Antiga Estação de Severino Ribeiro, Quaraí, RS. A solidão se faz presente em quase todas as estações do ramal de Quaraí. Neste caso,mais ainda, pois o velho prédio da estação está em ruínas. Mesmo estando em uma área bem isolada, ali existia uma bilheteria, a parada nessa estação era facultativa, o que significa muito provavelmente que a estação já havia sido fechada há muito tempo.O pátio possuía um triângulo de reversão, com a estação bem em frente ao lado reto do triângulo. Os guias Levi ainda acusam a passagem de trens pelo ramal em 1979. Já os guias de horário da RFFSA não acusam mais esses trens em 1982. ( Memória Ferroviária da VFRGS)
Meu avô materno, finado João Sejanes, que Deus o tenha, teve um armazém nesta estação isolada no Pampa.
Guardo na memória muitas histórias dele, da minha mãe e de meus tios de como era a vida deles neste rincão esquecido do mundo.
A família Sejanes residiu e trabalhou em Severino Ribeiro, de 1940 em diante, até que se mudaram para Porto Alegre.
Um temporal arrancou o telhado da casa e do depósito do armazém com arroz, erva-mate, feijão, farinha, causando perda total para meu avô.
O sal para o gado bovino chegava em grande quantidade nos vagões de carga do ramal de Quaraí, para depois ser transportado em carretas para as estâncias ao redor da Estação de Severino Ribeiro.
Não havia estradas, mas corredores, por onde as carretas de bois passavam rangendo seus eixos levando o sal para Estância do Rochedo, Estância São Fernando, Estância do Remanso.
O armazém ficava atrás da estação, separados por um corredor.
Para situar os quaraienses, a Estação de Severino Ribeiro ficava entre as estações de Rivadávia Correia e Baltasar de Brum.
Situo, porque quando estive em Quaraí, cerca de um ano atrás, perguntei aos moradores mais antigos e nenhum lembrava da Estação de Severino Ribeiro.
Meu avô morreu em 1981, em sincronicidade com a extinção do ramal de Quaraí, por onde tanto viajou.
Com eles morreram distritos, vilas e cidades por onde deixaram de cruzar os trens.
Já não há mais trilhos em Severino Ribeiro, o que não nos impede de seguirmos os trilhos da memória, em honra de nossos avós e pais.
Porto Alegre, 16 de junho de 2019.
Imagem: foto de Gunnar Gil
Edu Cezimbra
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