sábado, 31 de agosto de 2019

Paris, Texas


Após quatro anos desaparecidos, Travis é encontrado vagando pelo deserto do Mojave e volta para casa do irmão, onde reencontra Hunter.

O pequeno Hunter foi adotado pelos tios, após a separação traumática de seus pais, Jane e Travis.

Paris, Texas, é "uma terra sem volta, lugar nenhum", uma utopia para Travis, pois a lenda familiar reza que seus pais se conheceram e o conceberam neste lugar inóspito no deserto.

Wim Wenders conta a história sobre uma família disfuncional que desde os avós é marcada pelo ciúmes e a desconfiança machista contra as mulheres.

Travis conta ao irmão sobre esta fixação do pai sobre a mãe em que as piadas machistas acabam virando juízo moralista.

Travis e Jane eram um casal apaixonado, cuja vida conjugal era uma aventura permanente, eram felizes.

Mas o ciúmes e os juízos moralistas aprendidos do pai acabam com a felicidade do casal.

O ciúme seria um sinal de amor...

Travis vaga pelo deserto e Jane torna-se prostituta, abdicando do filho Hunter.

É o filho, educado longe dos pais, que supera o padrão doentio da família, quando vai junto com o pai atrás da mãe.

O reencontro de Jane e Travis é comovente e a conversa entre ambos termina em lágrimas pela separação traumática.

É o pai que separa a mãe do filho.

Quando o pai junta a mãe e o filho, ele se separa.

Vai para Paris, Texas...





Porto Alegre, 31 de agosto de 2019.

Imagem: cartaz de Paris, Texas, Google

Edu Cezimbra


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A Ioga da Olga

A ioga
Está em
Voga

A piroga
Está no
Volga

A pandorga
Está com
Olga

A Olga
De piroga
No Volga
Faz ioga 
Com pandorga 


Porto Alegre, 30 de agosto de 2019.

Imagem Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A Borboleta e a Lagarta


Uma bela borboleta botava seus ovinhos em um limoeiro quando se deparou com uma lagarta feia.

Gritou horrorizada, tamanho susto:

- Ai, que horror, tu és horrenda, toda gosmenta, que nojo!!!

A lagarta, toda humilde, desculpou-se constrangida:

- Oh, perdão, linda borboleta, não era minha intenção assustá-la, mas saiba que tu também já foste como eu...

- Ora, não te enxergas, como ousas? Eu, uma borboleta deslumbrante ser como tu, uma horrenda lagarta!

A lagarta ainda tentou explicar para a vaidosa borboleta o processo de metamorfose, pois era muito estudiosa, mas foi em vão.

A borboleta só queria esvoaçar por aí e não lhe deu a mínima, seguiu botando seus ovinhos toda serelepe.

Assim, distraída, não viu um passarinho que a levou no bico em pleno voo.

A lagarta, escondida entre as folhas do limoeiro, ruminou:

- Tadinha da borboleta, tão bela, mas de vida tão curta...

Moral da fábula: quem ignora seu passado não tem futuro.

Porto Alegre, 29 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Para sempre




Aberta é passagem 
Fechada é barragem
Mas sempre é porta

Acesa é luminosa
Apagada é ociosa
Mas sempre é lâmpada

Alegre é felicidade
Triste é saudade
Mas sempre é amante 



Porto Alegre, 28 de agosto de 2019.

Imagem: Magritte, Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Mundo Pequeno


"Desde que o mundo é mundo" mas quem sabe quando o mundo começou? 

Deu a louca no mundo e o mundo não acabou...

Dilema: o mundo tirou tudo dele, mas ele não pode agir como todo mundo porque destruiria o mundo e a si mesmo.

Revoltado com o mundo? - O mundo tá nem aí...

"O mundo é dos espertos", mas também dos idiotas.

"Ele não é deste mundo", porque faz coisas de outro mundo...

"Que mundo pequeno", por isso não cabem generalizações...


Porto Alegre, 27 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Chuva Perfumada



A terra recebe faceira
uma chuva de pétalas, 
se banha e se perfuma 
com flores da laranjeira.

Porto Alegre, 26 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

domingo, 25 de agosto de 2019

Batatas



Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

Machado de Assis é o autor da célebre frase proferida por seu personagem Quincas Borba, no romance homônimo: "ao vencedor, as batatas".

Os vencedores ficam com as batatas plantadas pelos derrotados e comemoram sua vitória.

A luta enluta os derrotados que vão plantar batatas.

Assim, o ciclo se repete, até que os derrotador morram, não pela guerra, mas de fome.

Por tantas as guerras, os vencedores também ficaram sem as batatas, contrariando Quincas Borba.

Então, para que as batatas voltem a ser plantadas é preciso uma trégua...

Essa sabedoria é tribal.

Porto Alegre, 25 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O Espírito da Floresta


A conjuntura é política, a conjunção é mística.

Entre elas há mais conjugação do que pode sonhar nossa vã ideologia.

O conjunto é matemático, a conjugação é verbal.

A soma da conjuntura e da conjunção dá no conjunto infinito de conjugações do viver e do existir.

A análise de conjuntura pode incluir a conjunção mística fazendo a síntese social.

A atual conjuntura política é moldada por fundamentalismo religioso, até aí nenhuma novidade, ao se entender a religião em um conjunto.

Nessa equação do político e do social a incógnita é ambiental.

Essa incógnita ambiental é o X da questão política atual.

A mística dos povos da floresta fez com que os rios voadores revelassem a devastação e a conjuntura política fez com que a sociedade em conjunto conjugasse o verbo resistir e mudar.

A análise de conjuntura não consegue prever as grandes mudanças desencadeadas por eventos místicos soprados pelo espírito da floresta.


Porto Alegre, 23 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Brincadeira


Brincadeira de criança
Pega-pega, pula-pula
Só não brinca quem se cansa!

Brincadeira de mau gosto
Coisa mais sem graça
Só podia ser adulto!

Brincadeira de roda
Ciranda, cirandinha
Todo mundo nessa roda!


Porto Alegre, 22 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A revolução faltou ao encontro?


"A revolução faltou ao encontro" é o irônico título do livro escrito por Daniel Aarão Reis Filho.

Irônico e deveras crítico aos erros e derrotas dos  comunistas brasileiros da época.

O livro destaca a histórica luta dos comunistas pela revolução brasileira que seria inevitável e datada por eles.

Citada nominalmente a Revolução manifestou-se:

- Eu não sou datada, sou dotada pelo permanente.

Mas, Revolução, o dever do revolucionário não é fazer a revolução?

- O dever do revolucionário é o dever de casa, diria Paulo Freire!

Por que, Revolução, faltaste ao encontro?

- A Revolução não faltou ao encontro, apenas desmarquei o encontro por ausência de condições objetivas!

Se a Revolução é inevitável porque ainda não aconteceu no Brasil?

- Ela aconteceu em 2013, mas sem a vanguarda revolucionária para o "assalto ao Palácio de Inverno", digo ao Planalto,  quem assaltou o poder, literal e figurativamente, foram os reacionários.

Por que motivo é tão difícil fazer a Revolução brasileira?

- Há que levar em alta conta a contra-revolução anticomunista.

A revolução será comunista ou não será?

- A Revolução não será televisionada...

 Assim terminou essa breve entrevista com a Revolução porque ela tem mais "o que fazer"...


Porto Alegre, 21 de agosto de 2019.

Imagem: cena de "Esperando Godot", Google

Edu Cezimbra

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Nuvens rubras


Dia frio e nublado
Ao sol não impede
De enrubescer nuvens


Porto Alegre, 20 de agosto de 2019.

Imagem: Van Gogh, Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O Fantasma da Ópera


O Fantasma da Ópera é um refugiado da crueldade do mundo.

Assim como a escuridão da noite a sua "música da noite" é um refúgio para ele.

Uma jovem corista da Ópera de Paris traz luz para  seu mundo subterrâneo e trevoso.

O Cupido lança uma flecha embebida com uma poção de amor à música e à ópera no coração do Fantasma.

A jovem Christine Daae torna-se sua musa e protegida, além de sua discípula.

O Fantasma da Ópera torna-se um "Anjo da Música" para a jovem cantora.

Em uma relação de discípula e mestre o amor adquire caráter edípico.

O jovem Raoul, amor de Christine, grita para ela: - ele não é seu pai!

A ópera escrita pelo Fantasma tem o sugestivo nome de "Don Juan", o renomado conquistador de corações femininos.

O triunfo do Fantasma aparece no canto entoado por Don Juan e sua conquista: 

- Quando as chamas nos consumirão?

O pano não desce porque a Ópera de Paris está em chamas.




Porto Alegre, 19 de agosto de 2019.

Imagem: Emmy Rossum, O Fantasma da Ópera, Google

Edu Cezimbra


domingo, 18 de agosto de 2019

Folha Seca


Caída a folha seca
A árvore escreve a lápis
Vida por linhas tortas 


Porto Alegre, 18 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

sábado, 17 de agosto de 2019

Noite e Dia


Temos os dias e as noites, as noites e os dias.

Assim passamos os dias...e as noites...

Um dia depois do outro...um dia depois da noite... uma noite depois do dia...

Há dias mais curtos, outros mais longos, mas todos dias de 24 horas.

Da mesma forma a noite, mas, espera, a noite não tem 24 horas!?!

Só se for no inverno ártico...

Agora, falemos sério (complicou)...

Dia astronômico é o tempo que a Terra leva para dar um giro sobre si mesma (não falei)...

No Japão são 6 horas da tarde (sim, madruguei).

Quero dizer com isso que a Terra convive bem com os dias e as noites sem precisar de Greenwich (quem?!).

Para nós, meros mortais, a contagem do tempo é importante.

No caso da nossa mortalidade, contagem regressiva, embora imprevisível...

Olho pela janela e lá fora a noite é total.

Esse dia que não chega...



Porto Alegre, 17 de agosto de 2019.

Imagem: Gilvan Samico, Pinterest

Edu Cezimbra

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A Tortura do Silêncio


"A Tortura do Silêncio" é um antigo filme de Alfred Hitchcock.

Nele, padre Logan, é acusado de um crime e não pode denunciar o assassino por segredo de confissão.

O final é feliz porque o padre é inocentado pelo júri popular e, ao mesmo tempo, não descumpre o seu voto religioso.

Ao ver o final do filme ocorreu-me que há outros "segredos de confissão" que podemos chamar de laicos.

Entre eles, o pacto de silêncio da máfia italiana, a famosa "omertá".

Ambos originados em terra italiana, perceberam? Mera coincidência, dirão alguns...

Provavelmente, mas sugestivo, não acha?

Outros códigos de silêncio são os do "segredo profissional" de médicos e advogados e o "segredo da fonte" para jornalistas.

No Brasil, há quem não fale para não se envolver - como diz o ditado popular, "em briga de marido e mulher não se mete a colher"...

Por este tipo de "segredo de confissão" muitas mulheres morrem assassinadas por seus maridos.

Teriam o segredo de confissão, a omertá e a omissão civil algo em comum?

O meu arguto e raro leitor já deve ter percebido a "coincidência"...

Sim, são todos códigos patriarcais para manter o "status quo".

A seguir assim não há final feliz...



Porto Alegre, 15 de agosto de 2019.

Imagem: cartaz do filme, Google

Edu Cezimbra


quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Ledo Engano


Ledo engano
Não propicia aprendizagem
Enganar-se é a arte do bobo alegre

A arte do auto-engano
Afasta o desengano
Mantém a fé além da dúvida

Já disse o poeta
Um engano em bronze
É um engano eterno



Porto Alegre, 14 de agosto de 2019.

Imagem: Leda et le cygne, Carrier-Belleuse, Wikimedia

Edu Cezimbra

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Robin Hood pós-moderno

Em terra de ladrões quem é honesto é pobre.

Quando o crime é legalizado, os honestos são criminalizados.

Nessa situação, Robin Hood é rico, empresta aos pobre para depois cobrar altos juros.

Em terra de ladrões pobreza é crime e a pena é virar miserável.

O Robin Hood pós-moderno investiga os ricos para investir neles.

Quando há poucos ricos, Robin Hood rouba dos pobres para entregar aos ricos,

Em terra de ladrões, ladrão que rouba ladrão não tem perdão...


Porto Alegre, 13 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra


segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Ao contrário


Ir de encontro
Ir contra

Ir ao encontro
Ir a favor

Desencontro
É contraditório
Sempre
Pelo contrário

Encontro
Não é contra
Muito antes
Pelo contrário



Porto Alegre, 12 de agosto de 2019.

Imagem: Escher, Google

Edu Cezimbra

Jogos Olímpicos


Terminou o Pan de Lima.

Muitas medalhas para o Brasil, que ficou em segundo no quadro de medalhas.

No próximo ano vai acontecer a Olimpíada de Tóquio.

Jogos Olímpicos são o sonho de todo atleta olímpico.

Olimpíadas são o sonho de todos os países para demonstrar todo seu potencial humano e técnico.

"O importante é competir", mas um índice olímpico não é de se jogar fora...

Mais vale um índice olímpico na mão do que duas medalhas do Pan no peito.

Olimpíadas deriva de Olimpo, o monte que era morada dos deuses e deusas da Grécia Antiga.

Os deuses olímpicos, até hoje, ficam muito satisfeitos com os jogos em sua homenagem, tamanho sacrifícios humanos...

Curioso, a maratona não era corrida pelos atletas gregos, embora os jogos fossem em honra do mensageiro que correu quarenta quilômetros para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas e morreu depois de entregar a boa notícia.

Deve ser por isso mesmo, os gregos prezavam muito suas vidas.

Enfim, aguardemos os Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio.

Talvez, desta vez os atletas brasileiros que fizeram bonito em Lima não decepcionem em Tóquio como no Rio.

Porto Alegre, 12 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Conto Inacabado


Dia de muito frio, um senhor de cabelos e barba brancos levanta da cama quente.

Depois de aliviar a bexiga cheia, lava seu rosto com água gelada para acordar de vez.

Prepara o seu mate e enquanto a erva ceva na cuia já começa a pensar no que escreverá no dia.

Entre um chimarrão e outro vai rabiscando letras que viram frases curtas sem muito sentido em um caderno à espera de um personagem que não aparece...

- Será que não marquei hora?

- Vamos marcar hora!

- A que horas ele chega?...

- Depende de quem marcou. (anota no caderno esse "diálogo")

Um senhor idoso acocorado arranca guanxumas do seu pátio. Babalo é o seu nome - lembra o pretenso escritor -, um personagem antológico de Erico Verissimo.

Quase desistindo de escrever o seu conto matinal ouve uma voz na vizinhança:

- Ninguém gosta de mim!!!

- Eu sou ninguém...

- Ai, para!

- Paro não...anota o candidato a contista.

Esse personagem é um mal-amado, como seria o seu nome? - Mauro Amado, bom!

E o outro? Ninguém, ninguém... "ninguém é perfeito"... Nina Nem, hum...

Depois de um tempo o contista diletante se consola: "mais um caderno de anotações preenchido, com um grande esforço diário, anotações esparsas e dispersas, confesso, mas todas com intenções literárias.

Para mim, particularmente, motivo de ocupação diária e de satisfação pessoal.

Um caderno de anotações é um bom depósito de ideias para um conto, quem sabe um livro, por que não?"

Por isso, o título do conto: "Conto Inacabado"...


Porto Alegre, 9 de agosto de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Luta de Rua




Não é luta greco-romana

Não é luta de box

Não é luta livre

É luta de rua

Quem luta não tem medo 
de perder

Lutador é quem vence a dor

Apesar de tantas derrotas

A luta continua!



Porto Alegre, 8 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Mãe Preta


A Mãe Pátria é uma Mãe Preta.

Amamentou os filhos dos escravocratas e aos seus filhos legítimos sobraram gotas de sangue e suor.

A Pátria Amada Brasil é uma pátria armada de fuzil executando seus filhos pretos e pobres.

"Pelo Bem do Brasil" sacrificam-se seus aposentados, pensionistas, estudantes, repetindo a trágica herança da escravidão.

A Lei Áurea é rasgada ao relativizarem o trabalho escravo.

Para aguentar o pretor somente um Preto Velho.

No Brasil, a rebelião se converteu em religião afro-brasileira inspirando a resistência através de seus Orixás.

Kao Kabiesilê! Xangô, Senhor da Justiça.


Porto Alegre, 7 de agosto de 2019.

Imagem: MÃE PRETA, Lucílio de Albuquerque, Pinterest 

Edu Cezimbra

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Olhos Verdes



Teus olhos são

Imensamente verdes


De tão imensos

Capturam todo 

Verde do mar



Porto Alegre, 6 de agosto de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

Brasíla Amarela


* Por Eduardo Sejanes Cezimbra


O Plano Piloto de Brasília com seu formato de cruz ou de avião é cruzado por largas vias expressas em toda sua extensão, culminando com suas construções monumentais como a Catedral de Brasília (católica), Museu da República, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes com seus respectivos palácios.
Uma cidade moderna de acordo com que propunham arquitetos como Le Corbusier, sem ruas estreitas e calçadas, substituídas pelas vias expressas sem lugar para pedestres ou ciclistas, dificultando ao máximo o acesso para quem não possuía automóvel. Os moradores sem carros particulares  utilizam-se de ônibus que circulam em torno da rodoviária ligando o Plano Piloto com as cidades-satélites entre as quais as primeiras erguidas Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Sobradinho e Planaltina ficam distantes  cerca de 25 quilômetros ou mais.
São notáveis as disparidades entre o Plano Piloto e as suas cidades-satélites em termos de renda per capita e acesso a serviços sociais e infra-estrutura.
No entanto o Plano Piloto não existiria por si mesmo sem as cidades-satélites, isso é, sem sua população pobre que presta os serviços indispensáveis para seu funcionamento e manutenção.
Contraditoriamente, Brasília foi pensada sem as cidades-satélites.
Em entrevista ao jornal  Estado de São Paulo de 27/02/82, o urbanista Lúcio Costa  conta que “Israel Pinheiro e Juscelino Kubitschek disseram que se tratava de uma cidade de burocratas”.
“(Brasília seria)… um marco nacional permanente, algo assemelhável, nestes termos, do Hino ou à Bandeira… Esta seria sua principal função: representar o país para si-mesmo, em troca seria por ele sustentada.”, afirmou um estudo do governo de Brasília  desaconselhando  a hipotética instalação de indústrias na cidade.
A inevitável conclusão da época era que as cidades-satélites só existiam devido ao plano de manter longe do Plano Piloto as populações de trabalhadores que construíram e hoje mantém Brasília.
  • Escrito a partir de artigo “Construção do espaço e dominação – Considerações sobre Brasília” de José William Vesentinini,  professor do Departamento de Geografia da FFLCH da USP para a revista Teoria e Política, 1985.
* Publicado originalmente em Ecologia dos Saberes 


Porto Alegre, 6 de agosto de 2019.


Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Castigo e Recompensa




Criminosos também tem sua moral, demasiada moral nietzschiana...

A moral seriam os costumes adotados à base do castigo, segundo Nietzsche.

O castigo, grosso modo, seria uma espécie de vingança da sociedade contra os malfeitores.

Tudo se restringiria a questão da propriedade, enquanto critério social, já que o castigo seria uma compensação a uma perda material causada ao infeliz proprietário.

Pois bem (ou mal), a compensação para uma perda tão dolorosa seria infligir uma dor ainda maior ao pérfido criminoso.

Ora, se o genial filósofo alemão fala em castigo nos termos pavlovianos (condicionamento adquirido), porque não fala em recompensa?

Arrisco que a recompensa fica tácita na adoção da moral em si.

Evitar o castigo respeitando a moral vigente seria a recompensa, embora negativa.

Será? Não sei, mas desconfio que o tão badalado castigo não é tão eficaz assim, senão teríamos uma sociedade sem prisões, não te parece?

E a moral dos criminoso?, já se pergunta o meu raro e atento leitor.

Sabemos que os bandidos, atualmente, adotam essa moral baseada em castigos tão cruéis quanto os das primitivas sociedades lembradas por Nietzsche de forma tão nostálgica.

Talvez, a recompensa destes criminosos seja a crueldade destes castigos, afinal como disse Nietzsche:

"Ver-sofrer faz bem, fazer-sofrer mais bem ainda -  eis uma frase dura, mas um velho e sólido axioma, humano, demasiado humano (...). Sem crueldade não há festa: é o que ensina a mais antiga e mais longa história do homem - e no castigo também há muito de festivo!"

"O crime não compensa" - mas recompensa uma vida miserável, acrescento eu...

Porto Alegre, 2 de agosto de 2019.

Imagem: cena de "Cidade de Deus"

Edu Cezimbra

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Aura




Aparece a aura

Indicando a iminência

Vem a vertigem



Ao jeito de aurora

Impondo a impaciência

Vem versátil



Anúncio de augúrio


Incidindo a impertinência

Vem o verso







Porto Alegre, 1º de agosto de 2019.

Imagem: Matisse, Pinterest

Edu Cezimbra