domingo, 31 de dezembro de 2017

60 anos casados



60 anos de vida já é um tempão, imagina 60 anos de vida juntos...

Precisaram viver muito para chegar a esse "recorde" das "Bodas de Diamante"!

Diamante, joia preciosa, inquebrável... 

Os "noivos" mereceriam, então, alianças de diamante!

Mas, para mim, quem comemora mesmo as "Bodas de Diamante" são os filhos, netos e bisnetos.

Sim, porque é uma benção termos vivos, "lépidos e fagueiros" os pais, avós e bisavós por 60 longos anos.

Então, neste final de ano, estaremos todos juntos comemorando com meus velhos e amados pais, Nancy e Caco Cezimbra, esse casamento que já "rendeu" 2 filhos, 2 noras, 5 netos e 3 bisnetos.

Todos se farão presentes! 

Não poderia faltar uma poema em homenagem a estas Bodas de Diamante, ilustrado pela bisneta Íris, manuscrito por mim e que será entregue ao casal:


BODAS DE DIAMANTE

Para eternos amantes
Um poema de momento
Celebrando o casamento
Com aliança de diamante.

Cada ano uma lembrança,
Sessenta anos juntos,
Tecendo sempre em conjunto
Uma história de esperança.

Sonhos de casamento
Viraram realidade
Para em cada momento 
Viver a felicidade.

Para fechar a história
Fica para sempre marcante
Em nossa boa memória
Estas Bodas de Diamante!


Porto Alegre, 31 de dezembro de 2017.

Foto: casamento de Nancy e Caco

Edu Cezimbra

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Eduardo Galeano de Veias Abertas



Dono de um estilo jornalístico, dotado de uma escrita objetiva e ao mesmo tempo lírica, sempre voltado a questões sociais e da história de injustiças que marcaram os povos do continente americano, escreveu “As Veias Abertas da América Latina”, livro que se tornou uma referência sociológica e política para muitos estudiosos da realidade latino-americana.
Eduardo Sejanes Cezimbra
O premiado escritor uruguaio, Eduardo Galeano, autor de livros traduzidos em diversos países, morreu em um hospital de Montevidéu, lutando contra um câncer. Eduardo Hughes Galeano nasceu em Montevidéu, em 3 de setembro de 1940, onde exerceu várias atividades como narrador, ilustrador e jornalista em jornais de esquerda como ‘El Sol’ e ‘Marcha’, também foi diretor de ‘Época’. Em 1973, exilou-se na Argentina, onde fundou e dirigiu a revista ‘Crisis’. Também viveu na Espanha, ate retornar ao Uruguai em 1985, residindo desde então em Montevideu.
Dono de um estilo jornalístico, dotado de uma escrita objetiva e ao mesmo tempo lírica, sempre voltado a questões sociais e da história de injustiças que marcaram os povos do continente americano, escreveu “As Veias Abertas da América Latina”, livro que se tornou uma referência sociológica e política para muitos estudiosos da realidade latino-americana.
Reeditado e traduzido em 20 idiomas, foi um livro cercado de muita polêmica, ataques e defesas apaixonadas pelo seu conteúdo de denúncia contra o colonialismo hispânico e o imperialismo norte-americano.
Escreveu um pequeno romance – ‘Los dias seguientes’ – e contos – ‘Los fantasmas del dia de león’ – em que já primava pelos voos da imaginação e pelo simbolismo. Escritor muito devotado às questões políticas, tem obras retratando a China de 1964, a Bolívia e a Guatemala. Demonstra toda sua perícia de escritor no uso de lendas, fatos e anedotas, extraídos da cultura popular, resgatando histórias de lutas, opressões e costumes dos povos latino-americanos e ibéricos.
No Brasil, tem uma longa lista de livros editados: ‘De pernas pro ar’, ‘Dias e noites de amor e de guerra’, ‘Futebol ao sol e à sombra’, ‘O livro dos abraços’, ‘Trilogia Memória do Fogo: Os nascimentos’ (vol.1), ‘As caras e as máscaras’ (vol.2) e ‘O século do vento’ (vol.3), ‘Mulheres’, ‘As palavras andantes’, ‘O teatro do bem e do mal’ e ‘Vagamundo’.
Em marco, de 2015, já combalido pela doença, recebeu em sua casa a visita do presidente da Bolívia, Evo Morales. A noticia de sua morte, rapidamente tomou as manchetes dos principais jornais do mundo, comprovando o quanto era lido e reconhecido.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Gabriel García Márquez, Escritor Subversivo ao Establishment


Certa vez, confessou ao seu então amigo também escritor Mario Vargas Llosa que “não conhecia nenhuma boa literatura que não fosse para subverter os valores estabelecidos”.
Eduardo Sejanes Cezimbra
Gabo, como era carinhosamente chamado por seus amigos, morreu na Cidade do México, em 2014, aos 87 anos, vítima de uma pneumonia.
A obra do colombiano Gabriel García Márquez foi mundialmente reconhecida com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1982.
Considerado o expoente máximo do “realismo mágico”, a partir de sua obra-prima “ Cem Anos de Solidão” foi um dos escritores latino-americanos mais lidos no “boom literário” nos anos 60 e 70 da América Latina no mundo, especialmente na Europa.
Entre suas obras literárias destacam-se “Cem Anos de Solidão”, “Outono do Patriarca”, “Amor no tempo do cólera”, “Ninguém escreve ao coronel” , “Crônica de uma morte anunciada” e sua auto-biografia “Viver para contar”.
Filho de família pobre, sua infância e adolescência foi cercada de muitas dificuldades financeiras. Viveu um tempo com seus avós na cidade colombiana da Aracataca, onde se deixou contagiar pelas crenças e superstições de seu povo. Muito se credita o realismo mágico de suas obras às histórias que ouvia, cheias de fantasias, assombrações e conversas com mortos.
Certa vez, confessou ao seu então amigo também escritor Mario Vargas Llosa que “não conhecia nenhuma boa literatura que não fosse para subvertes os valores estabelecidos”.
Junto com uruguaio Eduardo Galeano, o gaúcho Erico Verissimo e o baiano Jorge Amado, foram escritores que mais levaram as questões políticas e sociais de seus povos para a literatura, em livros que denunciam os crimes perpetrados contra os humildes, como “o massacre em Macondo” de “Cem Anos de Solidão”.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Comentário vespertino de leitura matinal



As maravilhas que a ciência tem conseguido realizar, por intermédio das artes técnicas, no campo da mecânica e da indústria, têm dado aos homens uma crença de que é possível realizá-las iguais nos outros departamentos da atividade intelectual; daí, o orgulho médico, que, não contente de se exercer no âmbito da medicina propriamente, se estende a esse vago e nebuloso céu da loucura humana.Eu tinha muito medo do meu médico da secção Pinel; ele tinha o orgulho e a fé na sua atividade intelectual, e os pontos de dúvida que deviam tirar do seu espírito o sentimento de sua evidência, pareciam que antes reforçavam-no.
O excerto acima é do livro de Lima Barreto, "Cemitério dos Vivos", onde o escritor brasileiro do início do século XX, narra sua vivência como interno do "Hospício Nacional", no Rio de Janeiro.

O texto questiona a "ciência" psiquiátrica da época com a agudeza de quem, além de escritor, tem formação científica qualificada. Em síntese, epistemologia.

O medo ao médico da secção Pinel do hospício é assim justificado por argumentos racionais irrefutáveis.

O que Lima Barreto aponta é que os muitos erros médicos e a brutalidade terapêutica que tanto marcaram o campo da psiquiatria no século passado poderiam ser evitados se o orgulho e a fé cega em princípios científicos fosse equilibrada com a escuta dos pacientes e leigos.

Na época, Freud e Jung já exerciam sua atividade médica através da psicanálise e obtinham bons resultados através da escuta de seus pacientes.

Muitas décadas depois, Nise da Silveira, psiquiatra brasileira, obtém significativas melhoras nos internos da Colônia de Alienados de Engenho de Dentro, também no Rio de Janeiro de Lima Barreto, valendo-se dessa escuta tão desejada pelo sofrido escritor.

Fico a imaginar o encontro de Lima Barreto com Nise da Silveira, o quanto teriam para conversar e aprender um com o outro, e como isso faria bem a todos nós, internos desse imenso e insano Hospício Nacional...


Porto Alegre, 21 de dezembro de 2017.

Imagem: Instagram

Edu Cezimbra








quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

As ironias das histórias


As ironias das histórias não são a mesma coisa que "a ironia da história". veja bem...

De fato, uma história irônica pode não contemplar a ironia da história.

Até porque as ironias das histórias - pelo que noto - não são compreendidas pelos que provocam a ironia da história.

É que, visto por esse ângulo, a ironia da história não tem nenhuma graça para quem a sofre...

Por exemplo, quando um manifestante contra o PT e o governo Dilma, após o "impeachment" que tanto apoiou,  sofre as perdas dos direitos trabalhistas e previdenciários.

Uma das ironias das histórias que me lembro é a do Rei Ricardo III de Shakespeare exclamando "meu reino por um cavalo!".

Seria, nessa história, uma ironia consigo mesmo, com o seu reino ou com o seu cavalo, - como sabê-lo?

"Bandido bom é bandido morto" é uma expressão corriqueira para muitos "cidadãos de bem" até o momento em que estes é que são mortos...

Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.


Perceba a ironia de Carlos Drummond de Andrade nesses versos de "A Morte do Leiteiro"...

O que me impressiona é que este é um poema escrito há muitas décadas atrás e, quem ele chamava de "gente ruim", hoje se autoproclama "cidadão de bem", por ironia da história.

Talvez, se vivo fosse, Marx diria que a história se repete como ironia...


Porto Alegre, 20 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Formatura na "Belíndia"

“SE TU ÉS NEUTRO EM SITUAÇÃO DE INJUSTIÇA, TU ESCOLHESTE O LADO DO OPRESSOR”. 

DESMOND TUTU



"Belíndia" - quem é mais velho e politizado lembra desse neologismo empregado para designar o Brasil há uns 30 anos atrás.

Explico: o Brasil é um país em que uma minoria desfruta de uma boa vida enquanto a maioria esmagadora de sua população vive na miséria.

Com a abrupta queda na miséria de 23 milhões de brasileiros, nos últimos 2 anos, ainda mais, com 1% da população açambarcando 30 % da renda nacional, volta a ser operativa essa noção do Brasil como uma "Belíndia".

Por dever de ofício fui a uma formatura de ensino médio de uma escola privada religiosa em Porto Alegre.

E o que me ocorreu depois de presenciar a formatura é que essas escolas fazem todos acreditar que seus filhos e parentes estão se formando na Bélgica... A "Índia" está bem ali perto, no lixo acumulado no canteiro da avenida, em que pessoas "habitam", mas não "interessa".

O "senso crítico" ensinado pela escola e tão propalado pela diretora da escola não aparece nem no discurso dos oradores das turmas nem no discurso da professora paraninfa.

Tudo gira em torno de "anedotas" e "momentos inesquecíveis" de uma família que é unida, embora brigue muito.

Os "momentos inesquecíveis" parecem intencionalmente esquecer a dura realidade da vida em um país iníquo e cruel com a maioria de seu povo.

Em poucas palavras, assim foi a formatura de "ensino médio", ou pior, de "ensino medíocre"  na "Bélgica" da qual fui testemunha.

"Estar ao lado dos pobres é evangelho, e não comunismo", apregoa o Papa Francisco, liderança máxima dessas congregações religiosas dedicadas ao ensino, mas acontece que elas estão mesmo ao lado dos ricos, ou melhor, da classe média branca.

Esse é outro "detalhe" que impressiona: nenhum negro entre os formandos. A maioria loira, alta, orgulhosos descentes de europeus - ainda com pompa de colonizadores -, embora colonizados.

A conclusão a que se chega é que uma escola privada de ensino religioso não toca nestas questões "melindrosas" para não afastar seus futuros "clientes" e potenciais opressores do povo pobre e oprimido deste país.


Ainda hoje de manhã compartilhei essa nota à imprensa do "ÓI Nóis Aqui Traveiz", da década de 80 (atualíssima), citada pela amiga Sandra Alencar, em seu livro "Atuadores da Paixão":

"Os pretensos defensores da doutrina cristã consideram imoral o corpo nu de um ator numa manifestação, mas defendem a imoralidade das taxas exorbitantes que geram lucros cada vez maiores para sua instituição".

Meu caro e raro leitor, perdoe-me o tom panfletário dessa crônica, mas entenda como um desabafo particular desse "leitor metido a escritor", que não deixa passar em branco cenas tão patéticas quanto deploráveis.


Porto Alegre, 18 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Amor no tempo da guerra


- Não gosto de filmes de guerra, muito violentos, diz uma amiga.

- Prefiro filmes de amor, conclui taxativa.

Já reparou que os filmes de guerra falam muito de amor?

- Todos?

Bom, só os que começam antes de iniciar os combates... E filmes de amor também tem muita guerra.

- Guerra dos sexos, gargalha minha amiga.

Filmes pacifistas falam muito de guerra contrapondo-a com o amor.

- Faça amor, não faça guerra, sei...

Uma pitada de filosofia ajuda: a guerra não é o oposto da paz, e sim o oposto da estagnação...

- Sério? Mas o que tem a ver com o amor?...

Voltando ao cinema: já reparou como os filmes de guerra (ao menos os antigos) tem histórias de amor, de separação e de esperança que a pessoa amada sobreviva e retorne são e salva (ou apenas manco de uma perna)?

- Já te falei que não assisto filmes de guerra!...

E dramas te agradam? Então, todos, digo, muitos filmes de guerra são dramas. A história do soldado solitário que encontra o "amor da sua vida" em um país distante e depois de ferido em combate volta para os braços da amada e a encontra com um bebê rechonchudo...

- Ai, pára, já estou quase chorando... Que filme é esse? 

Nem lembro o nome, mas posso te passar uma lista de filmes de guerra com muito amor...

- Ah, faz favor!...


Porto Alegre, 15 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra







A poesia é a minha história



Poesia de aniversário da minha netinha Íris, 6 anos, para Vovô Eduardo, 59 anos, já posso me aposentar!

A poesia é minha história
Sempre fui ao gostar da poesia
O céu da minha poesia
Sempre foi o amor
Isso é muito legal
Em três partes desta hora
muito feliz,
porque esse dia eu nasci
com muito amor e carinho.

Da tua neta Íris (assinado por ela)

Porto Alegre, 15 de dezembro de 2017.

Foto: Francisco Cezimbra

Transcrição: Flora Cezimbra

Íris Cezimbra Armbrust

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Um escritor é leitor assíduo



Sempre se diz que para escrever é preciso antes ler muito. E, de fato, a maioria dos escritores tem uma longa lista de livros lidos e de autores preferidos que influenciaram a sua escrita.

Digo isso, e acrescento um outro aspecto: quando comecei a escrever regularmente neste blog, percebi que as minhas leituras tornaram-se mais conscientes e inspiradoras.

Isto é,  quando se torna escritor, as palavras dos outros são lidas com mais cuidado e atenção.

Assim, quando releio um livro, ele me aparece novo e me pergunto o quanto tinha perdido de palavras e frases de rara qualidade literária.

Dou-me conta que quando se deixa de ler atentamente os bons livros ocorre um tremendo desperdício e uma falta de consideração para o seu autor.

Não falo em desconsideração pessoal (temos esse escritor em alta conta), mas naquela que gera a perda de sentido das palavras em frases plenas de poesia  - escritas com muito labor e dedicação -, reforça-se.

Quando lidas com o devido respeito, então o escritor exclama: - Gostaria de ter escrito essa frase!

É sabido que os escritores tem inveja quando leem livros ou blogs de outro escritor. 

Bem, mas isso não é "privilégio" dos escritores; é "humano, demasiado humano", embora faça do escritor  um leitor assíduo de suas próprias palavras.

Ao menos, sei que alguém lerá as minhas palavras escritas com tanto labor e dedicação...


Porto Alegre, 13 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


Poemas


Porto Alegre, 13 de dezembro de 2017.

Design: Fotor

Edu Cezimbra

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Humor e Vida Nacional


Luis Fernando Veríssimo é um escritor por demais apreciado por suas crônicas e contos recheados com muito humor e ironia.

Por isso foi convidado para uma mesa-redonda sobre humor e contou que certa ocasião Millôr Fernandes leu um discurso repleto de palavras edificantes sobre paz, entendimento entre adversários e justiça social.

Ao concluir o discurso foi muito aplaudido. Depois dos aplausos revelou que tinha lido o discurso do general Médici, presidente imposto pela ditadura militar brasileira, com um dos governo mais repressivos e cruéis que os brasileiros já sofreram.

Citou dados sobre a desigualdade social no Brasil mostrando que o país era o último colocado nesse ranking vergonhoso, atrás de Botswana.

E, com sua fina ironia, alertou a todos os presentes que diante dessa incoerência entre o dito e o feito existia um risco muito grande de as pessoas descambarem para um cinismo absoluto no qual não se acredita em mais nada nem em ninguém. Isso  lá por 1995...

Verissimo falou muito sério em uma mesa-redonda sobre "Humor e Vida Nacional".

Pois é, mas parece que ninguém levou muito a sério Luis Fernando Veríssimo, um refinado humorista...

Porto Alegre, 12 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Diário de Um Ladrão


Logo de cara já te avisam que Jean Genet é "ladrão, homossexual e prostituto", na contracapa do notável "Diário de Um Ladrão", livro de sua autoria.

A bem da verdade, diga-se que não é uma chamada sensacionalista da editora.

Nas primeiras linhas já se sabe que Jean é tudo isso - e "mais um pouco"...

Um escritor de mão cheia, um talento literário excepcional reconhecido pela elite intelectual francesa da época, entre eles, Jean-Paul Sartre e Jean Cocteau.

"Diário de Um Ladrão" é desse livros que se devora (ou te devoram). Lá por volta da página 200 estava esse leitor metido a escritor a se perguntar: qual seria a síntese dessa obra-prima da literatura universal?

Eis que ela surge "magicamente" nesse exato momento: "...este livro é o último. Estou à espera de que o céu despenque na minha cuca. A santidade consiste em fazer servir a dor. É forçar o diabo a ser Deus. É conseguir o reconhecimento do mal." 

Aqui para nós, nem sei se Jean concordaria comigo (nem interessa) que essa citação capta a essência do livro.

Mas, o caro e raro leitor há de convir, que é uma chave para o entendimento do livro...

Um parêntese: o que diria a psicóloga que condenou a vida privada de Cazuza à execração pública pelas redes sociais se lesse Jean Genet? - Desconfio que não recomendaria o livro, recomendaria?...

A vida e a obra de Jean Genet foi  julgada, a primeira pela justiça francesa; a segunda pela crítica literária.

Jean foi preso e condenado a trabalho forçados e não se queixa disso, pelo contrário...

Já a sua  literatura é altamente considerada, e ele também não se queixa disso, não.

Para Sartre, sua poesia "não é uma arte literária, é um meio de salvação".

Também - digo eu... Para "moi","Diário de Um Ladrão" é além de uma obra literária, uma "obra libertária", figurativa e literalmente, já que graças a um manifesto de intelectuais franceses e europeus, Jean Genet foi libertado da desumana prisão francesa da época pela sua relevância artística e cultural.

Como pretendia, tornou-se uma lenda...


Porto Alegre, 11 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra



 


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Jogo de Bola



Passa! Passa!
Gritava a gurizada
Para o fominha de bola
Que a bola não passava
Até chutar lá pra fora...

Rola a bola
No campinho
Chuta! Pega, larga
Lá vai ela para cima
Pra cair devagarinho...

No campinho da esquina
Tinha jogo de bola
Todo dia de tardinha
Era depois da escola
A pelada da turminha.

A bola era de plástico
Não precisava ser couro
Para nós valia ouro
Triste quando furava
Numa cerca de espinho.


Parecia um tatu-bola
Quicando pelos buracos
Não tinha gramado
O nosso campinho
Era bem inclinado.

Jogavam bola
Na subida
Ou na descida
Dependia do lado
Quem ganhava…


Tinha mais guanxuma
Do que grama
Tinha muro de madeira
Não tinha bola fora
Do outro era ladeira.


O jogo de bola
Não tinha hora
Pra acabar
Era até 10
Era 5 pra virar…

De vez em quando
Era uma disparada
Quando a vidraça
Do vizinho
Era quebrada.

Pela bola ser redonda
Parecia nosso mundo
Embora gritassem gol
Não era futebol
Era só jogo de bola!

Porto Alegre, 7 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Aventuras


Quem não sonha com aventuras? 

Heróicas, emocionantes, cheias de surpresas e alternâncias.

Quando crianças, então...

Quando adultos, as "aventuras" geralmente viram "desventuras".

Brigas, separações, divórcios litigiosos, tudo por culpa de uma "aventura":

- Bem, foi só uma "aventura", nada mais...

- Sei, pois agora virou uma "desventura"!

Crianças criam aventuras, aventuras criam crianças...A brincadeira de criança vira criança por "brincadeira".

Crianças, adolescentes, adultos têm nas fantasias uma fonte de prazer a partir da imaginação.

No caso de crianças é uma fonte de prazer. Porém, no caso de adolescentes e adultos pode virar fonte de desprazer, caso não sejam tomadas medidas de precaução.

De uma certa forma, adolescentes e adultos seguem pensando como crianças, já que não medem as consequências de suas aventuras, sejam sexuais, políticas ou econômicas.

A figura de aventureiros nessas categorias pode acabar em tragédia, como sabem os que acompanham criticamente os acontecimentos mundiais.

As lições aprendidas pelas antigas gerações são esquecidas pelas novas, e até mesmo pelos adultos que se informam pela mídia manipuladora.

Assim caminha a humanidade, desaventuradamente...

Porto Alegre, 06 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Enfim sós!



"Enfim sós!"

Quem já não exclamou essa expressão altamente romântica repleta de segundas intenções...

Quantos recém-casados não falaram "enfim sós!" em sua lua-de-mel?

Clichê, diria você? Talvez, mesmo assim, consensual nessas ocasiões convencionais...

Além disso, quem mais falaria "enfim sós"?

Um casal de idosos depois que os filhos saíram de casa...

Um motorista e um cobrador depois de muitas viagens em um ônibus superlotado...

Um par de dançarinos de tango depois de uma apresentação em uma casa de espetáculos cheia...

Enfim, só os que lidam em meio a muita gente poderiam usar essa expressão tão "clichê"...

Obviamente, sabemos, que não utilizam o "enfim sós!" nesses momentos.

A não ser que sejam namorados, amantes ou atores em comédias românticas, enfim...

Quem mais?...

Desconfio que um escritor poderia usar a expressão em seu processo criativo ao teclar um diálogo imaginário com seus personagens.

"Enfim sós", todos os que necessitam do silêncio e do isolamento para exercerem a humana função de criador e criatura... 


Porto Alegre, 4 de dezembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra