“Na sociedade em que tudo se pauta pela exibição midiática desaparece o pudor, atestando-se o enfraquecimento do sentimento de vergonha ligado à norma moral.”
Lendo as últimas notícias da política brasileira surgiu-me a necessidade de encontrar palavras para entender a situação.
Como já disse em outra crônica, gosto de reler números antigos de revistas ou jornais para confirmar a atualidade do tema em pauta.
A citação acima foi extraída de um artigo da filósofa Olgária Matos intitulado “A democracia moderna e a estética da moeda” para um dossiê da revista Cult, de 2011, “Mídia e Poder”.
De uma atualidade perturbadora o referido artigo. Quando leio as notícias políticas veiculadas pela mídia comercial brasileira as palavras que me ocorrem são mesmo despudor, sem-vergonhice, além de canalhice, deboche, escárnio e desprezo pelo jornalismo sério pautado pela investigação isenta e pela apuração da veracidade dos fatos.
Uma coisa é notável: não se pode falar mais em “forças ocultas” na conspiração contra governos democraticamente eleitos. Hoje, pode-se dizer que são “forças saídas do armário”, movidas por uma determinação férrea, “heróica”, de acabar com a corrupção (sempre atribuída a outros).
Até aí nenhuma novidade: o “combate à corrupção” sempre foi mote para a derrubada de governos de esquerda, para implantação de ditaduras militares e agora para governos neoliberais radicais.
Sempre chama a atenção a reincidência do passado como arma para justificar os atos no presente.
Na política esse é um recurso sempre presente nos debates partidários.
- Porque a corrupção ( tema preferido dos corruptos) foi comprovada nos governos de esquerda.
- E a corrupção nos partidos de direita?
- Não vem ao caso (“seletividade”)...
Nesse caso descarado de “seletividade”, o passado é preterido para manter o presente do pretérito (tempos passados não movem o presente quando tratados na forma de manipulação da história).
Desta forma, o passado é uma herança das elites para matar o futuro.
- Mas (bem espichado este mas) não podemos esquecer que os governos de esquerda foram corruptos.
- Não esqueça que o caixa-2 era praticado por todos os partidos...
- Maaas o “molusco” foi condenado!!!
E, assim, a farsa prossegue e ai de quem reclamar da “justiça” como estado de exceção.
- Tem que respeitar para ser respeitado!
- Sei, embora o desrespeito à legalidade seja uma prática do passado recuperada no presente de maneira despudorada e desavergonhada.
Na política esse é um recurso sempre presente nos debates partidários.
- Porque a corrupção ( tema preferido dos corruptos) foi comprovada nos governos de esquerda.
- E a corrupção nos partidos de direita?
- Não vem ao caso (“seletividade”)...
Nesse caso descarado de “seletividade”, o passado é preterido para manter o presente do pretérito (tempos passados não movem o presente quando tratados na forma de manipulação da história).
Desta forma, o passado é uma herança das elites para matar o futuro.
- Mas (bem espichado este mas) não podemos esquecer que os governos de esquerda foram corruptos.
- Não esqueça que o caixa-2 era praticado por todos os partidos...
- Maaas o “molusco” foi condenado!!!
E, assim, a farsa prossegue e ai de quem reclamar da “justiça” como estado de exceção.
- Tem que respeitar para ser respeitado!
- Sei, embora o desrespeito à legalidade seja uma prática do passado recuperada no presente de maneira despudorada e desavergonhada.
Tudo indica, que no Brasil, Marx teria que admitir que a farsa se transformou em tragédia onde o povo “paga o pato”.
Portanto, está na hora de tocar o "Boré", instrumento de sopro indígena que convocava a nação Tupi para se defender do inimigo, atualizado pelo cartunista Laerte.
Porto Alegre, 13 de fevereiro de 2018.
Imagem: ilustração de Laerte para a "Oboré"
Edu Cezimbra
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