"Se
queres a paz, prepara-te para a guerra" é a máxima vigente.
Por que motivo nunca se escreveu:"Se queres a guerra, prepara-te
para a paz"?..
Mas
haverá paz entre vencedores e derrotados, paz entre os militares sem
uma guerra? Um exército
sem guerra está em paz somente nos cemitérios militares onde
"descansam em paz" os seus heroicos soldados.
Haverá
paz enquanto houverem exércitos, indústria bélica, corrida
armamentista, fronteiras e bandeiras?
“Se
queres a paz, prepara-te para o amor”. O dito hippie e popular
“faça amor, não faça a guerra”diz muito sobre o necessário
salto de consciência para transcendermos a dicotomia guerra/paz.
Afora
o lirismo da expressão, sua potência reside no reconhecimento dos
pressupostos da paz, entre eles o amor. O cientista Wilhelm Reich,
que de lírico não tinha nada, escrevia sobre a potência do amor:
“Conhecimento, trabalho e amor natural são as fontes de nossa
vida. Deveriam também governá-la; e a responsabilidade total
deveria ser assumida pelos homens e mulheres que trabalham, em toda
parte».
O
“amor natural” a que Reich se refere é o que nos é negado por
um sistema moralista e hipócrita “sempre alerta”, feito
escoteiro da moral e bons costumes a coibir toda e qualquer
manifestação de amor natural em nome da “família tradicional”.
Justiça
social, direitos humanos, conhecimento, liberdade, solidariedade são
alguns dos pressupostos para a paz, sem eles o que há é uma paródia
de paz disfarçando o medo, a estagnação e a indiferença.
Aliás,
o ideograma chinês contrário à paz não é guerra, e sim
estagnação. Interessante, não? Os chineses tem na cosmovisão
taoista uma maneira muito própria de entender as aparentes
contradições através da geração do oposto complementar.
Mas,
note bem, pressupostos não são garantia totais de paz, afinal, quem
conhece história sabe que muitas sociedade e civilizações
relativamente pacíficas foram e ainda são invadidas, saqueadas e
devastadas por exércitos, armadas e piratas de estados
imperialistas.
E,
nem sempre a cultura garante a paz, como se viu na culta e educada
Alemanha dominada pelo nazismo. Então, voltamos ao bom e velho
Reich, que nos fala de uma peste emocional geradora do ódio, da
perversidade e do fanatismo e que é terreno fértil para as
ideologias totalitárias e belicosas.
Em
um momento como este em que o planeta se vê ameaçado por tantas
guerras, tragédias ambientais e humanitárias fica a pergunta:
Alegoria de Alexandre Machado sobre bandeira do "Pacto Röerich" |
E
se parássemos de guerrear conosco mesmo
haveria
a paz tão almejada?
A
paz tão decantada na bacia das almas...
A
paz apascentada feito ovelhas nos campos verdes...
A
paz de uma criança a dormir...alimentada.
Edu Cezimbra
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