sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A Zona



A “Zona” não era zona, era a nossa “quadra”, que não era quadra de esportes, era o quarteirão, na verdade era uma rua do quarteirão.

Tanto que a outra rua, parte do quarteirão, já não era da “zona”.

Havia uma rivalidade tribal entre as ruas.

A “nossa zona” era mais que uma “quadra”.

Tinha “aliados” de outras ruas, todas próximas, que se juntavam na disputa territorial.

Não eram as gangues de Nova Iorque, nem milícias de Nova Iguaçu, mas eram “da zona”.

Quem não era da zona era revistado quando ousava cruzar a fronteira.

Havia patrulhas organizadas que corriam com espada de plástico os invasores.

Obviamente era tenso para seus defensores penetrar o “território inimigo”.

Também sofríamos retaliações quando nos aventurávamos até a praça ou mesmo quando dávamos voltas na quadra disputanto corridas com carros de brinquedo cheios de pedra para não “capotar”.

Outra coisa, a zona mesmo, das “putas ricas” era ao lado, mas era conhecida por “chinaredo”…

As “putas pobres” ficavam do “outro lado dos trilhos”.

Só por isso esta crônica não se chama “Memórias das minhas putas pobres”. mas por pouco, muito pouco mesmo...


Porto Alegre, 26 de setembro de 2020.

Imagem: cena de "A Guerra dos Botões", Google

edu cezimbra

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