segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Maquiavel Pós-moderno



Quando um presidente tenta ler "O Príncipe" do Maquiavel é porque tenta ser "maquiavélico".

Como o livrinho do Nicolau tem muitas palavras e pensamentos profundos acaba consultando seu apoiador, que é médium.

- Divago, preciso urgentemente que tu fale com o o tal do maquiavélico, que os meus ministros e assessores não estão dando conta.

Divago fecha os olhos, põe a mão nos olhos e começa a escrever freneticamente.

Seu auxiliar lê para o presidente as primeiras linhas psicografadas de Maquiavel: 

- "O Príncipe" não deve ser apenas bondoso, mas fazer o mal quando necessário.

O consulente balança a cabeça em aprovação...

- "O Presidente" não deve ser apenas "bodoso"... coaf...coaf...tosse o auxiliar constrangido.

- Não entendi isso daí - reclama o presidente.

Divago escreve mais uma frase:

- "O Presidente" não pode fazer só mal desnecessário sob pena de perder a cabeça!

O consulente vira as costas e bate em retirada sem se despedir...

- Presidente!... presidente!... Volte aqui!... Ainda não acabou a psicografia, tem mais: Maquiavel diz que a inteligência do presidente é medida pela escolha de seus ministros!

Como resposta, "o presidente" sai enfurecido, batendo a porta do centro espírita, para consternação de Divago e seu auxiliar.

Divago não consegue parar com a escrita automática e recebe uma mensagem de Shakespeare:  Hamlet não leu "O Príncipe"; Ricardo III leu e não entendeu nada e este presidente não tem cavalo que o salve.

Porto Alegre, 20 de janeiro de 2020.

Imagem: Superinteressante, Google

Edu Cezimbra






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