terça-feira, 31 de outubro de 2017

Doirados



Porto Alegre, 31 de outubro de 2017.

Design: Fotor
Edu Cezimbra

Sobre Outubro


Inegavelmente, tem muita gente preocupada com os pobres no Brasil.
 - Sim, basta ver os carros blindados e os condomínios fechados...

Um vento gelado esfria a manhã ensolarada. - Será o último suspiro do General Inverno?

Já em 1994, Eric Hobsbawn vaticinava que o Brasil era forte candidato ao título de campeão mundial...da desigualdade econômica.

Diz o diretor do Datafolha que pobre não olha a corrupção. E  rico, que só olha a corrupção do PT?

Pela "lógica" fascistóide, Churchil, Roosevelt e de Gaulle eram esquerdistas por terem combatido Hitler.

O e-ditatorialismo da mídia golpista brasileira carece de uma redemocratização do jornalismo.

Deputado flagrado vendo pornografia no plenário da Câmara critica "tarados" que apoiam performance do MAM. - Moral de cueca...

Traço  de caráter frequente entre os puritanos é a hipocrisia. Fazem escondido  o que não fazem em público: "dão moral de cueca"...

Que São Francisco de Assis toque os corações dos céticos do clima patrocinados pelas empresas petrolíferas. Amém

 Programas sensacionalistas de TV que exploram o medo da população tem horário restrito no Uruguai.  - E o crime diminuiu...

Dinheiro do Banrisul vai pagar salário dos professores...do Papai Noel, do Coelho da Páscoa, da RBS...

Se programa religioso tivesse horário restrito na TV, o povo não seria dizimado...

Tenho a impressão que Temer, Sartori e Jr são viciados em drogas pesadas: vendem tudo da casa e depois roubam o povo.

Juízes podem ter partido na hora do voto eleitoral, jamais na hora do voto judicial. Aí, colocam-se em suspeição...

O Ministério da Saúde alerta: "a masturbação mental provoca ejaculação verborrágica".

Midiota: - o comunismo e o socialismo não deram certo.
- Sim, e o capitalismo "estará dando" super-certo...

A satisfação de fazer o que se gosta compensa a insatisfação do que não se gosta.

Cuidado com exorcismos: o demônio exorcizado pode ser mais forte que o exorcista...

Se o paciente "foi desenganado", antes "foi enganado"?

"Que me importa o preço do gás de cozinha, eu quero aumentá-lo."

O desafio da modernidade é viver sem enganos, sem se tornar "desenganado", parafraseando Gramsci.

O conservador é um crente que quer viver em um passado "aqui e agora".

Drogas encontradas na casa do Lulinha: toda coleção de CDs do Leandro e Leonardo, Bruno e Marrone, Justin Bieber.

Juíza que a partir de denúncia anônima ordenou busca não sabia que era na casa do Lulinha ou não sabia que o AI-5 foi extinto?

" O dia que durou 21 anos" foi prorrogado?

Por que a Venezuela sumiu dos noticiários internacionais? - As uvas estão verdes...

Entre um legislativo que é uma merda e um judiciário que é uma bosta, o povo toma... coca-cola.

Reza a lenda que vampiro só morre do coração se cravarem uma estaca.

Jovens, tão avessos à autoridade do pai, são os que mais caem na tentação autoritária e patriarcal na política brasileira.

E pensar que a imunidade parlamentar foi criada para proteger parlamentares de regimes autoritários... - Agora defende o regime autoritário.

Criança já tem presente - quer é futuro.

Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história, conta-nos Hannah Arendt.

"Liberdade de imprensa" para a  mídia comercial é como voz de prisão: "Você tem o direito de ficar calado". 

O desafio da modernidade é viver sem enganos, sem se tornar "desenganado", parafraseando Gramsci.

Acordar de madrugada, com este tempo, é acordar com as nuvens pintadas de rosa pelo sol que volta a despontar no horizonte.

A Somália é aqui.

Assistindo doc. sobre Tom Jobim e seus parceiros, ocorreu-me  que se houvesse Nobel de Música, o Brasil teria vários ganhadores.

Utopias são castelos no ar que nos convidam a voar.

No país onde se lê pouco, as pessoas se "informam" e se "educam" basicamente pela televisão.

Quando  uma maioria parlamentar corrupta se torna representante de si mesma o  que temos é um "sindicato do crime" dominando o país.

O PCC, Primeiro Comando do Congresso,  domina o Brasil.

Do jeito que vai, logo vai ter gente querendo separar o Brasil - de Brasília...

E o Gilmar tripudiando sobre trabalhadores escravizados. - Pode chamar de Gilmau...

Aos poetas, em nosso dia, que se embriagam sem cessar de vinho, poesia ou virtude - mas embriagam-se, seguindo Baudelaire.

O livro da natureza exige alfabetização ambiental para ser lido.

"É perigoso estar certo quando o governo está errado". - Ainda mais perigoso é estar perto de um governo de celerados...

"Sabedoria  é o poder de enxergar o fim logo no início." Milton Santos dizia que  essa capacidade de previsão vem com muito estudo.

O sol da manhã doira as folhas da figueira, o peito do sabiá-laranjeira e os cabelos da mulher faceira.

O Ministério da Saúde adverte: "Para matar vampiro use bala de prata ou estaca no coração." -  Ou chame o PSOL...

A mim agradam os lugares não-poluídos pelo progresso.

Há quem confunda ontologia marxiana com ufologia marciana.

Uns "flaneurs", outros "flaneurinhas"...

Bíblico: os "evangélicos" salvam o ladrão e condenam o inocente.

A poesia faz do leitor próximo o amante (com mil perdões ao Vinícius, nosso poetinha, por esta licenciosidade poética).

Sinal dos tempos: o bipartidarismo voltou, ao invés do MDB e da Arena, o PT e o Anti-PT.

Sem tesão não há inspiração. -Nem transpiração...

Sem tesão não há salvação.  - Nem salivação...

O Ministério da Saúde alerta: não se faz biblioterapia com um livro só.

O Ministério da Saúde adverte: Homofobia é o medo da própria homossexualidade e tem cura.

Em sala de aula, conferência ou palestra quase sempre é "hora da sesta". - Só não dorme o palestrante...

O Brasil é tão grande, não o diminuemos. - Não busquemos tão longe o que já está longe...

O difícil é desengordar, parafraseando Quintana.



Facebook, outubro de 2017.

Charge: André Dahmer

Edu Cezimbra

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Atração turística


* Baseado em fatos reais 


Cidade  pequena, lugar sem atrativos turísticos, difícil acesso...

O conselho municipal reunido:

-Alguém tem alguma ideia?

- Que tal um roteiro gastronômico?

- ...

- Um hotel na beira do rio?

- ...

- Um spa?

- ...

- Já sei!...vamos escavar um túnel para as pessoas visitarem  a cidade.

- Visitarem o quê?!!

 - O túnel, ora...


Porto Alegre, 29 de outubro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Ambição e Desejo


A Ambição e o Desejo não conversam entre si. 

Não necessitam dialogar. 

Em seus monólogos paralelos se sustentam um ao outro.

O que têm em comum?


- Eu ambiciono...


- Eu desejo...


- Eu cobiço...


- Eu seduzo...


- Eu ordeno...


- Eu atiço...


A um observador desatento, como o Amor, seria impossível discernir quem fala o quê...


O Amor não entenderia tanto "eu isso, eu aquilo, eu, eu..." já que fala a língua do "nós".


A Ambição é ególatra e o Desejo egoísta.

A Ambição se basta e o Desejo se acaba...

- Eu possuo...

- Eu quero...

- Eu compro...

- Eu consumo...

E, assim vão,  a Ambição e o Desejo, na mesma barca de Caronte, falando sozinhos, atravessando o Estige até o purgatório.

O Amor fica se perguntando, compadecido: 


- Como podem? Que pena, tanto desperdício, tanta crueldade, tanto sofrimento eternos...


Porto Alegre, 27 de ooutubro de 2017.

Foto: cena de "Contos de Hoffmann"

Edu Cezimbra





quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Pactos faustianos



Porto Alegre, 25 de outubro de 2017.

Imagem: Harry Clarke

Design: Fotor

Edu Cezimbra

Rir, que remédio



Um facilitador de grupos, , todo sentimental, confessava em um seminário lotado um amor não-correspondido na cidade onde ocorria o evento.
 

Ao que um dos participantes "aconselhou": "para curar um amor platônico nada melhor que uma trepada homérica"... para gargalhadas gerais e um aperto de mão agradecido do facilitador ao piadista pela "cura".


Porto Alegre, 25 de outubro de 2017.

Imagem: imgur

Edu Cezimbra

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Pais e Filhos, Aprendizes e Feiticeiros


Há muito, mas muito tempo atrás, os pais eram os feiticeiros e os filhos aprendizes.

Atualmente, os filhos são os feiticeiros e os pais os aprendizes.

Explico-me: era da tecnologia da informação.

- Filho(a), como faço para entrar (de novo) no instagram? Já te falei pra sair depois de usar o "meu" celular.

- Eu não sei nada disso, meu filho, desculpa-se a velha mãe.

Os fetiches são os aparelhos portáteis, autênticos minicomputadores móveis.

Para os mais antigos, traduzo: radinhos de pilha, só que o radinho bate foto entende?

A "varinha mágica" é o dinheiro que materializa o objeto de desejo.

Outro fator contra o feiticeiro: ele não sabe absolutamente nada de como o feitiço acontece, basta apertar um botão ou tocar na telinha do aparelho.

E, pior, depois de lançado o feitiço, tanto para o aprendiz quanto para o feiticeiro, é impossível pará-lo.

O feitiço vira contra o feiticeiro...


Porto Alegre, 24 de outubro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra 

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Conversa franca


- Oha só, falando francamente...

- Fala, mano.

- Aff...Tu não tem jeito, mesmo...

- Uéé, por que isso agora?

- Não te enxerga?! Tu parece um boné velho, tá na capa da gaita!

- Exagero teu, me sinto um guri!

- Com essa pança, só se for guri de pensão, bem gordo...

- Não tem graça...

- E esses cabelos e barba, brancos e grandes, parece o Papai Noel!

- Ou o Karl Marx.

- ???...

- O Charles Darwin...

-???...

- O Leonardo da Vinci...

-???...

- Ah, deixa pra lá!

- O que eu queria mesmo era um amigo da minha idade pra brincar todo dia...

- A propósito, agora temos que sair para aquela festa de casamento.

 O homem termina a conversa franca consigo mesmo, dando uma última olhada no espelho, para ajeitar o nó da gravata...

Porto Alegre, 20 de outubro de 2017.

Imagem: Janus. Watercolour by Tony Grist. 2011

Edu Cezimbra

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Nomeação


Não te esqueças
Quem te fez
O que és
E o que poderias ser

Não te olvides
Quem te criou
Desse jeito
E não de outro

Não te chamas 
Pelo nome porque
Registrado
Assim ficaste

Sobretudo
Não te deixes enganar
Pelo que és
Para ser o que já serias

Porto Alegre, 18 de outubro de 2017.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

Utopias



Porto Alegre, 18/10/2017

Tela de Stanislav Plutenko

Desig: fotor

Edu Cezimbra

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Por quem os sinos dobram



"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história", lembra-nos Hannah Arendt.

A filósofa Hannah Arendt fala "de cátedra" dessa imensa dor que se abateu sobre os judeus.

 As tragédias e os dramas, não por acaso, são numerosos na literatura, no teatro e no cinema.

Desde as tragédias gregas os espectadores fazem uma catarse pessoal e coletiva, durante uma sessão de teatro ou cinema.

Nesses casos, o que mobiliza as emoções são a empatia e a identificação com os personagens do drama.

Lamentavelmente, nem sempre é assim, como podemos ver nos programas policialescos e sensacionalistas em que a tragédia alheia vira espetáculo diário e naturalizado.

Nesses programas o que acontece é uma exacerbação da violência social e o sentimento que impera é o gosto pelo sangue derramado - pelos outros...

A escala dessa dor coletiva também é afetada pela região do mundo onde acontecem tragédias.

Um atentado terrorista na França comove o mundo todo, enquanto na Somália gera pouca comoção e solidariedade.

A morte de uma pessoa em bairro de classe média, no Brasil, gera maior revolta que uma chacina na favela.

Houve outros extermínios no mundo, tais como os dos armênios, dos curdos, de povos africanos e indígenas que não tiveram nenhuma repercussão mundial.

Caro e raro leitor,  deixo aqui uma pergunta: consegues sentir a dor de todas essas pessoas que sofreram tanto e não tiveram suas histórias contadas, como prescreve Hannah Arendt?

John Donne, poeta e pregador anglicano, sentiu: "a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti". 

Porto Alegre, 17 de outubro de 2017.

Foto: Guernica, Pablo Picasso

Edu Cezimbra

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Humano demasiado humano


"O mundo, na hora presente, está cheio de grupos raivosos autocentralizados, cada qual incapaz de considerar a vida humana como um todo, cada qual preferindo destruir a civilização a ceder uma polegada. Para essa estreiteza de vista, não há instrução técnica que possa fornecer um antídoto, na dose em que o exige a psicologia humana, este deve ser encontrado na história, na biologia, na astronomia e em todos os estudos que, sem destruírem o auto-respeito, convençam o indivíduo de contemplar-se em sua própria perspectiva. 
 Bertrand Russel, escreveu o "O Elogio do Lazer" em 1957, visando, no parágrafo acima, a "Guerra Fria".

O caro e raro leitor há de concordar que, se eu não desse a devida referência, poderia imaginar que esse parágrafo citado foi escrito hoje.

"Grupos raivosos autocentralizados", na hora presente, são o que mais temos. 

Fico a me perguntar se Russel tinha noção da "longevidade" desse diagnóstico social catastrófico.

Pela sequência de seu pensamento penso que não...

Atualmente, a "instrução técnica" impera, sempre visando a competitividade.

A perspectiva do indivíduo nessas condições é de "uma estreiteza de vista" alarmante.

Mais adiante, Russel insiste neste ponto:
"O que é necessário não é este ou aquele fragmento de informação específica, mas o conhecimeto que inspira uma concepção dos objetivos da vida como um todo;" (...)
Sabemos que em momentos de crise econômica, social e política os tais "grupos raivosos" tendem a proliferar, sempre buscando um "füher", um líder paternal, que resolveria todos os problemas da sociedade.

Impressiona que adolescentes, tão avessos à autoridade do pai, são os que mais caiam na tentação autoritária e patriarcal na política brasileira.

Ainda hoje, soube que Trump retirou os EUA da UNESCO devido à participação da Palestina nesse organismo da ONU.

Isso diz muito sobre o grau de dificuldade para superarmos a fragmentação da "vida humana" imposta por políticas segregacionistas. 

A ciência, cultura e educação que a UNESCO promove globalmente é um antídoto a essas concepções estreitas, preconceituosas, racistas e xenófobas.

Bertrand Russel conclui o parágrafo com essa afirmação categórica, que nos serve como um fecho de ouro: 
"É das concepções mais amplas, combinadas com a emoção impessoal, que a sabedoria brota mais espontaneamente."

Porto Alegre, 12 de outubro de 2017. 

Imagem: depositphotos

Edu Cezimbra



quarta-feira, 11 de outubro de 2017

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Enganos e Desenganos


Não gostamos de ser enganados.

Por outro lado, "me engana que eu gosto"...

Há quem prefira não saber do engano. Algo assim: nunca se desengana quem se engana sempre.

Se o engano é um problema, o desengano é a solução?

Hum...às vezes preferimos ser enganados, sem falar no auto-engano.

O auto-engano não existe mais, agora é autoengano...

Se o paciente "foi desenganado", antes "foi enganado"? Boa pergunta, quando se quer suscitar um questionamento sobre a "medicalização da sociedade"...

Se não me engano foi o escritor Mark Twain que disse: "é mais fácil enganar as pessoas que as convencer que foram enganadas". 

A ilusão é uma espécie de engano, especialmente na "sociedade do espetáculo".

Em momentos de dificuldades  prospera a sociedade do espetáculo, como podemos ver nas grandes salas que recebem milhares de pessoas.

Essa busca de diversão em momentos de crise econômica e social é reconhecida por historiadores, sociólogos e antropólogos. 

A projeção cinematográfica é o ponto culminante dessa ilusão em massa (TV é hors concours).

Junto com a ilusão vem a projeção. Ou seria o contrário?

A projeção, psicanaliticamente falando, é um tipo de autoengano, já que culpamos os outros por nossas falhas de caráter.

Goebbels, ministro da propaganda nazista, foi o primeiro a combinar as duas projeções, deixando seguidores fiéis no Brasil...

Uma das minhas frases preferidas sobre o tema é de Gramsci:

"O desafio da modernidade é viver sem ilusões, sem se tornar desiludido."  


Porto Alegre, 10 de outubro de 2017.

Foto: cena de "Cidadão Kane"

Edu Cezimbra

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Um outro tempo


 Disse um sábio zen que "não há futuro sem passado". Ao que acrescento: não há passado sem futuro...

O presente é um passado a espera do futuro.

O "aqui e agora" é o que temos, dizem os místicos, esquecendo-se do passado e não pensando no futuro.

Dizem alguns que o presente é eterno. A eternidade, no entanto, é o somatório do passado, do presente e do futuro.

O futurista pode ser um saudosista que tenta recuperar os bons tempos passados.

O conservador é um crente que quer viver em um passado "aqui e agora".

Já o progressista é um cético que anseia em fugir do tradicional sem nada mudar.

Prefiro evitar essas dualidades... Aprendi com os taoístas: o grande salto é a integração do passado, do presente e do futuro. 

A filosofia taoísta sabe que "quando eu deixar ir o que sou eu me torno o que poderia ser"... 

Note que esse aforismo integra presente, passado e futuro. Não é surreal isso?...


Porto Alegre, 9 de outubro de 2017.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra







sábado, 7 de outubro de 2017

Rosa Amma







Rosa Amma!

Quando eu nasci
Encontrei minha família
Eu era bebezinha
Foi lá que eu brinquei
Agora tenho um aninho!

Pra que é a poesia?
Quando molha nas janelas
Eu vejo,
Mas agora, o fim da poesia,
Não vejo!

Sou feliz! 











Poesia da minha netinha Íris, seis anos, ditada de uma só vez (como sempre) para sua vó, em homenagem ao primeiro aninho de sua irmã Rosa Amma.


Porto Alegre, 2 de outubro de 2017.

Arte: Íris Cezimbra Armbrust

Foto: Lua Cezimbra

Edu Cezimbra

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A sedução de um toque



Um toque é irresistível... Dificilmente alguém se incomoda com um toque. 

Óbvio, há excessões, como Marnie, a personagem do romance de mesmo nome do escritor inglês Winston Graham (o livro virou filme, sob direção do mestre do suspense, Alfred Hitchcock).

Um toque não precisa  necessariamente ser físico.  Ás vezes, uma pergunta tem a sedução de um toque: 

- No seu apartamento ou no meu?

Antecipo-me, pois antes dessa pergunta sutil há todo um protocolo a ser rigorosamente cumprido.

Tinha um amigo que iniciava a abordagem com uma pergunta:

- Co-co...nhece o PT (era gago)? Evidentemente, não são todas as perguntas que funcionam, mas que esse amigo popularizou o PT não há como negar...   

Nem sempre o toque tem essa função sexual explícita.

Um toque pode ter uma função compassiva, por exemplo, dar uma dica, mas sempre é mais efetivo se na forma de uma pergunta:

- Por que não te tratas com homeopatia?

- Já tentaste a acupuntura?

Quando diante de alguém que se (de)formou assistindo o Jornal Nacional, qual seria o toque sutil?

- Co-co...nhece o PT?... Não!, mais efetivo começar pela novela...

Nunca tente esganar o interlocutor, por favor! Antes, mude de assunto, distraia, fale do tempo ( que calor...), a família (como vai a senhora sua mãe?), o trabalho ( já arranjou emprego?)...

Para homens há o recurso infalível do futebol (assegure-se do time do interlocutor).

Para mulheres? Não se preocupe, elas te darão os toques sutis...

Porto Alegre, 5 de outubro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra






terça-feira, 3 de outubro de 2017

As mentiras de sempre


Na realidade, a mentira é um vício maldito. Não somos homens nem estamos ligados uns aos outros mais que por palavras.
Montaigne, no século XVI, já amaldiçoa a mentira. 

Coloca a mentira como o pior dos pecados; com menos intensidade, a teimosia.

Em sua época, a mentira não era digna de um cavalheiro, não era nobre mentir...

O que Montaigne não diz é que se a mentira é a negação da realidade é porque ofenderia ao real, ou seja, ao rei. 

Embora, no final desse "Ensaio", elogie o Rei Francisco I por desmascarar um embaixador milanês mentiroso.

E, atualmente, onde a mentira é mais nociva?

Provavelmente, na política. Aqui ela assume esse caráter perverso de manipulação da opinião pública e de dividir os homens - no dizer de Montaigne, não esqueça.

No Brasil, uma das maiores fontes de mentira política é a mídia corporativa. 

Seus métodos são de manual do Ministério de Propaganda de Goebbels, e mais recentemente, da imprensa sul-africana da época do famigerado apartheid, sem esquecer a Okhrana, polícia secreta do czar Nicolau II, que divulgou um livro apócrifo, a fraude do "Protocolo dos Sábios do Sião".

Mais grave é a justiça brasileira forjar provas contra um político como Lula, com o intuito assumido de afastá-lo da candidatura à Presidência da República.

Inconsequentes, mas não sem consequências funestas, abrem espaço e cancha para aventureiros que usam de mais mentiras para caluniar pessoas e deturpar a história. 

São capazes de afirmar que o partido nazista era socialista e Hitler esquerdista, acredite se quiser...

A mentira é tão desavergonhada na mídia, no governo e nas redes sociais que assume várias facetas.

Uma das facetas mais hediondas é a negação de fatos há muito comprovados entre eles o aquecimento global, a nocividade de venenos e transgênicos, o desmatamento da Amazõnia, entre outros.

Outra faceta perversa é a deturpação de dados para justificar o desmonte da previdência social e das leis trabalhistas.

Não quero encher meu caro e raro leitor com estatísticas econômicas, por isso deixo outra citação para finalizar e que me parece à altura de Montaigne.

Diz o economista Guilherme Delgado à IHU On-Line: 

O discurso de que a economia dá sinais de suspiro em relação à recessão que o país enfrenta nos últimos anos é uma “narrativa que, aparentemente, faz o acalanto geral da sociedade, mas, infelizmente, ela é falsa.
Não há esses sinais de melhora, até porque quem constrói essa narrativa é, ao mesmo tempo, responsável e prorrogador dos ingredientes que a falsificam do ponto de vista dos fatos”, frisa.


Porto Alegre, 3 de outubro de 2017.

Imagem: J. Borges

Edu Cezimbra









segunda-feira, 2 de outubro de 2017