Existem Romeus e Julietas brasileiros, bem como como mexicanos, colombianos, argentinos, enfim, são universais.
São os amantes apaixonados que povoam o mundo com seus casos e ocasos.
O caso de Fidélia, viúva jovem e bela, chama a atenção do conselheiro Aires.
A simpática personagem de Machado de Assis conta em seu diário um destes casos e ocasos...
Convenhamos, nem tão dramático quanto a tragédia shakespereana, porém com mais verossimilhança, segundo Machado.
Ocorre que como conta o erudito conselheiro, viajado por dever de ofício, os de Verona afirmam que as famílias de Romeu e Julieta eram amigas ou, pior, saíram da cabeça fantasiosa de Shakespeare.
Para Machado, os seus Romeu e Julieta são mais convincentes que os amantes latinos de Verona...
Aqui para nós, Machado puxa brasa para o assado de seu conselheiro...
Como sempre Machado é cortante e aproveita para rachar a cabeça de Shakespeare, com o perdão do trocadilho infame.
Reforça que, aqui sim, no Brasil, temos a capacidade do ódio sem reconciliação, tais como os das famílias de Fidélia e seu falecido e para sempre lembrado esposo.
Felizmente, temos um conselheiro Aires que - embora exceção de classe -. declara: " não odeio nada, nem ninguém, - perdono a tutti, como na ópera".
Porto Alegre, 4 de outubro de 2022.
Imagem: Marc Chagall, Pinterest
Edu Cezimbra
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