segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Ódio ou compaixão


Falta interpretação de texto, mas também falta empatia, o que dá na mesma.
"Pimenta nos olhos dos outros é colírio", pode ser entendida da seguinte forma: se há tanto sofrimento para todos não sobra tempo para sofrer pelo e com os outros...

Todos deveríamos sofrer com os outros ou todos deveríamos sofrer o que os outros sofrem.


Se sofrêssemos o que os outros sofrem não haveria tanto sofrimento, entende? 


Superar essa falta de empatia é difícil...


Tanto que alguém metido a escritor parafraseou o dito popular: "óleo nos olhos dos outros é fritura"...


Ao que se depreende que o pretenso escritor gosta de frituras (e quem não gosta).


E disse essa "pérola"  enquanto descascava batatas para fritá-las!


Daí se deduz que o dito cujo gosta de batatas fritas, obviamente, além das frases de efeito...


E, para não perder a viagem, logo acrescentou: "ao vencedor as batatas...fritas."


Agora já vislumbro a cara de espanto de meu caro e raro leitor... - Tá, muito engraçado, mas o que  batatas fritas tem a ver com a empatia?


Nada a ver, aparentemente...


 A "paráfrase" foi inspirada em "Olhos nos olhos", canção do Chico interpretada pela Bethânia.


"Ao vencedor as batatas" é de autoria de Machado de Assis, dito pelo filósofo Quincas Borba, no livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", ao que acrescentei apenas a palavra "fritas".


Tanto nos versos da canção quanto no romance há pouca empatia presente, o que não nos impede de termos empatia pelo sofrimento dos personagens.


Repare na citação completa: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."

Ei-la que surge, a empatia, disfarçada em compaixão.

Note bem, caro e raro leitor, que a empatia é dada como uma alternativa: "ódio ou compaixão".


Ou, no caso da personagem cantada por Maria Bethânia, "paixão":





Porto Alegre, 15 de janeiro de 2018.

Imagem: cena de Brás Cubas, de Júlio Bressane

Edu Cezimbra







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