quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Sol e Lua



Porto Alegre, 31 de janeiro de 2018.

Design: Fotor

Edu Cezimbra

As últimas serão as primeiras


Ano novo, pinto velho
Tanto falha
Até que morre...


O que são o Michê Temer, seus ministros e deputados golpistas no fundo do mar? - Um bom começo...

O que são âncoras de telejornais brasileiros no fundo do mar? - Um bom começo...

Depois da internet promover a pornografia explícita agora é a vez da promoção do racismo e do fascismo explícitos. - Haja saco...

O Michê Temer usou tanto viagra pra ferrar com o país que obstruiu a uretra. - Agora, só cortando o "piu-piu"...

O sol joga seu manto dourado para caminhar sobre as águas resplandecentes.

Que acúmulo de funções! Além de babá, agora a TV é "professora" eletrônica...

A deputada que assume a pasta vai aumentar o nome: Ministério do Trabalho... Escravo.

Teus olhos verdes
Refletem flores brancas
Sem paredes

Depois de uma atividade intelectual, nada melhor que carregar uns baldes de areião. - "Mens sana in corpore dolore"...

Aguinaldo, o pior analfabeto é o analfabeto político.

Mais temerário que um cientista político é um político sem ciência...

Liguei os condicionadores de ar da casa: abri as janelas e a brisa refrescante da sombra das árvores da mata em volta entrou!

Aguinaldo, enquanto FHC lia e esquecia, o Lula escutava os autores e aprendia...

Aguinaldo, enquanto o FHC lia, o Lula abria universidades por todo o país.

Enquanto o golpista se locupleta com o erário, o midiota é o otário...

Marchar com as Forças Armadas, Zuck?! Me poupe, já prestei o serviço militar obrigatório...

Não confunda baixa inflação com alto custo de vida...

Longe da cidade, perto da natureza, respiro o ar puro, às margens do Guaíba...

"O rebaixamento da nota de cérebro do país", juro que li assim...

Quando chegar ao fundo do poço não cave mais, senta e espera chover. - Essa chuva cai ou não cai?

Óleo nos olhos dos outros é fritura.

Na falta de um Jack Daniel's, o negócio é tomar um Jeca Tatuzi's, diria Muçum...

O progresso do homem é uma catástrofe para a natureza.

A chuva da noite faz com que a terra molhada perfume ainda mais as plantas impregnando a brisa fresca.

Falta interpretação de texto, mas também falta empatia, o que dá na mesma...

A economia brasileira levará cem anos para se recuperar do golpe. - Que dirá a justiça...

Se "Deus É Um" por que brigam entre si as religiões monoteístas?

O que estás lendo? - Estou lendo "Paris Sobre Trilhos" mas muitas vezes saio dos trilhos e vou parar no Apto. Bórgia, no Vaticano.

É tanto jogador de futebol brasileiro creditando a vitória a Jesus que tem muito treinador com medo de perder o emprego.

Esse "novo" algoritmo do Facebook parece baseado na reciprocidade guarani: interage que aparece o "parente"...

Não confunda sociedade com socialite.

O que é pior para o país: político analfabeto ou analfabeto político ?

Maia diz que Bolsa Família "escraviza pessoas". - Não, Maia, quem "escraviza pessoas" é a bancada ruralista. Por que não te calas?

"É dando que se recebe", a máxima franciscana nunca antes nesse país foi tão citada - no congresso.

Vale lembrar: quem defende a prisão de Lula defende a intervenção militar e o estado de exceção, são filhotes da ditadura.

TSE pretende investigar "fake news" eleitorais. - Pois então deveria começar pelo Temer e sua propaganda sobre a reforma da previdência.

Muito bom contar com comentários de pessoas experientes na política nestes momentos de tantas manipulações midiáticas.

Viúvas da ditadura apoiam intervenção militar, estado de exceção e prisão do Lula. Nem precisa dizer com quem andas...

- 2 cafés expressos, dois pães de queijo e 1 água mineral: 20 reais. Tá barato, né? - Tão barato quanto a gasolina.

Um carnaval vale mais que mil falácias.

É fato, tem quem queira a prisão do Lula com ou sem provas porque torce pro PSDB nas eleições. - Ou assiste a Globo...

Falando verdades, doa em quem me doer...diria o Barão de Itararé.

Quando a mídia faz a cabeça quem sofre é o corpo social.

Cadê a prova. meritíssimos? - Ora, direis ouvir estrelas...

E um bolicheiro alarife já mandou pintar nova tabuleta: "Fiado só quando o Moro soltar o Lula".

Há quem navegue nas redes sociais. - E há quem naufrague nelas...

Meia dúzia de curtidores inteligentes já é uma maioria no facebook.

Economia estável somente com distribuição de renda, o resto é "fake news" do Temer.

TRF-4, na falta de provas contra o réu, defenda-se o juiz e suas medidas discricionárias.

Parafraseando o finado tio Briza: - Se não deu na Globo é porque é verdade.

Em "jogo de cartas marcadas" é que se pode e deve "virar a mesa".

TRF-4, uma farsa que acabará em tragédia.

Quando a migalha é demais o pobre desconfia...

Qual foi o resultado do julgamento do Lula? - 7 X 1...

Sim, o comício em Porto Alegre lembrou as #DiretasJá, mas não me venham com indiretas...

Conselho aos amigos petistas ou democráticos: não se cansem discutindo com #midiotas, bloqueiem a coxinhada para não dar voz.

"Minha bandeira jamais será vermelha"...mimimi...mibili. - Analfabetos políticos...

Em nome de Jesus, em nome da Justiça, pastores crucificam Jesus, juízes crucificam a Justiça.

Porque demorou tanto a condenação do Lula? - É que estavam procurando a prova.

Os juízes do TRF-4 usam togas pretas compridas. - É pra esconderem as suas vergonhas...

E o Collor, candidato a presidente? - Já ganhou...capa da Veja?

Condenação do Lula: "Decisão foi impensada por ignorar complexidade do país, diz R. Romano." - Digo que foi pra acabar com ela...

Provas inconsistentes não passam nem em filme B dos EUA, que dirá provas inexistentes...

"Mercado" quando comemora condenação do Lula cospe no prato que comeu e vira o cocho.

Onde dói? - No bolso...

Como se o Lula precisasse viajar para a Etiópia para denunciar a perseguição política contra ele.

"Delatores do Lula" estão mais para detratores, embora sem convicção alguma.

"Pela justiça, mesmo que contra o judiciário", diria hoje, o criador da Nova Escola Jurídica Brasileira - Nair, Roberto Lyra Filho.

Esse "Mercado" tá mais pra "Marcola"...

Qual a diferença entre o bode e a lula? - No Brasil, nenhuma, ambos são "expiatórios".

Meu conselho pro Lula: corre!!! pra embaixada mais próxima (que não a dos EUA)...

- Vem cá, não existe corregedoria pro judiciário? - Existe, é o povo dentro dos "palácios"...

Acordo de conciliação nacional: PT admite não concorrer para deixar o PSDB ganhar uma eleição presidencial.

Otimismo comovente de cientista político: maior derrota da esquerda depois da redemocratização foi a condenação de Lula.

Tenho pensado sobre o motivo de tantos reacionários entre místicos e religiosos. Talvez seja ideológico, uma saudade do rei...

Diálogo pressupõe inteligência e sensibilidade, tanto dos participantes quanto dos espectadores.

Antes de tudo, urge ser visceralmente antifascista.

Atualização de propaganda política: "O povo é bobo, assiste a Rede Globo." - E o SBT.

Nota-se o aumento de QI nas redes sociais. - "Quociente de Idiotice"...

A tanto menosprezo da inteligência alheia mais desprezo da elite brasileira pela estupidez da classe média.

Eu, sentado aqui na praça, vendo o bolso pegar fogo, digo, o circo...

Lua Cheia, holofote a realçar o brilho das estrelas.

Só quem mora longe das luzes da cidade pode apreciar a lua cheia em sua plenitude.

É noite escura, apesar do céu nublado uma estrela teimosa insiste em brilhar por entre as nuvens.

Facebook, janeiro de 2018.

Charge: Depósito de Cartuns

Edu Cezimbra

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A chamada


- Adão...

- Presente.

- Ana...

- Presente!!!

- Carlos...

- Presente...

A chamada prossegue sem interrupções até:

- Júlio...

- JÚLIO!

- Júlio, responda à chamada, por gentileza!

- ...

- Júlio, não seja mal-educado, responda agora!

- ...

- O que te deu, menino, o gato comeu a tua língua?!

- Fiu, fiu...- assobia debochado o garoto.

- Vai já pra fora, Júlio!

- Legal, era o que eu queria mesmo, deixar o Júlio lá fora, agora pode me chamar de Juliana!


Porto Alegre, 30 de janeiro de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Apelo aos vivos


Em tempos cibernéticos
Não há tempo para o mágico
Falta espaço para o estético
Sobra campo para o lógico
Embora rareie o ético
A norma do pedagógico
Tem o poder do midiático

A falácia do progresso
Acaba com o lado étnico
Acobertando o retrocesso
E a ausência do poético
Proporciona o recesso
Do saber peripatético
E uma técnica sem nexo

Para deter o desastre

Urge resgatar as culturas
E os saberes populares
Estes que fazem da arte
Esteio de civilidade
Baseada nos avatares
Da mais pura felicidade!



Porto Alegre, 29 de janeiro de 2018.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Elysium



Elysium é uma gigantesca estação espacial  que orbita uma Terra devastada.

A maioria da população sobrevive em condições precárias semelhante aos moradores das nossas favelas.

Trabalham em enormes fábricas, também em condições precárias, a exemplo de maioria dos trabalhadores sob o regime neoliberal

O espanhol é a língua mais falada nos EUA, enquanto o inglês permanece como língua da elite que vive confortavelmente em "Elysium".

E vivem muito mesmo, graças a uma miraculosa tecnologia médica capaz de curar em poucos segundos qualquer enfermidade.

Como todo filme de ficção científica robôs fazem tudo, embora, contraditoriamente, as fábricas empreguem muitos humanos.

Não quero abordar a trama do filme porque esta não foge muito do gênero ficção científica distópica.

Quero sim compartilhar com meu caro e raro leitor o sentimento que me causou o filme.

Os bilionários, atualmente, não querem mais governar o mundo - mas se proteger dele -, disse um analista político.

Concordo. Elysium é uma poderosa metáfora dessa impactante realidade.

O preocupante é que essa elite econômica poderosa, além de se proteger do mundo, está se lixando para o planeta e seus habitantes, humanos ou não.

Fico sempre me perguntando, quando vejo estes filmes, se os roteiristas omitem ou ignoram que não haveria matéria-prima suficiente para produção dessa alta tecnologia, mantida essa crise ambiental.

Nesse sentido, Mad Max, filme mais antigo, é muito mais convincente sobre o que se enfrentaria em um futuro não tão distante quanto o de Elysium.

Então, feito esse parêntese, fica o alerta: se não "comovermos" os super-ricos a voltarem a se interessar pelo planeta e seus habitantes vamos todos juntos, ricos ou pobres, para o Hades e não para os Campos Elísios...

Porto Alegre, 26 de janeiro de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra







quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Diálogos inteligentes


Um diálogo pode acontecer em uma sala, quarto, banheiro, ou em um bar ou café ou restaurante, entre tantos, enfim.

Seja onde for, o necessário é que haja ao menos duas pessoas inteligentes e sensíveis. É o caso desse:

- Estou muito chateado com tudo isso…

- Tudo isso o quê? Seja mais – como dizer – específico.

- Com tudo isso que está acontecendo com todos, entende?

- Com todos quem, exatamente?

- Todos nós...

- Deixa ver se entendi… Tu estás preocupado com tudo o que está acontecendo com todos?!

- Isso! Ah, bem, por assim dizer, grosso modo…

Onde e quem está tendo este diálogo inusitado pelos termos e formato? Deixo a cargo do meu caro e raro leitor a escolha.

Pelos termos e formato, parece ocorrer entre um psicoterapeuta e seu paciente, não parece?

Até pode ser...Mas pode ser um casal, em seu quarto, discutindo a relação (ou tentando não discutir).


Quem sabe em um estúdio de TV, em algum programa de entrevista "papo cabeça" com uma psicanalista entrevistada (ou entrevistando).

Talvez até em um "reality show", tipo BBB - não péra - aí já é forçar demais a barra...

Sim, porque um diálogo pressupõe inteligência e sensibilidade, tanto dos participantes quanto dos espectadores.

Porto Alegre, 25 de janeiro de 2018.

Imagem: cena de "Um método perigoso"

Edu Cezimbra

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A exceção e a regra



"O jogo é jogado dentro do campo."

-Também no tabuleiro, na quadra, na piscina, na mesa. Enfim, em muitos outros espaços que não o campo.

"Foi a bola do jogo!"

- Também pode ser a peça de xadrez, o disco, a bolinha, a bola...a bola... a bola... Nesse ponto, a maioria dos jogos se faz com bolas...

"É do jogo. Não vale mudar as regras do jogo."

- Nem sempre, tenho visto um jogo que tem mudado as regras de acordo com os interesses e que é jogado no "tapetão"...

" Grandes jogos exigem grandes estádios padrão FIFA."

- O que é jogado no tapetão exige mesmo é um grande "estado de exceção".

"Há jogos com cartas marcadas."

- Neste ponto concordo em gênero e grau contigo, acrescento que nesse jogo é que se pode e se deve virar a mesa...


Porto Alegre, 23 de janeiro de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra









Viajar é preciso



Um aspecto que muito chamou minha atenção neste périplo por países europeus foi a mobilidade urbana ancorada no transporte público de qualidade com ênfase nos trens, bondes e barcos.

Lisboa tem bondes (elétricos) ligando os principais pontos da cidade e trens integrados com um serviço de vários catamarãs, atravessando o Rio Tejo, que poderia perfeitamente ser adotado por uma cidade como Porto Alegre.

Na França, mais de 90% dos viajantes preferem o trem de alta velocidade para cruzarem o país em uma viagem confortável, silenciosa e segura.


Londres conta com linhas de metrô (underground e overground) ligando todos os bairros da cidade, sempre com muita eficiência, embora caro, e uma rede de canais por todo o campo que escoa a produção agrícola do país em chatas, minimizando significativamente o tráfego pesado de caminhões por suas rodovias.

A Suécia coloca à disposição de seus cidadãos uma rede de trens novos auxiliados por modernos ônibus movidos a biocombustível também conectados a barcos que cruzam o estuário do lago que banha Estocolmo.

Enfim, percebe-se nitidamente que não foram engambelados pelas Ford e General Motors norte-americanas, como foi o Brasil, que já contou com todas estas opções eficazes e sustentáveis de transporte público.

Porto Alegre, 23 de janeiro de 2018.

Fotos: Francisco Cezimbra

Edu Cezimbra

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Inesperado

Antes de acontecido
É matéria do oculto
O que tecido foi encoberto
Pelo que não se pensou

Muito menos se sonhou,
Pois o que acontecido
Não é por fim o esperado
O de sempre já sabido.

Há um vago sentimento,
Uma fria e cinzenta névoa,
Mais um pressentimento
Em tons agudos ressoa,
Um rumor de lentos passos
Na calada da escura noite
O que surge é um açoite
Desenhando um outro traço.

E depois de acontecido
Fala-se de um já sabido,
Antes disso é só o medo
Do fatal desconhecido.
Nunca é o que se quer
Enquanto é o ignoto
O que se não saber
Não nos causa sofrimento ...

Porto Alegre, 22 de janeiro de 2018.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

É dando que se recebe


               "É dando que se recebe."

  • A máxima franciscana nunca antes nesse país foi tão citada...no congresso nacional.


  • O Congresso do Retrocesso Nacional nunca foi tão pródigo em se beneficiar com a austeridade para o povo. 


  • A austeridade fiscal economiza orçamento para aumentar a austeridade antipopular.


  • O que se retira do povo dá-se para os banqueiros.


  • Quem recebe é quem já deu...


  • Em um país em que o povo padece quem usufrui de benesses está nos "3 Poderes".


  • A Papuda, presídio de Brasília, virou gabinete da presidência, de lá saem os indicados para os cargos do governo.


  • Com o Cunha e o Maluf na Papuda aquilo já virou a "Casa da Dinda".


  • Se São Francisco souber como deturparam sua máxima edificante vai atiçar o "Lobo de Gúbbio"  contra o Sarney e seus muitos discípulos no congresso nacional.


  • "Entre sem bater". já disse o Barão de Itararé, ao que eu, mero plebeu, digo: "se bater não entre".



Porto Alegre, 18 de janeiro de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Conto curto e sangrento


Um casal desperta e o marido, todo atencioso, pergunta como a mulher passara a noite.

- Tive insônia -  diz ela, incomodada.

- Ora, e por que não leste um pouco?

- Eram só 3:30, muito cedo para acordar...

- Ah, mais aí tem que ler até cansar...

Logo após, já na cozinha, ela se irrita e grita, porque ele atrapalha, enquanto ela tenta passar o café.

- Calma...calma...respira - fala ele.

- É que já te falei que tive uma noite mal dormida!!!

- Querida, não foi uma noite mal dormida que tiveste - diz com ar maroto - foi uma noite mal co...

Não teve tempo de completar a piada, porque a mulher dá uma facada em sua barriga avantajada.

Ele ainda tenta completar a frase: - ...mi...

Outra facada, esta atravessa - certeira - seu coração.

- ...da... - suspira ele, pela última vez.

Porto Alegre, 17 de janeiro de 2018.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Brincadeiras




Brincam de casinha
Com tudo que tem direito
As menininhas.

Brincam com carrinhos
Como manda o figurino
Os menininhos.

Menino não brinca com bonecas
Para não parecer menina.

Menina não brinca com bonecos
Para não parecer menino.

Bonito mesmo é quando brincam juntos,
Meninas e meninos,
De casinha e carrinho.


Dirigindo o carrinho e o fogão
Com a mesma eficiência
Sem deixar de ser o que serão.

Pois quando brincam
Levam a sério o brinquedo.
Se tudo fosse brincadeira
Haveria mais seriedade,
Tudo que é muito sério
Vira um tédio..

Porto Alegre, 16 de janeiro de 2018.

Imagem:Renoir

Edu Cezimbra


BREVE REFLEXÃO SOBRE “NOSSOS CARNAVAIS”


Fantasia de ala que o Paraíso do Tuiuti, escola do Grupo Especial do Rio, levará para a Sapucaí, dentro do enredo "Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?", do carnavalesco Jack Vasconcelos. 

Eduardo Sejanes Cezimbra
Boaventura de Sousa Santos em sua obra seminal “A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política” nos lembra do “drama milenar da expansão ocidental em três atos”:
1) Cruzadas
2) Expansão européia
3) Século Americano-Europeu
A América do Sul passa por este terceiro ato de maneira cíclica pois “Nuestra América” está nas entranhas do monstro: “é preciso ir saindo do Norte” , aconselha Martí para uma reinvençao da emancipação.
Oswald de Andrade, do seu “Manifesto Antropófago” também citado por Boaventura como referência para essa reinvenção da emancipação escreve sobre o nosso modo de ser e pensar: Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós […] Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso? […] Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.”
Mariátegui é peruano e elaborou um novo pensamento emancipatório para a América Latina, muito inspirado em Martí e Nuestra América, escreve sobre o carnaval nos anos 20 que por transformar o burguês em guarda-roupa era verdadeiramente revolucionário por constituir uma impiedosa paródia do poder e do passado.
Concluo essa brevíssima reflexão sobre o carnaval e seu caráter contestador e de resistência à colonização cultural com a citação por Boaventura recorrendo novamente a Oswald de Andrade: “A alegria é a prova dos nove”.
Publicado originalmente em Ecologia dos Saberes, em 3 de março de 2017.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Ódio ou compaixão


Falta interpretação de texto, mas também falta empatia, o que dá na mesma.
"Pimenta nos olhos dos outros é colírio", pode ser entendida da seguinte forma: se há tanto sofrimento para todos não sobra tempo para sofrer pelo e com os outros...

Todos deveríamos sofrer com os outros ou todos deveríamos sofrer o que os outros sofrem.


Se sofrêssemos o que os outros sofrem não haveria tanto sofrimento, entende? 


Superar essa falta de empatia é difícil...


Tanto que alguém metido a escritor parafraseou o dito popular: "óleo nos olhos dos outros é fritura"...


Ao que se depreende que o pretenso escritor gosta de frituras (e quem não gosta).


E disse essa "pérola"  enquanto descascava batatas para fritá-las!


Daí se deduz que o dito cujo gosta de batatas fritas, obviamente, além das frases de efeito...


E, para não perder a viagem, logo acrescentou: "ao vencedor as batatas...fritas."


Agora já vislumbro a cara de espanto de meu caro e raro leitor... - Tá, muito engraçado, mas o que  batatas fritas tem a ver com a empatia?


Nada a ver, aparentemente...


 A "paráfrase" foi inspirada em "Olhos nos olhos", canção do Chico interpretada pela Bethânia.


"Ao vencedor as batatas" é de autoria de Machado de Assis, dito pelo filósofo Quincas Borba, no livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", ao que acrescentei apenas a palavra "fritas".


Tanto nos versos da canção quanto no romance há pouca empatia presente, o que não nos impede de termos empatia pelo sofrimento dos personagens.


Repare na citação completa: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."

Ei-la que surge, a empatia, disfarçada em compaixão.

Note bem, caro e raro leitor, que a empatia é dada como uma alternativa: "ódio ou compaixão".


Ou, no caso da personagem cantada por Maria Bethânia, "paixão":





Porto Alegre, 15 de janeiro de 2018.

Imagem: cena de Brás Cubas, de Júlio Bressane

Edu Cezimbra







terça-feira, 9 de janeiro de 2018

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Impunidade Já!


 "Um criminoso bem-sucedido torna-se deputado para fazer da imunidade parlamentar garantia de impunidade."

Essa frase bombástica, proferida por um suplente de deputado federal, acusado de vários crimes, ao assumir a vaga na Câmara de Deputados, foi o estopim do movimento "Impunidade ampla, geral e irrestrita" que ganhou as ruas do país.

Logo após o deputado escancarar a sua principal motivação, vários setores organizados da sociedade reuniram-se para  lançar a campanha que contagiou a nação.

Primeiro foram partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicatos que puxaram palavras de ordem, a exemplo de #ImpunidadeJá.

A seguir, empresários ligados a setores de grandes obras faraônicas também arrecadaram fundos para uma campanha publicitária nos principais canais de televisão.

Publicitários não tiveram maiores dificuldades de escolher o mascote da campanha: um enorme tucano azul e amarelo deitado em uma cadeira de piscina tomando um refresco.

Após a maciça campanha, a cada vez que se prendia um deputado, senador ou empresário, as sacadas de edifícios de zonas nobres das cidades brasileiras enchiam-se de batedores de panelas indignados exigindo a libertação do acusado.

Um cientista político teve sua declaração viralizada nas redes sociais: "Urge democratizar a impunidade".

Foi um passo para aparecerem muros da periferia pintados com frases de efeito: Arroz, fast food, saúde e impunidade", "impunes unidos jamais serão vencidos", etc...

"Nunca antes nesse país se viu um pobre escapar da prisão", discursou o candidato do Partido dos Trancafiados, subindo ainda mais nas intenções de voto para presidente.

Um outro candidato, deputado acusado de um "suposto enriquecimento ilícito", a princípio tentou fazer a demagogia de garantir acabar com a impunidade. 

Diante da queda nas pesquisas de opinião, logo mudou o discurso afirmando que " a impunidade sempre foi a minha principal motivação patriótica".

Dá para entender a baixa rejeição à campanha tão polêmica quando um jurista afirma que o direito a impunidade é uma garantia para o país seguir crescendo.

Até as corporações policiais e militares aderiram ao movimento com a alegação que seus salários não compensavam os riscos de sair prendendo vagabundos (sic)...

Para se ter noção do êxito do movimento "Impunidade Já", A PEC 171 foi votada em regime de urgência e aprovada por maioria absoluta na Câmara e no Senado e agora vai para a sanção presidencial.

Nukus Dus Outrus, correspondente estrangeiro.


Porto Alegre, 8 de janeiro de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra






sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Cortázar e seus cronópios



"Quem não lê Cortázar está condenado."
O autor de tão veemente condenação, impressa na contracapa do livro "Histórias de cronópios e de famas", de Julio Cortázar - escritor argentino de nomeada -, é nada mais nada menos que o poeta chileno Pablo Neruda.

Depois disso fui ler Cortázar. Confesso, tinha lido muito superficialmente. Que digo, passado a vista pelo seu "O jogo da amarelinha".

Cortázar é reconhecido como um autor do "realismo fantástico", segundo a apresentação da editora, para em seguida acrescentar que no livro "de cronópios e de famas" foge desse estilo tão latino-americano.

Concordo. Nestas histórias ele se aproxima de Manoel de Barros, Mário Quintana e de Neruda para escrever uma inspirada prosa poética com tons satíricos da vida cotidiana dos seus compatriotas argentinos - e latino-americanos, convenhamos...

Há quem se intitule apenas um "contador de histórias"; neste caso Cortázar poderia se autoproclamar um "descontador de histórias"...

Ao estilo do poeta pantaneiro Manoel de Barros escreve sobre "coisas desimportantes".

Recordou-me Mário Quintana quando dá instruções de como "dar corda" em um relógio de pulso.

Desconheço se leu esses dois - tão queridos por nós-  poetas brasileiros, muito provavelmente não.

Quanto a Neruda, leu, e leu muito...

Basta ver a quantidade de metáforas que emprega, tão inusitadas quanto inspiradas.

Pode-se dizer abusando da redundância dos termos em tela (tão próximos quanto "utilizados") que Cortázar escreveu "surrealismo fantástico" nesse seu sexto livro publicado...

Esse livro bem poderia ser ilustrado com as pinturas surrealistas de Salvador Dali que, sabendo ou não. retratou muitas figuras de linguagem descritas por Cortázar, ou vice-versa.

Neruda finaliza sua breve intimação para a leitura do livro com a tremenda ameaça para quem não o leu de "...e aos poucos provavelmente perderia os cabelos."

Ufa, escapei por um triz! Já o Manoel de Barros e o Quintana provavelmente não leram Cortázar...

Pela cabeleira farta Julio leu Cortázar...

E o Neruda? - pergunta meu caro e raro leitor. Leu Cortázar, óbvio, mas quantos aos cabelos é difícil saber, está sempre de boné nas fotos...

Porto Alegre, 5 de janeiro de 2018.




Imagem: Google




Edu Cezimbra