quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O Crocodilo e o Hipopótamo


 

Um faminto crocodilo espreitava a margem de um rio caudaloso esperando a travessia de um bando de gnus.

Ao ouvir o tropel ruidoso dos gnus, começou a nadar para o meio do rio, quando, de repente, bateu com as fuças em alguma coisa muito dura.

- De onde saiu esta pedra grande? Não estava aqui ontem, como veio parar no meio do rio?!!

Um hipopótamo, assustado com a narigada do crocodilo, perguntou, abrindo a bocarra:

- De onde saiu esse tronco de árvore pontiagudo, será que tem enchente a montante do rio?!

O crocodilo, irritado, gritou com o hipopótamo:

- Sai da frente, barril de banha, encalhado aí vais me fazer perder a refeição que se aproxima a galope.

- Veja como fala, pau d'água enrugado - retrucou furioso o hipopótamo escancarando a bocarra assustadora.

Quando viu o tamanho da boca do hipopótamo, o crocodilo bateu instintivamente em retirada, gritando:

- Acabo de lembrar que esqueci a escova de dentes e o fio dental para usar depois do almoço - tentou desculpar-se, humilhado, o crocodilo.

- Sei, mas aqui neste rio não tem almoço grátis, vai e não volta nunca mais - escarneceu o possante hipopótamo.

- Antes a barriga vazia do que cortada ao meio...- conformou-se o esfaimado crocodilo.

Moral da fábula: em rio que tem hipopótamo, crocodilo não nada de barriga cheia.


Porto Alegre, 23 de setembro de 2020.

Imagem:Google

edu cezimbra

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