A definição da erva-mate pelo antropólogo Lévi-Strauss como “amarga e cheirosa ao mesmo tempo, como uma floresta inteira concentrada em algumas gotas” diz de uma forma poética muto das qualidades desse chá, “considerando-o como um rito social e vício privado”.
Em seu livro Filtros, Mezinhas e Triacas: as drogas no mundo moderno, tese de mestrado do historiador Henrique Carneiro, de onde extraímos a poética definição da erva-mate, há uma breve história da proibição do consumo do mate que vale muito destacar: O mate foi proibido em 1596, por Hernandárias, governador da Província do Paraguai. Mas a proibição em nada impediu a propagação do vício, que o governador Diogo Marín Negrón denunciava nos seguintes termos ao rei da Espanha: “Há nesta governação, geralmente em homens e mulheres um vício abominável e sujo, que é tomar algumas vezes ao dia a erva com grande quantidade de água quente, com gravíssimo dano do espiritual e temporal, porque tira totalmente a frequência do Santíssimo Sacramento e faz aos homens preguiçosos”.
O referido historiador traz em sua tese de mestrado as obrigatórias informações cientícas: ” O Ilex paraguaienses, como o nome científico expressa, tem origem no Paraguai, ” Além disso aponta a origem da palavra mate como quechua, significando cabaça (no sul do Brasil chamada de cuia). Os guarani chamam o mate de caa.
Também chamada de “erva missioneira” por ser o produto de maior consumo nas missões jesuíticas no Paraguai,, Uruguai, Argentina e sul do Brasil, desde o século XVII.
Em que pese a proibição e muito por causa dela, conta-nos Henrique Carneiro que os jesuítas “com a instalação da Província da Companhia de Jesus do Paraguai açambarcaram toda a produção do mate, recebendo em 1645 a licença oficial para o comércio e mantendo, desde então, um monopólio que durou até 1767”.
Eduardo Sejanes Cezimbra
Publicado originalmente em Ecologia dos Saberes
Porto Alegre, 8 de junho de 2019.
Imagem: arquivo pessoal
Edu Cezimbra
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