que um anjo sem asas vem em  seu auxílio.

A grande ajuda do velho anjo é mostrar como seria vida das pessoas que o banqueiro apoiu, sem ele.

Dou-me ao trabalho de transcrever um trecho da introdução do livro de Stiglitz para que o meu caro e raro leitor perceba a semelhança com o filme:

"As consequências dessa economia e dessa política deformadas vão além da economia; elas afetam não somente a nossa política, mas a natureza de nossa sociedade e identidade. Uma economia e uma política desequilibradas, egoístas e sem visão levam a indivíduos desequilibrados, egoístas e  sem visão. reforçando a fraqueza do sistema econômico e político."

 


Porto Alegre, 15 de desembro de 2021.

Imagem: cartaz  do filme, Google

Edu Cezimbra

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Disposições


 

Antônio das Mortes

Capitão Nascimento

O primeiro mata

e o segundo executa.


João Grilo 

Chicó

O primeiro mente

e o segundo acredita.


Lampião

Maria Bonita

O primeiro assalta

e o segundo gasta.


Policarpo Quaresma

Quincas Borba

O primeiro sonha

e o segundo filosofa.


D, Pedro I

D, Pedro II

O primeiro é novo

e o segundo velho.



Porto Alegre, 14 de dezembro de 2021.

Imagem: cena de Auto da Compadecida, Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Sexo, Dropes e Românticas

 

Foi um menino criado num rígido padrão moralista puritano.

Eram rigorosas as proibições ao álcool, aos jogos de azar e às "reuniões dançantes".

Enquanto os seus amigos curtiam roque, ele ficava nas canções românticas da rádio local.

Drogas que potencializavam as sensações do roque nas boates eram-lhe desconhecidas.

No máximo uns dropes, porta de entrada para drogas mais pesadas como o chocolate.

Como podem deduzir os meus caros e  raros leitores, sexo era tabu, assunto proibido.

O que não lhe impedia de pensar em sexo...

Naturalmente, diante de tantas restrições, o menino tornou-se um adolescente tímido e com dificuldades em sua vida social.

O namoro inocente era, para o rapaz, algo assustador.

O que pode parecer à primeira vista um caso perdido virou uma revolução sexual quando o rapaz saiu de casa e foi estudar em outra cidade.

Mas é forte essa "educação", parou na revolução sexual, saboreando  barras de chocolate e escutando MPB.

Através de seu filho ouviu pela primeira vez os Beatles e outros grupos de roque.

Quanto às drogas prefere uma caipirinha de cachaça, que a de vodka é muito forte...


Porto Alegre, 13 de dezembro de 2021.

Imagem: Angeli, Google

Edu Cezimbra

domingo, 12 de dezembro de 2021

Dor de Cotovelo

 


Se deres de beber

À tua dor, não dê mágoas,

Dá vinho, bom para esquecer.


Porto Alegre, 12 de dezembro de 2021.

Imagem: caricatura de Lupicínio, J.Bosco, Google

Edu Cezimbra

sábado, 11 de dezembro de 2021

A Lua e o Vagalume

 


O Vagalume se apaixonou pela Lua. 

Cheia, que quando Minguante o pequeno Vagalume nem via a Lua...

Uma noite de Lua Cheia pegou carona numa cauda de foguete, voou o mais alto possível, para declarar o seu amor.

- Ó, Lua, tu que és a mais bela estrela do céu, eu quero ser o Sol que te alumia.

A Lua Cheia, entre enternecida e divertida, não quis menosprezar o apaixonado Vagalume.

- Vagalume que me alumia, seria muito bom ser tua consorte, mas sou casada com a Terra.

- Com a Terra?!! - indagou, não conseguindo esconder sua confusão o pobre Vagalume.

- Sim, andamos juntas desde que nos formamos no curso de eternidades e, desde então, tenho muita atração pela Terra.

Percebendo a decepção do inocente Vagalume, a compassiva Lua Cheia procurou consolá-lo.

- Um vagalume só não consegue me iluminar, mas muitos fazem a noite mais romântica.

Foi depois disso que até a Lua Cheia se esconde atrás das nuvens para espiar os vagalumes a brilhar feito estrelas da Terra.

Moral da fábula: todos temos um brilho próprio.  


Porto Alegre, 11 de dezembro de 2021.

Imagem: Luiz Carlos Crocamo, Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

O Mundo e o Muro

 


A minha rua dá volta a um mundo colorido,

o meu quarto é quadrado em preto-e-branco.


Todo caminho infinito,

todo muro labirinto.


O mundo é colorido,

o quadrado  é preto-e-branco.




Porto Alegre, 10 de dezembro de 2021.

Imagem: Lisboa, Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A Sorte e o Azar

 



Azar Adu e Sorte Swa nunca se encontraram, até então, por serem de lugares bem distantes entre si.

Não será, apenas, pela distância quilométrica entre eles, não.

Ocorre que Sorte Swa é alta, corpo esguio, loira, olhas azuis e linda de se ver.

Já Azar Adu é baixo, corpo encarquilhado, grisalho e feio que só ele.

É claro que Sorte Swa ignora Azar Adu onde estiver...

Afinal, não é por nada, mas o que uma moça fina como Sorte Swa veria em um velho acabado como Azar Adu.

Foi o velho que viu a moça, exclamando incontinente:

- Eu queria acertar na sorte grande, seria muita sorte sua!

A moça se assustou: - como este velho desbocado sabe o meu nome?!

- Ainda bem que tu és um azarado!-  - reagiu, indignada.

Foi a  vez de Azar Adu se surpreender: - a fama me antecede - pensou, iludido.

A conversa acabou por aí, porque o encontro fortuito não proporcionou oportunidade de estabelecerem conhecimento mútuo.

Pudera, Azar Adu e Sorte Swa não tem nada em comum...

Veja como são as coisas na vida: sorte de um, azar do outro, não é mesmo?

Moral do apólogo: a sorte ou azar na vida depende do nome de cada um.



Porto Alegre, 8 de dezembro de 2021.

Imagem: Mr. Magoo, Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Terra



 

Terra, gordinha pressurosa,

corre apressada,

gira zelosa.


Porto Alegre, 7 de dezembro de 2021.

Imagem: Vênua de Willendorf, Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Perdidos na Noite

 


Anos atrás, assiti ao filme "Perdidos na Noite" e, depois de muito tempo, li o livro. Surpreendente livro...

A  leitura me faz valorizar, ainda mais, o trabalho de adaptação para o cinema  e a atuação dos dois atores: Dustin Hoffman e Jon Voigt, nos papéis de Ratso Rizzo e Joe Buck.

Lógico, o livro aprofunda muito o perfil psicológico das personagens, bem como o estado de espírito de ambos, diante das dificuldades para sobreviverem na gelada  Nova York.

Enquanto lia me lembrava de algumas cenas do filme com vontade de ver de novo...

Joe Buck é um solitário em função de sua oligofrenia enquanto Rizzo é um marginal devido ao abandono e deficiência física.

Joe sonha em ganhar um dinheiro fácil vendendo seu corpo para homens e mulheres da Big Apple.

Ratso é um descuidista que arranja algum através de pequenos furtos e malandragens.

O autor, James Leo Herlihy, apresenta-nos cada qual a seu tempo e lugar marcando seus comportamentos a partir de personalidades tão díspares.

E, justamente aí, nessas diferenças tão marcadas que se forja uma amizade de comover o leitor.

Joe deseja ardentemente ter um amigo em Rizzo, apesar das trapaças deste, enquanto Rizzo o acolhe por compaixão.

Enfim, quem já sofreu na vida pode se reconhecer nestes dois desajustados na luta deseperada pela sobrevivência na selva de  pedra.

Um livro surpreendente como escrevi no início e reafirmo no fim para estimular o interesse de meus caros e raros leitores.


Porto Alegre, 6 de dezembro de 2021.

Imagem: cena do filme, Google

Edu Cezimbra

domingo, 5 de dezembro de 2021

Sem Prosa


 


a poesia

tá com tudo e

não tá prosa


Porto Alegre, 5 de dezembro de 2021.

Imagem:Beth Conklin, Pinterest

Edu Cezimbra

sábado, 4 de dezembro de 2021

Fernando Morais, Bolchevique Carbonário

 


O escritor Fernando Morais em sua fala no projeto literário  "Diálogos Contemporâneos" prestou um depoimento contundente sobre o tema que lhe foi proposto: fake news.

Morais sabe muito de história, por dever de ofício, por isso apresentou uma linha do tempo desta praga emocional que contaminou as redes sociais.

Começou contando como a vitória de Trump, nas eleições presidenciais dos EUA, foi alcançada devido a uma campanha difamatória, sórdida e covarde contra a candidata Hillary Clinton.

Foi o mesmo tipo de campanha baseada em mentiras que elegeu Bolsonaro, disse Fernando Morais, sem papas na língua.

Assumidamente comunista, autointitulando-se bolchevique, confessou que seus amigos próximos já estão chamando-o de carbonário.

Porém, um "bolchevique carbonário" que pratica a satyagraha de Gandhi porque todo seu discurso é baseado na Verdade.

Conclamou todos os ouvintes para que façam a campanha de Lula embasados nos dados de seus governos, por exemplo, a verdade de que tirou 40 milhões de brasileiros da miséria, bem como a farsa jurídica que o condenou sem provas.

Não recomenda o terror na campanha, como faz Bolsonaro, ameaçando metralhar petistas, mas o convencimento dos eleitores com estes dados que estão à disposição na internet.

Só não falem do Moro para ele... Dona Solange, presente ao encontro com o escritor, comentou que não votaria nem em Lula nem em Bolsonaro. Foi carbonizada pelo escritor, que justificou o epíteto conferido a ele.

Termino este breve relato com o meu muito obrigado a Fernando Morais por falar verdades que muitos não tem coragem de dizer e que outros não querem ouvir...


Porto Alegre, 4 de dezembro de 2021.

Imagem: Nexo Jornal, Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Machado

 


"O melhor dos bens é o que não se possui", escreveu Machado de Assis; digo eu - o melhor dos bens é o Bem Comum -, ao que o afiado autor rebateria com o "contentamento traz derramamento".

Como é cortante este Machado, bem ao gosto de Dostoiéviski!


Porto Alegre, 3 de dezembro de 2021.

Imagem: K. Gayvoronskaya, Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Quixote nas Torres Gêmeas


Dom Quixote, eterno lutador, através da literatura, sobe nas Torres Gêmeas da Justiça e da Verdade.


Porto Alegre, 2 de dezembro de 2021.

Imagem: Alireza Darvish, Pinterest

Edu Cezimbra

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Bosco

 


Bosco é um filme ítalo-uruguaio sobre ancestralidade e busca das raízes familiares.

Orlando, um "nonno" de 103 anos (!) orienta sua neta, Alicia Cano Menoni, sobre a visita que fará à "famiglia Menoni" em Bosco, na região de Massa Romagna", na Itália.

Alicia, cineasta, com uma câmera na mão, registra de forma poética a vida, os costumes e as tradições dos 13 habitantes de Bosco, situado entre montanhas e bosques de castanheiros.

Mais que documentário, o filme é um drama histórico atravessado pelas memórias fragmentadas de seus parentes italianos distantes e de seus avós uruguaios, moradores do "glorioso Salto", que aos poucos vão se juntando.

Há sequências hilariantes como as do trato dos animais domésticos e sobre o convívio entre os idosos do povoado.

O dialeto falado na região soa muito familiar aos descendentes de italianos do sul do Brasil.

Eis um filme que mereceu os prêmios recebidos em mostras competitivas mundo a fora, porque vai além da identidade nacional para retratar a nossa humanidade.

Bosco concorre no Festival Cine Ceará retransmitido pelo Canal Brasil.




Porto Alegre, 1º de dezembro de 2021.

Imagem: cena do filme, Google

Edu Cezimbra

As Batatas

 


"Ao vencedor, as batatas!" - mas, por óbvio, não foi dito: 

sem matar de fome os plantadores de batatas.


Porto Alegre, 1º de dezembro de 2021.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Novembro em poucas frases

 


*

Mais vale um sonho na mão do que dois fritando.

*

Tem torcedor preocupado com o rebaixamente de seu clube do coração para a série B sem se dar conta que o pior rebaixamento para a segunda divisão foi do Brasil do Bolsonaro.

*

Terra, gordinha pressurosa,

corre apressada,

gira zelosa.

*

Nem faz ideia nem o idealista nem o ideólogo.

*

Bolsonaro não gostou da prova do ENEM porque viu e não sabia nada ou não viu porque sabia que seria reprovado?

*

Se a prova do ENEM vai ter a cara do desgoverno Bolsonaro vai ser uma prova do crime.

*

A brisa suave transforma as copas das árvores em leques verdes que refrescam o dia.

*

Leis científicas são descobertas, leis religiosas são reveladas, enquanto as leis parlamentares são compradas.

*

O que vem antes: a miséria material ou a miséria mental? - é como perguntar sobre o ovo e a galinha...

*

Se "Lula flerta com o autoritarismo", o Moro é 'conje'.

*

Autoestima é bom, desde que não te superestimes.

*

Nuvens de temporal fazem o sol adiantar o seu crepúsculo, mas de um modo fulgurante.

*

Melô do Bozo: "Osso Terrível".


Facebook, novembro de 2021.

Charge: Nando Motta, Facebook

Edu Cezimbra