"O passado estava fora do alcance, o futuro fora adiado e o presente era amargo."Calma, caro e raro leitor, não se trata de uma frase sobre o Brasil, como parece, mas de uma afirmação do historiador Eric Hobsbawn, no livro "A Era dos Extremos".
"O passado fora do alcance"... Como assim?!!, perguntará o meu atento leitor...
Explico (que pretensão): essa afirmação deve ser contextualizada ao período pós-guerra de 1914-1918, a "Grande Guerra".
A Europa ( e todo o mundo, por tabela) encontrava-se atolada em uma grave crise econômica, resultado dos altos custos desta guerra total.
O passado fora do alcance era o passado de paz que propiciou prosperidade para as nações europeias.
Aí fica fácil entender o "futuro adiado" e o "presente amargo", não?
Em que pese a gravidade da sentença hobsbawniana, atenho-me às suas qualidades literárias indiscutíveis.
Desde já, aproveito para indicar a leitura da "Era dos Extremos", um livro instrutivo e empolgante para quem gosta de história e tenha imaginação.
Diferente das outras "priscas eras", que Hobsbawn disseca com rigor acadêmico exaustivo para o leitor comum.
Agora, aqui para nós, se a frase fosse descontextualizada caberia como uma luva na mão pesada da atual situação brasileira...
Provavelmente, Millôr adaptaria a citação, com seu humor ferino:
" O Brasil tem um grande passado pela frente, um futuro do pretérito e um presente de grego, que é o desgoverno Bolsonaro", - arrisco eu, com o benefício da dúvida, já que o genial humorista não mais se encontra entre nós, embora possa se remexer no caixão (assim como Hobsbawn)...
Porto Alegre, 26 de junho de 2019.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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