sábado, 7 de novembro de 2015

Amores Brutos e os novos homens de Gaia


Há uma outra luz, muito nova e quase invisível, ainda, mas real entre os machos da espécie.
Transcendendo à matrix que é a cultura que os educa a serem durões e sempre vencedores, esses novos homens de Gaia apontam para o recentíssimo masculino saudável do planeta.
Criaturas poderosas mas amorosas, yang mas sensíveis, solares mas não reizinhos...
É deles que fala Eduardo Sejanes Cezimbra, facilitador da RETRANS, dentista homeopata, terapeuta floral e, aliás, um belo exemplar da nova espécie.



Em "Amores Brutos" (Amores Perros), Iñarritu termina seu filme com esta dedicatória: "Para Luciano. Porque também somos o que perdemos." Outro título mais antigo, "Os brutos também amam", dois filmes por demais apropriados para iniciarmos esta conversa virtual.
Aliás, nada melhor que um círculo virtuoso para se sair de um círculo vicioso...
Os "Amores Brutos" dos machos da espécie já são por demais conhecidos: posse, ciúmes, abandono, traições, dominação, controle, poder, crimes passionais, violência contra mulheres e crianças.
A rinha de cachorros em que um dos personagens de "Amores Brutos" coloca seu animal na busca do enriquecimento rápido é uma metáfora do ter que vencer a qualquer custo, para ganhar a menina através de objetos de desejo consumista... As meninas que adoram meninos maus (bad boys) são reforçadoras deste círculo vicioso... O tênis de marca, o boné, o vídeogame com muitas armas e mortes sangrentas vai dessensibilizando e tornando banal tanto o consumismo de produtos de grife, quanto a violência, "fáceis" de se obter e descartar...
Também as três estórias que acontecem separadamente em "Amores Brutos", até que se entrecruzem, nos alertam para estas interações ocultas que se precipitam em trágicos acidentes de trânsito, denunciando vidas desperdiçadas.

Ironicamente, apesar de adentrarmos o novo milênio clamando por Paz, os meninos ainda são treinados para serem durões, cabelos cortados rentes, militares, para se diferenciarem das meninas, ganhando a qualquer preço e sendo incentivados a conquistarem todas elas ao mesmo tempo.
Como se meninos fossem apenas isto!

As imagens e objetos que mobilizam este comportamento competitivo e beligerante são sempre fálicas, percebem?
Armas de fogo, revólveres, carabinas, metralhadoras, espadas, carros potentes, e um futebol furioso, atrás de meter uma bola no gol para derrotar seu adversário.
Mas você pode estar se perguntando: sim, e daí?

Daí, que, muitas das vezes, a grande dificuldade dos meninos é obterem esta permissão familiar e social para demonstrarem sentimentos como amor, compaixão, solidariedade.
- Este menino é estranho!
Daí, muito se reclama dos índices de violência. Lembrando, as taxas de mortalidade entre homens jovens por acidentes de carro e armas de fogo são altíssimas, (40% das mortes são de jovens homens entre 20 e 29 anos), bem como as taxas de gravidez indesejada entre meninas adolescentes.
Afinal, o que estamos estimulando mesmo em nossas crianças e nossos jovens?!
Há muitas explicações racionais para estes acontecimentos, mas prefiro buscar no inconsciente coletivo estas projeções arquetípicas. São mais poéticas mesmo!
Os mitos que os regem ainda são os de Zeus, Teseu, Marte, Hércules, todos misóginos, machistas chauvinistas, prepotentes, fascistas e traidores. Heróis impiedosos, com morte violenta, morrendo em nome da honra, sempre em nome de uma bandeira de guerra. E, para que se constelem, ou seja, para que se manifestem em surtos psicóticos, ignorem seus alertas, mormente seus aspectos positivos.
Mas haveria algum deus ou semi-deus que pudesse se elevar acima deste manjado thriller hollywodiano ou mesmo de "Amores Brutos"?
Pois acreditem, existe!
Os mistérios de Orfeu (ver também Oxumarê, Osíris) com sua lira em forma de coração, integrando seu lado feminino, capaz de encantar os animais, vejam só, o artista, antena da raça, tão maltratado nestes últimos séculos de racionalismo, os aedos, trovadores e cantadores... Estes cantores das tradições orais, oráculos do Amor, da União entre os opostos complementares - sem lutas, por favor, já basta!
Em síntese, ressensibilizar o homem é permitir-lhe o viço do Amor Universal, um coração aberto e receptivo ao "chi" cósmico, a energia da Vida.
Aprender o aikidô, sabendo que derrotar um inimigo é encarar a sua própria derrota, pois a luta rompe a sutil Unidade da Totalidade que é o Amor.
O Novo Homem de Gaia será o seu Orfeu, Oxumarê, Osíris, homem sensível, amoroso, compassivo, aquele que se viu na beleza da sua amada e para ela doou sua própria vida, capaz de descer aos infernos para a resgatar, sem se prender ao passado, seu erro fatal, o apego material que o faz olhar para trás em busca de sua amada Eurídice, pois:

T(E) = ARTE, TEMPO é ARTE!

Como já cantou nosso querido poetinha:

Soneto do amor total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Morais

Dedicado a meu Doce Amor, que soube lapidar este Amor Bruto.

Eduardo Sejanes Cezimbra
57 anos, dentista homeopata, terapeuta floral, hipnólogo e facilitador da RETRANS - Rede Transcultural  Holista/Main#Profile.aspx?uid=8949955234760262404
ecezimbra@gmail.com
PORTO ALEGRE/RS

Amores Perros/Trailer: http://br.youtube.com/watch?v=XToRtfQbeHg
Ilustrações: Edição de arte a partir de fotos de ADOBE IMAGES

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