domingo, 30 de junho de 2019

sábado, 29 de junho de 2019

A Criança Enterrada


Uma família normal estadunidense: tudo a esconder...

O pai alcoólatra, a mãe adúltera, o filho inválido e o fantasma de um bebê ilegítimo, todos cabem no sofá do cenário doméstico.

Um cobertor é disputado entre pai e filho, curto demais para encobrir tantas vergonhas.

Em torno disso gira a peça de teatro "Buried Child", de Sam Shepard, uma contundente parábola da  "sagrada família" nos EUA.

A família que esconde zelosamente suas mazelas, simbolizada pela "criança enterrada", perdoada pela igreja.

Na peça, não há o retorno do filho pródigo (este morreu), mas do neto, na companhia de uma jovem desconhecida.

Ironicamente, não é o neto, mas a jovem estranha que abala a aparente ordem familiar.

Essa jovem manifesta o desejo de conhecer mais a família de seu amigo. A partir daí desencadeiam-se uma série de confissões do pai da família, culminando na "criança enterrada".

A volta do neto embriagado eleva ainda mais a dramaticidade da peça.

Apesar de toda crítica a sua família, o neto é declarado herdeiro da casa e dos bens materiais do avô, e mais, aceita essa herança.

Em outras palavras, aceita com satisfação dar continuidade a essa tragédia familiar, pois é o que lhe restou na vida.

A criança foi desenterrada... baixa o pano.

Porto Alegre, 29 de junho de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

A Poesia do Bem Viver



Porto Alegre, 29 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Design: Canva

Edu Cezimbra

sexta-feira, 28 de junho de 2019

A guerra das formigas contra as cigarras

As formigas decretaram guerra contra as cigarras, assim do nada, gratuitamente.

Perguntado sobre o motivo o comandante das formigas disse que as cigarras faziam muita balbúrdias nas árvores.

A primeira medida das formigas contra as cigarras foi podar as árvores de forma indiscriminada.

As cigarras pararam de cantar e os outros insetos perceberam logo o desequilíbrio na natureza.

Até as formigas começaram a passar fome por causa da falta de folhas para cultivar seus fungos.

Os cupins não tinham madeira para comer.

As abelhas não conseguiam mais pólen para fazer seu mel.

As minhocas não tinham folhas e frutos para fabricar o húmus.

Enfim, toda a natureza parou por causa da guerra das formigas contra as cigarras.

Houve uma mobilização geral contra o comandante das formigas.

O Congresso Natural reunido em assembleia aprovou por unanimidade o final da guerra por ameaçar a Providência.

Depois de um longo e tenebroso inverno, os primeiros brotos apareceram, as cigarras voltaram a cantar e a natureza manteve a Providência Animal.

Moral da Fábula: em briga de formiga e cigarra os insetos metem a probóscida.


Porto Alegre, 28 de junho de 2019.

Imagem: Samuel Casal, Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 27 de junho de 2019

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Priscas Eras



"O passado estava fora do alcance, o futuro fora adiado e o presente era amargo."
Calma, caro e raro leitor, não se trata de uma frase sobre o Brasil, como parece, mas de uma afirmação do historiador Eric Hobsbawn, no livro "A Era dos Extremos". 

"O passado fora do alcance"... Como assim?!!, perguntará o meu atento leitor...

Explico (que pretensão): essa afirmação deve ser contextualizada ao período pós-guerra de 1914-1918, a "Grande Guerra".

A Europa ( e todo o mundo, por tabela) encontrava-se atolada em uma grave crise econômica, resultado dos altos custos desta guerra total.

O passado fora do alcance era o passado de paz que propiciou prosperidade para as nações europeias.

Aí fica fácil entender o "futuro adiado" e o "presente amargo", não?

Em que pese a gravidade da sentença hobsbawniana, atenho-me às suas qualidades literárias indiscutíveis.

Desde já, aproveito para indicar a leitura da "Era dos Extremos", um livro instrutivo e empolgante para quem gosta de história e tenha imaginação. 

Diferente das outras "priscas eras", que Hobsbawn disseca com rigor acadêmico exaustivo para o leitor comum.

Agora, aqui para nós, se a frase fosse descontextualizada caberia como uma luva na mão pesada da atual situação brasileira...

Provavelmente, Millôr adaptaria a citação, com seu humor ferino:

" O Brasil tem um grande passado pela frente, um futuro do pretérito e um presente de grego, que é o desgoverno Bolsonaro", - arrisco eu, com o benefício da dúvida, já que o genial humorista não mais se encontra entre nós, embora possa se remexer no caixão (assim como Hobsbawn)...

Porto Alegre, 26 de junho de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

Götterdämmerung





















Porto Alegre, 26 de junho de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

terça-feira, 25 de junho de 2019

Tempos Malucos


Nestes tempos malucos o que não faltam são malucos. Tem malucos para todos os tempos, cada qual vivendo o seu tempo.

O paranoico vive no futuro, o melancólico no passado e o neurótico no presente. Já o depressivo não vive em tempo nenhum...

O paranoico vive com medo do que poderá acontecer, o melancólico do que aconteceu e o neurótico do que está acontecendo. 

O depressivo não se liga no tempo histórico. Para ele o tempo é sempre cinzento.

Quanto ao "normal", este esquece o passado, aguenta o presente e não pensa no futuro. 

Ainda temos os poetas e os artistas, os "malucos beleza", que nasceram "há dez mil anos atrás" e como Raul Seixas cantam o "Novo Aeon":

O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio e nem está
Nas bancas de jornais




Porto Alegre, 25 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Passo a passo


O caminho se faz
Passeio
Passo a passo

A caminhada se faz
Passado
Passo a passo

O caminhante se faz
Passante
Passo a passo

O passeio público 
Passarela

O paço real
Passadiço

Passo a passo
"Vou-me embora pra Pasárgada"



Porto Alegre, 24 de junho de 2010.

Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Memória e Identidade




No Cerro do Jarau, em Quaraí, na fronteira com o Uruguay, as lembranças já são lendárias, tanto pela Teniaguá quanto pelo meu avô, João Sejanes, que há 50 anos atrás levou meu pai, meu irmão e eu até o cerro, após passar pela sua antiga casa na Campanha gaúcha, virada tapera, no Vasco Alves, distrito do Alegrete, RS.

Dito isso, dou-me conta como é bom para filhos e netos saberem das suas raízes para poderem caminhar confiantes, com as próprias pernas, mundo afora.

Assim, quando a memória dos pais e avós é mantida pelos filhos e netos, sem reacionarismo, ela é o fundamento da identidade ...

Porto Alegre, 21 de junho de 2019.

Imagem: arquivo do autor

Edu Cezimbra

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Negação do Amor


Com o canto do olho

Finges que não me vês

Passas sem me encarar

Foges sem ires embora

Voltas sem me olhares

Dás voltas e mais voltas

Sem parar para pensar

Nessa negação do amor

Finges que não lhe vês

Com o olho de canto




Porto Alegre, 19 de junho de 2019.

Imagem: Taniguchi Kokio, Pinterest

Edu Cezimbra

Querência Amada



Viajar pelo Pampa gaúcho é uma experiência deslumbrante, quando se 'segue o rastro do sol', que ao se por 'pinta o céu de vinho' e, até os campos, refletem um 'matiz caboclo'.

As vastidões dos campos alargam os horizontes e magnificam as impressões.

A paisagem pode parecer monótona para quem não conhece o Pampa, mas basta trilhar despacito seus corredores para observar sua riqueza paisagística.

Aqui, um campo cheio de flores, logo adiante capins altos balançam ao vento, acolá arroios e barragens, estas formam espelhos d’água que refletem o céu imenso.

Recordo com especial encanto os campos nativos do norte do Uruguay, entre Tucumán e Salto. 

Nesta região, ainda preservada, posso dizer que senti toda a grandeza do Pampa e dos verdadeiros gaúchos, os peões de estância.

Não basta "cultivar a tradição gauchesca", antes é preciso preservar o Pampa, querência amada, mas tão devastada pelo agronegócio...

Porto Alegre, 19 de junho de 2019.

Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra

terça-feira, 18 de junho de 2019

O Pato, o Marreco e o Tucano


Era uma vez um marreco de mar e ingá, que achou um pato amarelo na avenida do pau e lista.

Pato era um patinho amarelo metido a grande vítima dos coletores de milhões.

Na verdade, o que Pato Amarelo queria mesmo era voar para Miami e boiar em banheira de hidromassagem de hotel...

Marreco de Mar e Ingá ouviu o choro do Pato Amarelo e pensou rápido:

- Vou faturar uns milhões com esse Pato Amarelo!

Arrastou suas asinhas e soprou no ouvido do Pato Amarelo:

- Bota um "ovo de serpente" na cabeça desse coletor de milhões...

O Pato, pateta, não entendeu a metáfora e grasnou:

- Quac?!!

- Modo de falar, meu patinho... faz assim: bota a culpa naquele Sapo Barbudo que fica coaxando no Lago Paranoá, em Bras Ilha, aí vai ganhar uns milhões pra poder viajar pra Miami.

- Quac... será que funciona?

- Claro que funciona! Basta falar com o Tucano Bicudo pra roubar uns ovos e botar no triplex do Sapo Barbudo.

- Tudo combinado com o Tucano Bicudo, que roubou os ovos, mas não resistiu ao seu apetite de ave de rapina e comeu todos.

Para não perder a viagem para Bras Ilha, Tucano Bicudo botou umas laranjas no triplex do Sapo Barbudo.

Sapo Barbudo foi obrigado a sair do Paranoá, indo parar no Paraná, onde, de quando em vez, ainda emite seu coaxar.

Foi depois disso que surgiu o "Pato com Laranjas", prato muito apreciado por caçadores, amantes de armas e de patos.

Depois do sucesso desta receita, Marreco de Mar e Ingá foi nadar no Paranoá, sempre relembrando ao Tucano Bicudo:

- Eu nunca gostei de engolir  Sapo Barbudo, prefiro apreciar um "Pato com Laranja"...  

Moral da Fábula: em Bras Ilha, ninho de serpentes, tucano não come ovos, prefere "pato com laranja".

Porto Alegre, 18 de junho de 2018.

Imagem: Google

Edu Cezimbra




segunda-feira, 17 de junho de 2019

Só a ficção nos salva

"Só a ficção nos salva." 

A afirmação categórica é de um historiador, pasme!

O que Tzvetan Todorov quer dizer com isso?

Arrisco um palpite: essa frase não termina com ponto final, mas com três pontos...

E não são reticências, mas aqueles pontinhos para completar a frase.

"Só a ficção nos salva"...

- da imbecilização?

- da superespecialização?

- da unilateralidade?

- da desumanização?

No contexto dado por Todorov, todas as alternativas estão corretas, mas... eu acrescentaria mais uma, diante da  crise que nos metemos:

- Só a ficção nos salva... - de nós mesmos!

Digo isso baseado em outra frase de Tzvetan Todorov:

"Talvez por não sabermos, hoje em dia, o que ainda não está em crise." 


Porto Alegre, 17 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra


Música Acústica


Gotas de chuva caindo
nas folhas das árvores
geram  música acústica,
meu chapéu ajuda a percussão.

O chão exala um perfume de terra molhada.

Porto Alegre, 16 de junho de 2019.

Imagem: Ricardo Espinheira, Google

Edu Cezimbra

domingo, 16 de junho de 2019

Trilhos da Memória

Antiga Estação de Severino Ribeiro, Quaraí, RS. A solidão se faz presente em quase todas as estações do ramal de Quaraí. Neste caso,mais ainda, pois o velho prédio da estação está em ruínas. Mesmo estando em uma área bem isolada, ali existia uma bilheteria, a parada nessa estação era facultativa, o que significa muito provavelmente que a estação já havia sido fechada há muito tempo.O pátio possuía um triângulo de reversão, com a estação bem em frente ao lado reto do triângulo. Os guias Levi ainda acusam a passagem de trens pelo ramal em 1979. Já os guias de horário da RFFSA não acusam mais esses trens em 1982. ( Memória Ferroviária da VFRGS)


Meu avô materno, finado João Sejanes, que Deus o tenha, teve um armazém nesta estação isolada no Pampa.

Guardo na memória muitas histórias dele, da minha mãe e de meus tios de como era a vida deles neste rincão esquecido do mundo.

A família Sejanes residiu e trabalhou em Severino Ribeiro, de 1940 em diante, até que se mudaram para Porto Alegre.

Um temporal arrancou o telhado da casa e do depósito do armazém com arroz, erva-mate, feijão, farinha, causando perda total para meu avô.

O sal para o gado bovino chegava em grande quantidade nos vagões de carga do ramal de Quaraí, para depois ser transportado em carretas para as estâncias ao redor da Estação de Severino Ribeiro.

Não havia estradas, mas corredores, por onde as carretas de bois passavam rangendo seus eixos levando o sal para Estância do Rochedo, Estância São Fernando, Estância do Remanso.

O armazém ficava atrás da estação, separados por um corredor.

Para situar os quaraienses, a Estação de Severino Ribeiro ficava entre as estações de Rivadávia Correia e Baltasar de Brum.

Situo, porque quando estive em Quaraí, cerca de um ano atrás, perguntei aos moradores mais antigos e nenhum lembrava da Estação de Severino Ribeiro.

Meu avô morreu em 1981, em sincronicidade com a extinção do ramal de Quaraí, por onde tanto viajou.

Com eles morreram distritos, vilas e cidades por onde deixaram de cruzar os trens.

Já não há mais trilhos em Severino Ribeiro, o que não nos impede de seguirmos os trilhos da memória, em honra de nossos avós e pais.

Porto Alegre, 16 de junho de 2019.

Imagem: foto de Gunnar Gil

Edu Cezimbra

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Greve Geral


"O que eu explico pro meu patrão?!"


Patrão
Vou explicar 
Minha situação

Patrão 
Vou expurgar
Minha situação

Patrão
Vou expiar 
Minha situação

Patrão
Vou excomungar 
Minha situação


Porto Alegre, 14 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Revoltas, revoluções e reviravoltas


A História mostra que a revolta é uma revolução com volta, por assim dizer.

Depois de muita balbúrdia e vandalismos os revoltosos voltam para casa menos revoltados.

Já a revolução é uma revolta sem volta, seguindo a mesma lógica.

Depois de muita balbúrdia e vandalismos os revoltosos vão para o palácio, também menos revoltosos.

Há outro fato histórico, pouco estudado: as reviravoltas. Se usarmos as mesmas categorias políticas podemos dizer que a reviravolta é uma revolução sem revolta.

A reviravolta acontece quando menos se espera, por isso não é estudada pelos cientistas políticos.

Vai daí que a reviravolta é uma revolução sem revolta, - não há revolta aparente, mas uma revolução silenciosa. 

Diferentemente das revoltas e das revoluções que exigem multidões, as reviravoltas são causadas por um indivíduo que ousa sair do convencional.

Uma mulher negra que recusa ceder seu assento no ônibus para um homem branco nos EUA causou uma reviravolta nos direitos civis norte-americanos.

Alguém de dentro de uma instituição que, enojado com tantas conspirações abjetas, resolve entregar conversas clandestinas para um jornalista íntegro disposto a escancarar a verdade para os cidadãos.

Quando revoltas não resolvem e revoluções não acontecem, há muitos exemplos de atitudes individuais ou de um pequeno grupo de pessoas que geram reviravoltas históricas, felizmente.

Já diz o dito popular: "as voltas que o mundo dá"...


Porto Alegre, 13 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

O Verbo e a Verba


No princípio era o Verbo
E o Verbo se fez vergonha

No princípio era o Verbo
E o Verbo se fez verborragia

No princípio era o Verbo
E o Verbo se fez verba

Porto Alegre, 13 de junho de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Círculo social



A convivialidade permitiu à humanidade sobreviver por milênios, aliás, é condição “sine qua non”  para a nossa humanidade.

O círculo é a forma ancestral de acolhimento. Permite que todos se olhem e se sintam participantes da comunidade.

Talvez, venha daí a expressão "circulação das ideias".

O círculo vicioso (mas sempre círculo) é onde as ideias não se renovam, o que nos leva a andar em círculos, quando o que precisamos é sentar no círculo.

Eis aí a função do círculo: fazer com que as pessoas não se sintam perdidas, andando em círculos.

Em um mundo tão enquadrado nada melhor que sair do seu quadrado e entrar no círculo de todos.


Porto Alegre, 12 de junho de 2019.

Imagem: bosquímanos, Sebastião Salgado

Edu Cezimbra

terça-feira, 11 de junho de 2019

Fusca Primaveril





















Porto Alegre, 11 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Design: Canva

Edu Cezimbra

Guernica em Paris



Um oficial alemão do exército de ocupação nazista da França visita o ateliê do então já célebre pintor Picasso, em Paris, e pergunta sobre o painel Guernica: "você que fez isso?" - "não, foram vocês" -, fulminou Picasso.

Porto Alegre, 11 de junho de 2019.

Imagem: arquivo pessoal

Edu Cezimbra


segunda-feira, 10 de junho de 2019

Tragicomédia brasileira

O cavaleiro diabólico que apareceu a Lino Pedra Verde (legenda do livro "A Pedra do Reino") 






Quando os tempos são muito difíceis, a esperança de salvação é depositada em um herói ou em um deus.

Heróis tem efeitos colaterais graves, entre eles, o fascismo, - que o digam os romanos...

O herói ou semi-deus é um mito arcaico. Se este mito é clássico, tudo bem.

Agora, se este "mito" é transferido para um político, aí sai de baixo, que o fascismo vem de roldão...

Quem conhece mitologia grega sabe bem que heróis tem vida curta e trágica.

Se a tragédia se restringisse ao "mito", vá lá... acontece que a tragédia é grega.

O povo, que sofre com heroísmos, sabe:

- Não olha agora, mas lá vem aquele louco metido a "mito". Tomara que não nos veja, senão vem pedir nossos votos prometendo a salvação...

Este povo sabido - por ressabiado -, não vai atrás dos sacerdotes dos templos, sempre dispostos a apoiar "mitos" que lhes rendam fiéis e, especialmente,  dízimos.

O povo que acredita nos sacerdotes tem  esperança de salvação através de um mito heroico ou divino, mas a julgar pelas consequências trágicas desta crença  parece mais um desejo inconsciente de danação eterna.

Se a história se repete como farsa, segundo Marx, no Brasil, ela acontece como tragicomédia...


Porto Alegre, 10 de junho de 2019.

Imagem: desenho de Ariano Suassuna

Edu Cezimbra

domingo, 9 de junho de 2019

Debaixo do Equador

Eu a vi

Não foi nos
EUA


Eu a vi
Não foi na
Europa

Eu a vi
Debaixo do
Equador


Porto Alegre, 9 de junho de 2019.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

sábado, 8 de junho de 2019

Breve história da proibição da erva-mate

A definição da erva-mate pelo antropólogo Lévi-Strauss como “amarga e cheirosa ao mesmo tempo, como uma floresta inteira concentrada em algumas gotas” diz de uma forma poética muto das qualidades desse chá,  “considerando-o como um rito social e vício privado”.
livrodrogasEm seu livro Filtros, Mezinhas e Triacas: as drogas no mundo moderno, tese de mestrado do historiador Henrique Carneiro, de onde extraímos a poética definição da erva-mate, há uma breve história da proibição do consumo do mate que vale muito destacar: O mate foi proibido em 1596, por Hernandárias, governador da Província do Paraguai. Mas a proibição em nada impediu a propagação do vício, que  o governador Diogo Marín Negrón denunciava nos seguintes termos ao rei da Espanha: “Há nesta governação, geralmente em homens e mulheres um vício abominável e sujo, que é tomar algumas vezes ao dia a erva com grande quantidade de água quente, com gravíssimo dano do espiritual e temporal, porque tira totalmente a frequência do Santíssimo Sacramento e faz aos homens preguiçosos”.
O referido historiador traz em sua tese de mestrado as obrigatórias informações cientícas: ” O Ilex paraguaienses, como o nome científico expressa, tem origem no Paraguai, ” Além disso aponta a origem da palavra mate como quechua, significando cabaça (no sul do Brasil chamada de cuia). Os guarani chamam o mate de caa.
Também chamada de “erva missioneira” por ser o produto de maior consumo nas missões jesuíticas no Paraguai,, Uruguai, Argentina e sul do Brasil, desde o século XVII.
Em que pese a proibição e muito por causa dela, conta-nos Henrique Carneiro que os jesuítas “com a instalação da Província da Companhia de Jesus do Paraguai açambarcaram toda a produção do mate, recebendo em 1645 a licença oficial para o comércio e mantendo, desde então, um monopólio que durou até 1767”.
Eduardo Sejanes Cezimbra
Publicado originalmente em Ecologia dos Saberes 
Porto Alegre, 8 de junho de 2019.
Imagem: arquivo pessoal
Edu Cezimbra

Verde que te quero verde



O Facebook me lembra de um feriado , em 2015, na Praia do Rosa.

Recordo que na volta para casa, demos uma parada para almoçar com amigos na Praia Gaúcha, em Torres, depois uma visitada ao CEBB Caminho do Meio, para finalmente chegar na Ponta da Cuíca, em Belém Novo, bairro do Extremo Sul de Porto Alegre.

Enfim, um roteiro em meio à matas preservadas é revigorante e alentador, diante de tantas torres de concreto em nossas praias e cidades.

Para quem mora no meio do mato, todo dia é verde, - que te quero verde!


Porto Alegre, 8 de junho de 2019.

Foto: arquivo pessoal

Edu Cezimbra