Era uma condenação: re-pe-ten-te.
Repetente era quem rodava, não passava de ano.
O ano passava, o repetente não...
O boletim escolar era digno de um colorado.
Depois de cair na vida de forma tão vergonhosa restava ao repetente resignar-se.
Repetia o ano, escolar, bem entendido...
O repetente tinha que aturar todo o currículo escolar já visto, de novo...ou pior, mais uma vez...
Embora, o repetente, que me lembre, não se incomodava com isso.
Já que não se interessava pelas aulas e lições de casa, que dirá estudar para as sabatinas, pouco se lhe dava rodar.
Para o repetente o ano escolar era uma repetição monótona...
Seria um equívoco generalizar, muito repetente não era burro, era rebelde.
Eu, confesso, embora não morresse de amores pelos bancos escolares, nunca rodei na escola, nem na faculdade.
A minha maior motivação era não passar por tudo aquilo mais uma vez...
Ao repetente havia a opção, muito popular, de não voltar à escola.
O que, convenhamos, era um atestado do quanto a escola era - e é -, repetitiva.
Porto Alegre, 24 de maio de 2021.
Imagem: Picasso, Pinterest
Edu Cezimbra
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