Para quem vive atarefado sempre é tarde, muito tarde, como diz o coelho do País das Maravilhas.
O coelho de Alice está sempre olhando o relógio, sempre correndo contra o relógio, como se atleta olímpico.
Agora, imagine se uma preguiça brasileira caísse no poço que leva ao País das Maravilhas...
Antes mesmo de Macunaíma, Machado de Assis já louvou a preguiça enquanto virtude, pasme!
Segundo o nosso expoente literário, a preguiça é virtude pelo fato de não fazer coisas erradas (para escândalo de Monteiro Lobato)...
O coelho do País das Maravilhas também ficará escandalizado com a preguiça brasileira.
- Vai trabalhar, vagabundo! - gritará injuriado , sem tirar os olhos do relógio.
Mas, não há diálogo possível entre o coelho e a preguiça, porque quando a preguiça responder, o coelho já irá longe.
Mesmo assim a preguiça pensará com seus bordões:
- Quando muito se faz, pensar é difícil... O trabalho empobrece o homem, trabalhar pra quê?...
A Rainha de Copas logo saberá, pelo coelho serviçal, que a preguiça se instalou no País das Maravilhas.
- Cortem-lhe a cabeça! - gritará, furiosa, preocupada com o PIB do reino.
- Impossível, Vossa Alteza, a preguiça está no alto da mais alta árvore do país - se apressará o coelho em alertar Sua Alteza.
- Cortem-lhe a árvore, então, seu coelho atarantado!
Deixo a conclusão para meu caro e raro leitor, porque me deu uma preguiça...
- Estão vendo? Não falei que a preguiça é uma virtude? - dirá Machado, com um risinho irônico.
Porto Alegre, 15 de outubro de 2020.
Imagem: cena de Zootopia, Google
edu cezimbra
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