Fui um guri apartado dos outros guris e gurias, por forças das circuntâncias, por volta dos meus onze anos.
Fui morar em uma escola em um bairro pobre e pelo isolamento social imposto pelas abissais diferenças culturais descobri as bibliotecas.
Nosso quarto improvisado era uma sala de aula ao lado da biblioteca da escola.
Escrevo bibliotecas porque, nesse ínterim, também descobri e vasculhei cada estante da biblioteca da escola onde cursava o ginasial.
Gosto de lembrar desta como uma grande biblioteca em que me era permitido o acesso, graças à sensibilidade da professora responsável.
Recordo que saía da escola em direção à escola onde morava com a mochila recheada de livros.
Eram dois ou três romances que eu devorava em um fim-desemana.
Compensava dessa forma o isolamento social com muitas leituras que alargavam a minha visão de mundo.
A propósito, meu caro e raro leitor, se tiveres que permanecer em isolamento social, fica a dica...
Já disse um escritor: uma biblioteca livraria muita gente da prisão.
Porto Alegre, 3 de maio de 2021.
Imagem: IEEOA, Facebook
Edu Cezimbra
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