Quem inova é que faz o Ano Novo, mesmo postumamente.
Porto Alegre, 30 de dezembro de 2023.
Imagem: Van Gogh, Museu d'Orsay
Edu Cezimbra
Blog de Eduardo Sejanes Cezimbra para escrever sobre a vida, rascunhando impressões, como se manuscrito com caneta-tinteiro e mata-borrão. "Escrevo porque preciso, publico porque amo."
Quem inova é que faz o Ano Novo, mesmo postumamente.
Porto Alegre, 30 de dezembro de 2023.
Imagem: Van Gogh, Museu d'Orsay
Edu Cezimbra
"O medo. O medo está ali presente, maciço e estúpido, e não se esconde. Fogo no rabo e não se poder correr. Apenas alguma coisa se pode contra ele: recusá-lo; uma carta enviada pelo diabo e que se recusa. "
Georges Arnaud, no livro "O Salário do Medo", discorre com propriedade sobre o medo em uma situação explosiva.
Afinal, transportar nitroglicerina em um caminhão é literalmente uma situação explosiva.
Longe de mim querer assustar meu caro e raro leitor, portanto falarei figurativamente do medo.
Há quem tenha medo do salário mínimo, há quem tenha medo de perder o salário...
Muitos se submetem a trabalhos perigosos para conseguir um bom salário, tanto que muitos morrem por ele.
O medo é recusado, escreve George Arnaud, porém estará sempre à espreita.
Sabemos que o medo é instintivo, o instinto de sobrevivência é forte, com instintos não se discute.
Então é preciso recusá-los e o risco da recusa é aguçar Tânatos, a pulsão da morte.
Inegavelmente, vivemos tempos perigosos por conta da situação explosiva como sabem os que ainda mantém o instinto de sobrevivência...
No fim, o medo da morte não é a morte do medo, embora a recusa...ou melhor, "enquanto há esqueleto há esperança", escreve sarcasticamente, Georges Arnaud.
Porto Alegre, 28 de dezembro de 2023.
Imagem:cena do filme "O Salário do Medo"
Edu Cezimbra
O ano voou
Depois cansou e pousou
Não era mais novo
Porto Alegre, 27 de dezembro de 2023.
Imagem: Dario Sanches
Edu Cezimbra
"Contra a azia e a melancolia use Brás Cubas, o milagre de cada dia!"
Machado de Assis já zombava da publicidade ou a fundou?
Porto Alegre, 19 de dezembro de 2023.
Imagem: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Edu Cezimbra
Ao se ver no espelho
vislumbra passado e futuro
no presente de um velho
o passado é seguro
e o futuro é incerto
O tempo é idoso circunspecto
não gosta nada do espanto
não apresenta bom aspecto
gosta mesmo é do seu canto
aprendeu a ficar quieto
Porto Alegre, 18 de dezembro de 2023.
Imagem: Cronos
Edu Cezimbra
A noite chegou mais tarde arrebatada por um céu cheio
de nuvens rosadas de pôr do sol
Porto Alegre, 17 de dezembro de 2023.
Imagem: pôr do sol em Porto Alegre
Edu Cezimbra
As instituições são sólidas - mesmo quando em ruínas -, em outras palavras: tudo que é sólido vira ruína.
Porto Alegre, 16 de dezembro de 2023.
Imagem: Fórum romano
Edu Cezimbra
"Depois de bater com a cabeça em incontáveis paredes e muros, em busca duma saída para o tipo de liberdade com que sonhava, cheguei à conclusão de que essa liberdade é um mito, e de que o homem deve ser responsável não só por si mesmo como também até certo ponto pelos outros. Não existe o ato gratuito."
Floriano Cambará, é o"alter-ego" de Erico Verissimo, citado por Flávio Loureiro Chaves no livro "Erico Verissimo: o escritor e seu tempo".
O ato gratuito a que Erico se refere é o que se pode chamar de ato irresponsável tão ao gosto dos individualistas.
Em outras palavras: todo ato cobra seu preço...
Não há moralismo nessa constatação; ética sim.
Ética tão presente no escritor humanista que sabia ser Erico Verissimo.
Em toda sua obra lemos sobre atos irresponsáveis e suas consequências desastrosas.
Além de ser um "contador de histórias" como ele mesmo se apresentava, Erico soube como ninguém trazer as questões do seu tempo com suas duras e amargas lições.
Remédio amargo contra as edulcoradas mentiras de nossa época tão manipulada pela publicidade e mídia comercial.
Portanto, estou voltando a reler Erico Verissimo. Quem me acompanha nessas histórias tão bem contadas?
Porto Alegre, 15 de dezembro de 2023.
Imagem: livros de Erico Verissimo
Edu Cezimbra
Saímos de Pelotas pela manhã, em ônibus fretado pelo TRE-RS, rumo à Pedras Altas.
O motivo da viagem era visitarmos o Castelo de Assis Brasil, onde há 100 anos foi assinado o Pacto de Pedras Altas, que pacificou os gaúchos depois da Revolução de 23.
Acredite, na Serra do Herval, município de Pedras Altas, ergue-se um imponente castelo.
Reza a lenda que o castelo no Pampa foi construído para cumprir a promessa de casamento de Joaquim Francisco de Assis Brasil feita à sua noiva de que teria uma mansão digna de sua beleza.
A paisagem que cerca o Castelo de Assis Brasil é uma atração a mais.
Quem sai de Pelotas rumo à Pedras Altas logo contemplará uma paisagem de encher os olhos.
Região contígua à Serra do Sudeste, uma das regiões mais preservadas do RS, com muitas serras, matas e rios faz parte do Escudo Rio-grandense.
As pedras afloram altas do solo granítico conformando um cenário de rara beleza natural.
Fazem parte da paisagem os grandes rebanhos de ovinos, bovinos e equinos com ares dos Campos de Cima da Serra, com pouca densidade demográfica.
Chegando ao Castelo de Assis Brasil logo percebemos que ele e sua família são uma excepcionalidade entre as famílias da "nobreza rural" gaúcha.
Basta dizer que a biblioteca do castelo conta com mais de oito mil livros, entre eles, enciclopédias, obras de Darwin e raras edições ilustradas da "Divina Comédia" de Dante.
Em outra sala um piano nos recorda os serões musicais da família com as partituras de óperas e sinfonias.
Toda essa atividade artística e cultural após uma dura lida de campo com a família trabalhando ombro a ombro com a peonada.
Chama a atenção do visitante os alojamentos dignos para os empregados, dispondo até de lareira, entre tantas do castelo, sempre adornadas com um verso ou aforismo de Assis Brasil.
Nas calçadas de acesso ao castelo de Assis Brasil, os versos que sintetizam o seu ideário de vida:
"Bem-vindo à mansão que encerra
Dura lida e doce calma:
O arado que educa a terra,
O livro que amanha a alma."
Após um farto almoço regado com um vinho fino produzido em Pedras Altas fomos visitar o cemitério da Família Assis Brasil.
Os túmulos são simples, sem adornos, talhados em granito, espelhando a fortaleza moral e ética dos que ali jazem.
Voltamos à Pelotas cansados mas com a alma amanhada...
Porto Alegre, 14 de dezembro de 2023.
Imagem: arquivo pessoal
Edu Cezimbra
Do Ser
Só sei que nada
Sei
Do saber
Só sei que nada
Sou
Do Nada
Só sei que sou
Ninguém
Do Mais
Só sei que sou
Menos
De tudo
Só sei que sou
Pouco
Porto Alegre, 12 de dezembro de 2023.
Imagem:DeviantArt
Edu Cezimbra
O pior da negação da realidade é a negação do futuro.
Porto Alegre, 6 de dezembro de 2023.
Imagem: A Era da Estupidez
Edu Cezimbra
Poema aberto
Tão incerto
Quanto breve
Verso livre
Sem métrica
Sem rima
Se aproxima
Da poética
Através do ritmo
Da palavra
Porto Alegre, 5 de dezembro de 2023.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
Minissérie da Netflix "Olhos que Condenam" conta o caso que ficou conhecido como "os 5 do Central Park" no qual 5 adolescentes negros do Harlem foram condenados pelo estupro de uma corredora do parque nova-iorquino.
Os 5 jovens negros participavam de um rolezinho no parque onde foram detidos pela polícia por perturbação da ordem pública.
O pesadelo começa quando uma detetive, ao invés de encaminhá-los à Vara de Família os leva para a delegacia onde são submetidos à tortura psicológica e física.
O caso despertou uma onda de indignação entre a população negra de Nova Iorque pela forma racista como a investigação foi conduzida.
A minissérie conta com detalhes como se deu o processo penal eivado de erros jurídicos que condenou os 5 adolescentes negros reportando o desespero e a impotência dos familiares e amigos dos jovens negros.
Até o demagogo Trump vira personagem quando exige o retorno da pena de morte para os adolescentes negros.
Para ter uma ideia desse processo kafkiano basta saber que os adolescentes cumpriram penas entre 6 e 14 anos.
"Olhos que condenam" causa uma sensação de angústia ao vermos a tremenda injustiça perpetuada contra esses jovens negros que tiveram suas vidas destruídas por um sistema penal racista e desumano.
Para "os 5 do Central Park" ficou a amarga lição de que um rolezinho no parque pode ser deveras perigoso...
Porto Alegre, 3 de dezembro de 2023.
Imagem: divulgação
Edu Cezimbra