"O medo. O medo está ali presente, maciço e estúpido, e não se esconde. Fogo no rabo e não se poder correr. Apenas alguma coisa se pode contra ele: recusá-lo; uma carta enviada pelo diabo e que se recusa. "
Georges Arnaud, no livro "O Salário do Medo", discorre com propriedade sobre o medo em uma situação explosiva.
Afinal, transportar nitroglicerina em um caminhão é literalmente uma situação explosiva.
Longe de mim querer assustar meu caro e raro leitor, portanto falarei figurativamente do medo.
Há quem tenha medo do salário mínimo, há quem tenha medo de perder o salário...
Muitos se submetem a trabalhos perigosos para conseguir um bom salário, tanto que muitos morrem por ele.
O medo é recusado, escreve George Arnaud, porém estará sempre à espreita.
Sabemos que o medo é instintivo, o instinto de sobrevivência é forte, com instintos não se discute.
Então é preciso recusá-los e o risco da recusa é aguçar Tânatos, a pulsão da morte.
Inegavelmente, vivemos tempos perigosos por conta da situação explosiva como sabem os que ainda mantém o instinto de sobrevivência...
No fim, o medo da morte não é a morte do medo, embora a recusa...ou melhor, "enquanto há esqueleto há esperança", escreve sarcasticamente, Georges Arnaud.
Porto Alegre, 28 de dezembro de 2023.
Imagem:cena do filme "O Salário do Medo"
Edu Cezimbra
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