"Era um país onde imperava a ignorância, mesmo entre os mais abastados: de cada dez pessoas, somente uma sabia ler. E onde a tensão social era altíssima. Dois terços da população brasileira eram formados de escravos, privados de direitos e sobrevivendo a maus-tratos. Aliás, há quem defenda a tese de que a elite colonial somente se uniu em torno de D. Pedro por medo de ver a população escrava se insurgir."
Laurentino Gomes, neste breve trecho de "1822", retrata a situação do Brasil, no ano da sua Independência.
De lá para cá, o que mudou, no país?
Pergunta retórica, pois para qualquer pessoa minimamente informada, nada mudou.
A elite é colonial no seu modo de ser.
A maioria da população (incluindo a elite) é inculta, baseando seus juízos na heteronomia.
Uma fase pré-kantiana, portanto, já que inexiste o imperativo categórico, que em resumo de Bárbara Freitag, reza: "age de tal modo que a máxima de tua vontade possa sempre valer simultaneamente como um princípio para uma legislação geral".
Como sabem os estudantes de filosofia, Kant baseia sua razão prática na dignidade da pessoa, o que, no Brasil, não é um imperativo categórico, já que vigem, ainda, os princípios autoritários da opressão social e da repressão policial.
Portanto, neste 7 de setembro, que se comemora a "independência" do Brasil, mais que a dívida de Portugal paga por D. Pedro I à Inglaterra, o que falta pagar é esta estratosférica dívida social, que a cada dia aumenta.
Já cantava o Hino da Independência, com a música composta pelo imperador: "brava gente brasileira, longe vá temor servil".
Não entenderam a máxima de Evaristo da Veiga...
Porto Alegre, 7 de setembro de 2019.
Imagem: Debret, Google
Edu Cezimbra
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