Dia de muito frio, um senhor de cabelos e barba brancos levanta da cama quente.
Depois de aliviar a bexiga cheia, lava seu rosto com água gelada para acordar de vez.
Prepara o seu mate e enquanto a erva ceva na cuia já começa a pensar no que escreverá no dia.
Entre um chimarrão e outro vai rabiscando letras que viram frases curtas sem muito sentido em um caderno à espera de um personagem que não aparece...
- Será que não marquei hora?
- Vamos marcar hora!
- A que horas ele chega?...
- Depende de quem marcou. (anota no caderno esse "diálogo")
Um senhor idoso acocorado arranca guanxumas do seu pátio. Babalo é o seu nome - lembra o pretenso escritor -, um personagem antológico de Erico Verissimo.
Quase desistindo de escrever o seu conto matinal ouve uma voz na vizinhança:
- Ninguém gosta de mim!!!
- Eu sou ninguém...
- Ai, para!
- Paro não...anota o candidato a contista.
Esse personagem é um mal-amado, como seria o seu nome? - Mauro Amado, bom!
E o outro? Ninguém, ninguém... "ninguém é perfeito"... Nina Nem, hum...
Depois de um tempo o contista diletante se consola: "mais um caderno de anotações preenchido, com um grande esforço diário, anotações esparsas e dispersas, confesso, mas todas com intenções literárias.
Para mim, particularmente, motivo de ocupação diária e de satisfação pessoal.
Um caderno de anotações é um bom depósito de ideias para um conto, quem sabe um livro, por que não?"
Por isso, o título do conto: "Conto Inacabado"...
Porto Alegre, 9 de agosto de 2019.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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