"Um criminoso bem-sucedido torna-se deputado para fazer da imunidade parlamentar garantia de impunidade."
Essa frase bombástica, proferida por um suplente de deputado federal, acusado de vários crimes, ao assumir a vaga na Câmara de Deputados, foi o estopim do movimento "Impunidade ampla, geral e irrestrita" que ganhou as ruas do país.
Logo após o deputado escancarar a sua principal motivação, vários setores organizados da sociedade reuniram-se para lançar a campanha que contagiou a nação.
Primeiro foram partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicatos que puxaram palavras de ordem, a exemplo de #ImpunidadeJá.
A seguir, empresários ligados a setores de grandes obras faraônicas também arrecadaram fundos para uma campanha publicitária nos principais canais de televisão.
Publicitários não tiveram maiores dificuldades de escolher o mascote da campanha: um enorme tucano azul e amarelo deitado em uma cadeira de piscina tomando um refresco.
Após a maciça campanha, a cada vez que se prendia um deputado, senador ou empresário, as sacadas de edifícios de zonas nobres das cidades brasileiras enchiam-se de batedores de panelas indignados exigindo a libertação do acusado.
Um cientista político teve sua declaração viralizada nas redes sociais: "Urge democratizar a impunidade".
Foi um passo para aparecerem muros da periferia pintados com frases de efeito: Arroz, fast food, saúde e impunidade", "impunes unidos jamais serão vencidos", etc...
"Nunca antes nesse país se viu um pobre escapar da prisão", discursou o candidato do Partido dos Trancafiados, subindo ainda mais nas intenções de voto para presidente.
Um outro candidato, deputado acusado de um "suposto enriquecimento ilícito", a princípio tentou fazer a demagogia de garantir acabar com a impunidade.
Diante da queda nas pesquisas de opinião, logo mudou o discurso afirmando que " a impunidade sempre foi a minha principal motivação patriótica".
Dá para entender a baixa rejeição à campanha tão polêmica quando um jurista afirma que o direito a impunidade é uma garantia para o país seguir crescendo.
Até as corporações policiais e militares aderiram ao movimento com a alegação que seus salários não compensavam os riscos de sair prendendo vagabundos (sic)...
Para se ter noção do êxito do movimento "Impunidade Já", A PEC 171 foi votada em regime de urgência e aprovada por maioria absoluta na Câmara e no Senado e agora vai para a sanção presidencial.
Nukus Dus Outrus, correspondente estrangeiro.
Porto Alegre, 8 de janeiro de 2018.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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