Não gostamos de ser enganados.
Por outro lado, "me engana que eu gosto"...
Há quem prefira não saber do engano. Algo assim: nunca se desengana quem se engana sempre.
Se o engano é um problema, o desengano é a solução?
Hum...às vezes preferimos ser enganados, sem falar no auto-engano.
O auto-engano não existe mais, agora é autoengano...
Se o paciente "foi desenganado", antes "foi enganado"? Boa pergunta, quando se quer suscitar um questionamento sobre a "medicalização da sociedade"...
Se não me engano foi o escritor Mark Twain que disse: "é mais fácil enganar as pessoas que as convencer que foram enganadas".
A ilusão é uma espécie de engano, especialmente na "sociedade do espetáculo".
Em momentos de dificuldades prospera a sociedade do espetáculo, como podemos ver nas grandes salas que recebem milhares de pessoas.
Essa busca de diversão em momentos de crise econômica e social é reconhecida por historiadores, sociólogos e antropólogos.
A projeção cinematográfica é o ponto culminante dessa ilusão em massa (TV é hors concours).
Junto com a ilusão vem a projeção. Ou seria o contrário?
A projeção, psicanaliticamente falando, é um tipo de autoengano, já que culpamos os outros por nossas falhas de caráter.
Goebbels, ministro da propaganda nazista, foi o primeiro a combinar as duas projeções, deixando seguidores fiéis no Brasil...
Uma das minhas frases preferidas sobre o tema é de Gramsci:
"O desafio da modernidade é viver sem ilusões, sem se tornar desiludido."
Porto Alegre, 10 de outubro de 2017.
Foto: cena de "Cidadão Kane"
Edu Cezimbra
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