sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Castigo e Recompensa




Criminosos também tem sua moral, demasiada moral nietzschiana...

A moral seriam os costumes adotados à base do castigo, segundo Nietzsche.

O castigo, grosso modo, seria uma espécie de vingança da sociedade contra os malfeitores.

Tudo se restringiria a questão da propriedade, enquanto critério social, já que o castigo seria uma compensação a uma perda material causada ao infeliz proprietário.

Pois bem (ou mal), a compensação para uma perda tão dolorosa seria infligir uma dor ainda maior ao pérfido criminoso.

Ora, se o genial filósofo alemão fala em castigo nos termos pavlovianos (condicionamento adquirido), porque não fala em recompensa?

Arrisco que a recompensa fica tácita na adoção da moral em si.

Evitar o castigo respeitando a moral vigente seria a recompensa, embora negativa.

Será? Não sei, mas desconfio que o tão badalado castigo não é tão eficaz assim, senão teríamos uma sociedade sem prisões, não te parece?

E a moral dos criminoso?, já se pergunta o meu raro e atento leitor.

Sabemos que os bandidos, atualmente, adotam essa moral baseada em castigos tão cruéis quanto os das primitivas sociedades lembradas por Nietzsche de forma tão nostálgica.

Talvez, a recompensa destes criminosos seja a crueldade destes castigos, afinal como disse Nietzsche:

"Ver-sofrer faz bem, fazer-sofrer mais bem ainda -  eis uma frase dura, mas um velho e sólido axioma, humano, demasiado humano (...). Sem crueldade não há festa: é o que ensina a mais antiga e mais longa história do homem - e no castigo também há muito de festivo!"

"O crime não compensa" - mas recompensa uma vida miserável, acrescento eu...

Porto Alegre, 2 de agosto de 2019.

Imagem: cena de "Cidade de Deus"

Edu Cezimbra

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