Filme do cineasta pernambucano Cláudio Assis Amarelo Manga é dissonante.
A dissonância vem por ser uma história de gente pobre de Recife com a moldura de arranha-céus.
Uma pintura com tons de amarelo da manga e, digo mais, do canarinho.
As personagens que aparecem em "Amarelo Manga" são gente do povo, portanto verdadeiras.
Por isso, biliosas, nesta representação visceral do Brasil.
Não por acaso o nome do pardieiro onde moram alguns de seus decadentes personagens é Texas Hotel...
Uma Mercedes-Benz antiga, amarelo manga, estacionada na esquina do Texas Hotel conduz seu perverso motorista, inquilino involuntário de um de seus quartos sórdidos.
Outro lugar emblemático é o boteco da esquina onde uma ruiva é o arquétipo de Afrodite entre clientes pardos e negros.
A periferia brasileira tem sua economia e a Mercedes amarelo manga circula numa Mumbai brasileira em tráfego caótico.
O matadouro é outro espaço emblemático onde o sangue do gado jorra para saciar a fome dos moradores do Texas Hotel.
Entre os assédios sexuais à ruiva do boteco, violação de cadáver, velório com carpideiras, cultos apoteóticos de crentes acontece a traição imperdoável.
É aí que a tchucuca vira loira tipo amarelo manga...
Porto Alegre, 20 de agosto de 2022.
Imagem:cartaz do filme, Google
Edu Cezimbra
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