sábado, 28 de abril de 2018

Ato falho



Sou assumidamente falível.


Assumo minhas falhas,


Como quem almeja a falibilidade.


Se não me falha a memória


Só não falha quem não tenta.


Em um ato falho


Confesso que sou falho...



Porto Alegre,28 de abril de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra 

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Mensagem psicografada de Tiradentes


Um médium em plena "sessão espírita" psicografa mensagens do além. Na posição clássica, com uma das mãos na testa e de olhos fechados escreve rapidamente.

Os frequentadores do centro espírita aguardam pacientemente até que percebem que o médium baixa a mão da testa e segura a caneta com as duas mãos tentando parar a escrita automática.

Um auxiliar de jaleco branco e ar sério discretamente se aproxima e sopra no ouvido do médium:
- Mestre, as pessoas estão notando...

O médium fala entre dentes:
- Sei, mas lê a merda que saiu...

O auxiliar coloca os óculos e lê, sem esconder o espanto:

- #ForaTemer  Assinado: TIRADENTES.

- Mas não podemos escrever isso, Divago...

- Então escreve assim: #ForaDomJoãoVI Assinado: Tiradentes...

Porto Alegre, 27 de abril de 2018.

Design: Canva

Edu Cezimbra


quinta-feira, 26 de abril de 2018

Das arábias para o mundo


Palavras árabes são largamente usadas mundo a fora; recordo algumas de memória: algarismo, álcool, alambique, álgebra, alquimia, enfim palavras que denominam coisas, pessoas, animais, alimentos, todas descobertas e aperfeiçoadas pelo mundo árabe.

Para ter uma ideia da importância desse conhecimento árabe basta lembrar que durante a Idade Média europeia, todo o conhecimento dos gregos foi preservado pelos estudiosos árabes onde foi aplicado nas várias áreas do saber universal.

Posto isso, imagine se todas essas palavras fossem banidas de nosso vocabulário por serem árabes.

Pior ainda, proibir pessoas de outras nacionalidades de falar com árabes…

Pasme, mas hoje grassa no mundo ocidental uma fobia social contra os árabes. Cunhou-se até uma palavra: “islamofobia”.

Vamos colocar de outra forma: imagine a situação surreal de proibir o uso de algumas expressões tais como “direitos humanos”, "direitos trabalhistas”, “ocupação”, “arte”, “cultura” por afrontarem “a moral e os bons costumes”.

Então, tanto a “islamofobia” quanto a demonização de partidos, movimentos sociais, minorias têm muito em comum, pois são disseminadas por políticos que se dizem defensores da “ordem e progresso”, estimuladas pela mídia corporativa e repercutidas pelas redes sociais 

Fique registrado que esse tipo de manifestação preconceituosa não se limita aos árabes, também se estende a trabalhadores, indígenas, quilombolas, feministas, refugiados e imigrantes, todos os que ameacem não “a moral e os bons costumes” mas o “status quo” e o “establishment”.


Portanto, caro e raro leitor, é preciso estar atento e forte, valendo-nos de toda inteligência e coragem para coibir manifestações que agridam e ameacem nossa incipiente democracia. 

Não se pode transigir com o fascismo.


Porto Alegre, 26 de abril de 2018.
Imagem: Google
Edu Cezimbra

Viagem astral

Porto Alegre, 26 de abril de 2018.

Design: Canva

Edu Cezimbra

terça-feira, 24 de abril de 2018

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Bye, bye Brasil



O maior espetáculo da Terra:
- Hoje tem espetáculo?
- Tem, sim senhor!
- Vocês querem marmelada?
- Queremos, sim senhor!

Quem nunca foi ao circo? Pois pasme, hoje, muita gente não sabe o que foi “o maior espetáculo da Terra”.

O filme "Bye, bye Brasil", dirigido por Cacá Diegues, retrata de forma melancólica a luta de uma caravana de circo mambembe para sobreviver após o advento da TV nas pequenas cidades do interior do Brasil.

Mas por falar em circo, lembro de um filme que assisti quando menino...

Mostrava com profusão de detalhes o cotidiano de um grande circo. As coisas iam bem até “o circo pegar fogo”. Acho que era em um acidente com o trem em que o circo viajava.

Bom, não importa como o circo terminava, o que importa em nossa breve crônica de costumes é que circos são bons lugares para encenar tramas de amor e ódio. 

Há muitas disputas internas, conflitos, ciúmes, traições, enfim, todos os “ingredientes” para prender os espectadores.

“Um instante, maestro”, diria o Flávio Cavalcante, mas então o circo não morreu!

Como assim? pergunta um curioso e raro leitor…

Outro leitor mais assíduo dirá que já está percebendo as segundas intenções desse blogueiro metido a escritor.

Acertou quem percebeu que “o espetáculo não pode parar”, “o show tem que continuar”, mas botando  fogo no circo...

Façamos um parêntese: desconfio que as origens do circo têm a ver com o “circus” romano em que inimigos do estado eram jogados às feras para delírio da plebe e da nobreza romana.

Ou seja, mudam as arenas e os picadeiros, mas os motivos permanecem os mesmos, lamentavelmente.

Atualmente, o “lugar” onde os inimigos políticos são jogados às feras é a TV e o “espetáculo não pode parar” é levado ao pé-da-letra com transmissões ao vivo durante as 24 horas massacrando as vítimas com requintes de crueldade.

E aí, meu caro e raro leitor, “Bye, bye Brasil” é um conto de fadas perto desse “circo de horrores” que se tornou a mídia comercial brasileira…

Porque já não basta jogar os cristãos às feras - tem que dar um  acachapante 7 X 1 com um sonoro “Bye, bye Brazil”...



Porto Alegre, 23 de abril de 2018.

Imagem: Banco de Conteúdos Culturais

Edu Cezimbra


Poetas


Porto Alegre, 23 de abril de 2018.

Imagem: Pejac

Design: Canva

Edu Cezimbra

sábado, 21 de abril de 2018

Retorno





Sinto tua ausência

Antes de partires,

Sinto tua presença

Antes de voltares.



Sigo na espera
Mesmo sem vires,
Sigo na saudade
Mesmo sem ires.


Sei que partirás
Sem me avisar,
Sei que voltarás
Sem me olvidar.




Porto Alegre, 21 de abril de 2018.

Imagem: Alexandra Levasseur

Edu Cezimbra

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Conto medieval


Robin Hood caiu em uma túnel do tempo e viajou para um passado desconhecido para ele.

Quando despertou do transe percebeu assustado que tudo era diferente naquela aldeia.

Os cavalos eram de aço, as carroças eram dragões que expeliam fumaça e faziam muito barulho.

Robin Hood tapou os ouvidos com cera de abelha para suportar a poluição sonora (expressão desconhecida para ele).

Os homens vestiam trajes muito esquisitos com uma corda pendurada no pescoço. Robin Hood pensou que pareciam enforcados vivos.

Achou ainda mais esquisitos os palácios da cidade: eram achatados e todos envidraçados.

Já estava muito chateado com tantas coisas diferentes do seu mundo quando descobriu como funcionavam o governo, a justiça, o exército e a igreja.

Ao menos isso é igual ao meu reino, pensou conformado, agora é lutar para defender o povo desse usurpador e garantir a volta do legítimo rei!

Porto Alegre, 19 de abril de 2018.

Charge: Tacho

Edu Cezimbra

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Uma questão de fé?


Um escritor conta que durante sua prisão em Auschwitz, um dos muitos campos de concentração nazistas, na Segunda Guerra, perdeu completamente o interesse pela filosofia e o gosto pela poesia.

Não perdeu, porém, a capacidade de observação. Observou que os que resistiam aos horrores cometidos pelos carrascos da SS eram os que não perdiam a fé.

Um outro sobrevivente dos campos da morte nazistas, psicoterapeuta, expressou-se de maneira semelhante sobre o fenômeno: sobrevivia quem não perdia a esperança, quem dava um sentido a todo o sofrimento que suportava.

Fé e esperança, esperança e fé, aí estão os dois sentimentos que sustentaram as vítimas dos psicopatas nazistas.

Disse mais o escritor, que, frise-se, era agnóstico: que não apenas a fé em um Deus, mas a fé em um partido (na época, os partidos estavam em alta)!

Em que pese o Brasil não ter conhecido os horrores dos campos de extermínio de Hitler, seu povo humilde, humilhado e sofrido também desenvolveu um antídoto a tanto sofrimento “diluído”, mas continuado durante mais de cinco séculos.

Aqui, como lá, a fé e a esperança estão sempre presentes. Só que, no Brasil, essa fé e esperança, tão resistente na Europa, para não serem perdidas estão amparadas em uma, digamos, “muleta”: o fatalismo…

- Que se há de fazer, meu filho…
- Foi a vontade de Deus, minha filha…

Percebeu? No Brasil, o que faz o povo aguentar tanta penúria causada pela iniquidade social e econômica é essa impressionante capacidade de resignação e submissão, por paradoxal que pareça.

Lenin, se brasileiro, não escreveria o manual revolucionário “O que fazer?”, pois essa questão não estaria em seu repertório filosófico. Escreveria “ O que se há de fazer...”, com reticências mesmo…

Marx, se brasileiro, e mantendo sua argúcia intelectual, diria que “o cassetete é o ópio do povo”, se é que me entendes…

Mas não nos desviemos… devemos sim nos perguntar “o que fazer?”, porque até o nosso secular fatalismo vai sucumbir diante de tanto escárnio, deboche e desfaçatez de nossos “dirigentes”.

Fica impossível ser fatalista quando estamos nos afogando no “fundo do poço” e ao invés de luz no fim do túnel vemos pus…


Encaremos sim - coragem! os fatos com um pessimismo consequente para não seguirmos no auto-engano nacional. 

"Fatalmente", o que virá, como mostra a história dos povos oprimidos por uma elite cruel é a fatídica pergunta : “ o que temos a perder, senão nossos grilhões?”...

Porto Alegre, 18 de abril de 2018.
Imagem: divulgação
Edu Cezimbra

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Sobre animais e homens



Aranhas tecem suas teias para capturar moscas, logo aranhas são 

ardilosas e moscas são moscões.

Burros empacam e não obedecem aos seus donos, mas não são rebeldes, fazem burrices.


Antas nada fazem mas são comparáveis aos burros.

Cadelas são promíscuas e associadas às putas e ao fascismo: “a cadela do fascismo está sempre no cio”, acusa Brecht.

Cobras não falam mas são venenosas e levam a fama de fofoqueiras.

Vacas pastam tranquilas então são vadias.

A lista de animais com características humanas é longa e não é minha intenção catalogar todas nesta postagem.

Provavelmente meus caros e raros leitores emprestariam muitas outras "qualidades" aos inocentes animais que citei.

E aí está: os animais são símbolos com múltiplos significados.

Desconfio que são todos "bodes expiatórios", não te parece? 

- Ou "Lula expiatório"...

Seria engraçado, não fosse trágico, mas provavelmente as muitas crueldades que se cometem contras tantos animais são estimuladas por estas projeções inconscientes.

Nas fábulas, os animais falam e posso imaginar o diálogo entre eles.

O lobo diria para o lobinho: - meu filho, o lobo é o homem do lobo...

A ovelha alertaria as ovelhinhas: - cuidado com o homem em pele de cordeiro.

A galinha contaria aos pintinhos: de ovo em ovo o homem enche o papo.

E por aí vai...mas, felizmente, os animais não são humanos, nem desumanos.

Porto Alegre, 16 de abril de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

sábado, 14 de abril de 2018

Cantiga de Paz


Bem lá do fundo
Do silêncio mais profundo
Feito riacho cristalino
Correndo manso entre as pedras
Como riso de menino
Vai brotando essa canção

E se ouve do silêncio
Uma mensagem de amor
Que vem lá do coração
Como hino de louvor
É uma cantiga de Paz
É uma cantiga de Paz!

Vai crescendo tão bonita
Que a todos ilumina
Como riso de menina
Ecoando tão bendita
É uma cantiga de Paz
É uma cantiga de Paz!

É uma cantiga de Paz
É uma cantiga de Paz!

Ressoando em você
Parece brisa da manhã
E a todos embevece
Como aroma de romã
É uma cantiga de Paz
É uma cantiga de Paz!

Dentro desta harmonia
Todos podem ser felizes
Aprendendo num instante
Esta cantiga com alegria
Que da Paz nos faz amantes
Que da Paz nos faz amantes!

É uma cantiga de Paz
É uma cantiga de Paz!

Porto Alegre, 14 de abril de 2018.

Imagem: Francisco Cezimbra

Edu Cezimbra

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Humor em tempo de golpe


A bem da verdade quem enxerga um palmo adiante do nariz não pode estar de bom humor.

Qual é a graça possível em um golpe que não tem nenhuma graça a não ser para os golpistas que dele se locupletam?

Chargistas que criticam os políticos golpistas recebem mais “carinhas” tristes ou de raiva do que de riso (sempre tem quem consiga rir da própria desgraça)…

Se seguir assim daqui a pouco os humoristas vão mudar para “mal-humoristas” ( fique claro que não são mau humoristas)…

Até piadas antigas são recuperadas: “o Brasil é um país com todo um passado pela frente” é uma das frases lapidares do humor milloriano.

Outra antiga é a frase de outro mal-humorado histórico, o general francês De Gaulle: “ o Brasil não é um país sério”, que atesta a seriedade da nossa situação política de há muito…

Outra dificuldade para os humoristas é a concorrência desleal de políticos, juízes e jornalistas.

Enfim, como disse um outro “humorista”: “o Brasil não é para amadores”, nem para seus amantes, digo eu...

Porto Alegre, 12 de abril de 2018.
Charges: Kayser e Tacho
Edu Cezimbra

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Carteira de diversidade


- Sua identidade, por favor…

- Não tenho mais identidade.

- Perdeu?

- Sim, agora tenho diversidade!

- Como assim?!


Um diálogo desses, que eu saiba, é inédito. Mesmo quem “muda de sexo” pretende uma identidade social, nada mais justo.

O funcionário que pediu a “identidade” está exigindo a “carteira de identidade” do cliente, usuário, etc. Uns chamam como mesmo? RG, se não me engano… Deve ser “registro geral”, não?

Sem o RG, não posso prosseguir com o procedimento (nem mesmo a venda de uma passagem de ônibus, hoje em dia é comprada sem ele).

A identidade tem a ver com o que é idêntico, igual, certo?

O orgulho da mamãe é que o filho é idêntico ao papai...quando não o guri da música: “saiu igualzito ao pai”. Já imaginou se o guri “muda de sexo” que choque para o gauchão de Bagé!

Aí, acho eu, o RG deveria se chamar “carteira de diversidade” para ser politicamente correto... ou não? Acho que aí está mais para “politicamente incorreto”…

É comum mudar de nome, naturalmente. José vira Maria (sem alusão aos Zés Marias) …

Exceção é a cartunista Laerte, que “mudou de sexo” sem mudar o nome, mas aí é para manter o nome artístico.

Mas voltando à questão da identidade versus diversidade…

Diversidade tem a ver com divergente, não tem? Então, quem defende a diversidade opta mais pela liberdade do que pela igualdade, apanágio da identidade…

Um filósofo já falou que “sempre que a igualdade nos oprimir devemos lutar pela liberdade”, ou algo assim...nada mais verdadeiro no caso, concorda?

O recado é o seguinte: não precisa “mudar de sexo” para defender quem muda. 

O que está em jogo é a liberdade e a vida - e, sim, os direitos humanos...

Porto Alegre, 11 de abril de 2018.

Imagem: Portal Imprensa

Edu Cezimbra

Uma coisa só


Porto Alegre, 11 de abril de 2018.

Design: Canva

Edu Cezimbra

terça-feira, 10 de abril de 2018

Julgamento


Aos quem sem dó te imputam toda a culpa
Não te deixes arrastar ao jugo do remorso,
Não te ouçam o sentido pranto por desculpa
Os que anseiam te jogar ao frio do calabouço.

A quem culpada julga a própria infensa vítima
Assume a crueldade de um infame e rude crime,
Transbordando o azedume da perfídia e do ciúme
Através de uma obsessiva vingança como máxima.

Deixa-lhes o desprezo como forma de castigo
Na altiva atitude que se transforma em tormento
De quem se mostra alguém melhor que o inimigo.

Assim deixarás para quem odeia o sofrimento
De fazer do próprio coração sem pena o jazigo
E de busto duro erguer-se em funesto monumento.

Porto Alegre, 10 de abril de 2018.

Charge: Diplô Brasil

Edu Cezimbra

segunda-feira, 9 de abril de 2018

No limite do amanhã


O filme de ficção-científica "No limite do amanhã" (Edge of tomorrow) mostra que é preciso morrer muitas vezes até aprender a não repetir o erro.

Não sei se o roteirista do filme é místico; já eu me atenho aos aspectos, digamos, filosóficos do filme em tela.

Ao assistir o filme ocorreu-me que se presta bem a uma analogia com a história tão repetitiva do nosso país.

A morte ocorre enquanto repetição até aprendermos a lição, isto é, até não se repetirem os mesmos erros.

O personagem morre e ressuscita sempre no mesmo dia, o que se repete muitas vezes. Só ele se recorda dos erros que levam todos ao desastre amanhã.

“Amanhã será outro dia”? Não até ouvirmos quem sabe o que acontecerá amanhã, caso sigamos agindo do mesmo modo.

Ou seja, se não forem evitados os equívocos que costumeiramente repetimos não haverá um amanhã, mas a repetição do mesmo dia.

No Brasil, sempre é bom lembrar, já houve um dia 31 de março, que se tornou o mais longo primeiro de abril da nossa história.

Aliás, eternizado pelos nossos políticos lenientes e pusilânimes no que diz respeito à remoção de um arraigado entulho autoritário.

Entulho autoritário que se parece ao aparelho autônomo que aniquila a todos no filme. 

No Brasil, apesar de todos os mecanismos constitucionais, a batalha é perdida contra o conservadorismo autoritário, que anula qualquer tentativa de democracia.

No filme, o clímax acontece quando não há mais possibilidade de ressuscitar, ou melhor, de voltar no tempo.


Acho que também chegamos a um clímax na Brasil, já que não podemos nos permitir voltar no tempo...  

Porto Alegre, 9 de abril de 2018.

Imagem: divulgação

Edu Cezimbra

sexta-feira, 6 de abril de 2018

O que mais?


O que mais?, pergunta clássica entre homeopatas treinados na arte de investigar a história clínica de um paciente. A pergunta tem o propósito de evitar respostas “sim” ou “não”, que dizem pouco dos pacientes.

Mais alguma coisa, freguês?, pergunta frequentemente usada por balconistas após atender um pedido de cliente. A pergunta é feita com o intuito de prosseguir ou não o atendimento e a resposta pode ser “só isso” ou “isso ou aquilo” (que pode ser a quilo ou a litro).

Curioso, não? Homeopatas e vendedores não tem nada em comum mas se valem usualmente quase que da mesma pergunta.

O primeiro com o intuito de não forçar respostas direta; o segundo desejando respostas objetivas para apressar a fila. 

Para que tantas perguntas? deve estar se perguntando o meu caro e raro leitor.

Todas essas perguntas para perguntar: o que está acontecendo aqui?! Assim mesmo, com uma pontuação de perplexidade porque o momento é mesmo de muita perplexidade, ao menos para intelectuais como juristas, filósofos e sociólogos.

E para este humilde blogueiro metido a escritor e poeta…

Será que perdemos a noção de realidade? Estaremos vivendo uma alucinação esquizofrênica coletiva? O que andamos bebendo ou fumando?!…

Sigo me perguntando: a quem interessa tantas mentiras descaradas e tantas manipulações da opinião pública?

Dizem que quando se pergunta algo é porque já temos a resposta. Pode ser, mas aqui concluo com outra pergunta que não pede uma resposta objetiva pela complexidade do “paciente”: o que mais pode acontecer nesse país tão esquizofrênico?

Outra coisa: não venham me perguntar “mais alguma coisa, freguês?” porque perderam o “freguês”...

Porto Alegre, 6 de abril de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Um país sem nome


No "país sem nome" o estado é mínimo, mas tão mínimo que cabe em uma saleta, mesmo assim sub-locada para cobrir as despesas.

Os habitantes desse "país sem nome" não são chamados de cidadãos mas de "colaboradores".

Bens comuns, tais como água e energia elétrica, são consideradas "commodities".

Escolas foram todas fechadas, agora tem só "educação à distância", paga, naturalmente...

Saúde só nas Farmácias do "Seu Janjão", porque tratamentos médicos têm preços proibitivos.

Palavras obscenas no "país sem nome": todas as que contenham direitos: direitos humanos, direitos trabalhistas, direitos das mulheres, direitos políticos, inclusive o Direito.

Manifestações de protesto, nem pensar! Mas se os "colaboradores" ouvirem um "plim plim" saem todos salivando para a rua para gritar o que o dono mandar.

Para entender o alcance dessas proibições basta dizer que a Constituição Federal foi substituída pela Bíblia, com ênfase no Velho Testamento e seus preceitos morais.

A mídia é uma mídia só embora tenha muitos jornais, rádios e TVs, mas todas repetem as mesmas mentiras regularmente.

Partidos políticos, a mesma coisa, tem muitos, mas todos seguem a cartilha neoliberal.

Como o país sem nome vai participar da Copa do Mundo, mais uma vez, com uma seleção de "estrangeiros", foi preciso escolher um nome ou uma sigla para manter a proposta da falta de identidade. Entre eles, os mais cotados são:

EIA - Estados Independentes do Agronegócio

ESA - Estados Sociedade Anônima

ECIA - Estados Companhia Limitada

A escolha não será em um plebiscito (outra palavra proibida) mas por publicitários regiamente contratados.

Por falar em publicidade, já tem cineasta dirigindo uma série sobre o país sem nome (por enquanto). A série já tem nome: "Tatcher no País das Maravilhas".

Ah sim, o presidente do "país sem nome" é chamado de "CEO" e foi escolhido pela Diretoria, encantada com sua proposta: "liberal na economia e conservadora nos costumes".

Porto Alegre, 5 de abril de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra