A Ambição e o Desejo não conversam entre si.
Não necessitam dialogar.
Em seus monólogos paralelos se sustentam um ao outro.
O que têm em comum?
- Eu ambiciono...
- Eu desejo...
- Eu cobiço...
- Eu seduzo...
- Eu ordeno...
- Eu atiço...
A um observador desatento, como o Amor, seria impossível discernir quem fala o quê...
O Amor não entenderia tanto "eu isso, eu aquilo, eu, eu..." já que fala a língua do "nós".
A Ambição é ególatra e o Desejo egoísta.
A Ambição se basta e o Desejo se acaba...
- Eu possuo...
- Eu quero...
- Eu compro...
- Eu consumo...
E, assim vão, a Ambição e o Desejo, na mesma barca de Caronte, falando sozinhos, atravessando o Estige até o purgatório.
O Amor fica se perguntando, compadecido:
- Como podem? Que pena, tanto desperdício, tanta crueldade, tanto sofrimento eternos...
Porto Alegre, 27 de ooutubro de 2017.
Foto: cena de "Contos de Hoffmann"
Edu Cezimbra
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